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- Eu gostaria que cada jurado asseverasse o seu veredicto. uma um , eles se levantaram. - O veredicto lido foi o seu veredicto? - E depois de cada um ter afirmado que sim, a juíza Williams disse: - O veredicto será registrado e incluído nos autos. - Ela prosseguiu: - Devo agradecer ao júri o tempo dedicado e o serviço prestado neste caso. Estão dispensados. Amanhã, o tribunal acolherá a questão da sanidade.

David ficou sentado, entorpecido, vendo Ashley ser levada embora.

A juíza Williams se levantou e foi para o seu gabinete sem olhar para David. Sua atitude mostrou-lhe mais claramente do que palavras qual seria a sua decisão pela manhã. Ashley seria condenada à morte.

Sandra telefonou de São Francisco.

- Você está bem, David?

Ele tentou se mostrar animado.

- Estou. Estou óptimo. Como você está se sentindo?

- Estou bem. Estive vendo os noticiários da televisão. A juíza não foi justa com você. Ela não pode cassar a sua licença. Você só estava tentando ajudar a sua cliente.

Ele não teve resposta.

- Eu sinto muito, David. Gostaria de estar aí com você. Eu poderia pegar o carro e ir...

- Não - disse ele. - Não podemos correr nenhum risco. Você esteve no médico hoje?

- Estive.

- O que ele disse?

- Falta pouco. É para qualquer momento. Que o dia do seu nascimento seja muito feliz, Jeffrey.

Jesse Quiller telefonou.

- Eu estraguei tudo - falou David.

- Porra nenhuma! Você pegou foi o juiz errado. O que você fez para que ela ficasse tão intransigente?

- Ela quis que eu entrasse num acordo de alegações. Não queria que o caso fosse a julgamento. Talvez eu devesse tê-la escutado - disse David.

Todos os canais de televisão estavam repletos de notícias referentes à desgraça dele. David assistiu a um grupo de especialistas jurídicos de uma das redes discutindo o caso.

- Eu nunca tinha ouvido falar de um advogado de defesa gritando com o cliente! Vou dizer uma coisa, todo mundo na sala de audiências ficou atónito. Foi uma coisa das mais estapafúrdias...

David mudou de canal. Onde foi que tudo desandou? A vida deve ter sempre um final feliz. Foi porque eu estraguei tudo. Ashley vai morrer, eu vou perder a minha licença, o bebé vai nascer a qualquer momento, e eis que estou desempregado!

Ele ficou no hotel, sentado em seu quarto no meio da noite, olhando para a escuridão. Foi o pior momento de sua vida. Em sua mente, repetia-se seguidamente a última cena na sala de audiências. "O senhor não pode hipnotizá-la aqui no meu tribunal. A resposta é não. "

Se ao menos ela tivesse me deixado hipnotizar Ashley no banco, eu sei que isso teria convencido o júri. Tarde demais. Está tudo acabado agora.

E uma vozinha inconveniente em sua mente disse: Quem disse que está tudo acabado? Ainda não ouvi soarem as trombetas.

Não há mais o que eu possa fazer.

Sua cliente é inocente. Você vai permitir que ela morra?

Deixe-me em paz.

As palavras da juíza Williams continuavam ecoando em sua mente. "O senhor não pode hipnotizá-la aqui no meu tribunal. "

E três palavras continuaram se repetindo - no meu tribunal.

às cinco da manhã, David fez dois telefonemas agitados, urgentes.

Ao terminar, o sol já começava a surgir no horizonte. É um presságio, pensou David. Nós vamos ganhar.

Pouco depois, David correu para uma loja de antiguidades.

O vendedor o atendeu.

- O senhor está procurando alguma coisa específica? - Ele o reconheceu. - Sr. Singer?

- Estou procurando um biombo de tela. Vocês teriam alguma coisa assim?

- Temos, sim. Não temos biombos muito antigos, mas...

- Mostre-me o que vocês têm.

- Pois não. - Ele conduziu David para uma secção onde havia vários biombos chineses. O vendedor apontou para o primeiro. - Este aqui...

- Está óptimo - disse David.

- Pois não, senhor. Onde é para entregar?

- Eu mesmo levo.

A próxima paragem de David foi numa loja de ferragens, onde ele comprou um canivete suíço. Quinze minutos depois, entrava no saguão do tribunal carregando o biombo.

- Eu tomei providências para entrevistar Ashley Paterson. Tenho permissão para usar o gabinete do juiz Goldberg. Ele não está aqui hoje - disse David para o guarda de segurança.

- Pois não, senhor. Está tudo pronto. Vou mandar trazer a ré. O Dr. Salem e outro homem já estão lá, esperando - respondeu o guarda.

- Obrigado!

O guarda ficou vendo David entrar no elevador com o biombo chinês. Maluco de pedra, esse aí, pensou.

O gabinete do juiz Goldberg era uma sala agradável, confortável, com uma mesa de frente para a janela, uma cadeira giratória e um sofá, além de várias poltronas perto de uma das paredes. Quando David entrou, o Dr. Salem e outro homem estavam esperando em pé.

- Desculpem o atraso - falou David.

- Este é Hugh Iverson. o especialista que você pediu-me - disse o Dr. Salem.

Os dois trocaram um aperto de mãos.

- Vamos nos aprontar logo - disse David. - Ashley já está chegando.

Ele se virou para Hugh Iverson e apontou para um canto da sala.

- Que tal ali?

- Está bem.

Ele viu Iverson começar a se preparar. Minutos depois, a porta se abriu, e Ashley entrou conduzida por um guarda.

- Eu vou ter de ficar aqui dentro - disse o guarda.

David assentiu. Ele se dirigiu a Ashley.

- Sente-se, por favor. - Esperou até que ela se sentasse e então acrescentou: - Antes de mais nada, quero lhe dizer o quanto sinto pela maneira como as coisas correram.

Ela assentiu, meio aturdida.

- Mas ainda não acabou. Resta-nos uma chance.

Ela olhou para ele com ar descrente.

- Ashley, eu gostaria que o Dr. Salem a hipnotizasse outra vez.

- Não. Qual é o sentido de...

- Por favor. Faça isso por mim.

Ela encolheu os ombros.

David fez um gesto afirmativo para o médico.

O Dr. Salem falou para Ashley:

- Já passamos por isso antes, portanto você já sabe que basta fechar os olhos e relaxar. só relaxar. Sinta todos os músculos do seu corpo abandonando a tensão. Você só precisa dormir. Está ficando sonolenta...

Dez minutos depois, ele olhou para David e disse:

- Está totalmente entregue.

David se aproximou de Ashley com o coração palpitando.

- Eu quero falar com Toni.

Não houve reacção alguma.

David elevou a voz.

- Toni. Eu quero que você apareça. Está me ouvindo? Alette... Eu quero falar com vocês duas.

Silêncio.

David estava gritando agora.

- O que há com vocês? Estão assustadas demais? Foi isso que aconteceu no tribunal, não foi? Ouviram o que o júri falou? Ashley é culpada. Tiveram medo de aparecer! Você é uma covarde, Toni!

Eles olhavam para Ashley. Não havia reacção alguma. David olhou desesperado para o Dr. Salem. Não ia funcionar.

- Está aberta a sessão. Preside a meritíssima juíza Williams.

Ashley estava sentada à mesa dos réus, ao lado de David. A mão dele estava envolta por uma enorme atadura.

David se levantou.

- Posso me dirigir ao juízo, meritíssima?

- Pode.

David se aproximou da mesa. Brennan o seguiu.

- Eu gostaria de apresentar uma nova prova para este caso - disse David.

- Absolutamente não - objectou Brennan.

A juíza Williams se virou para ele e falou:

- Esta decisão cabe a mim, Sr. Brennan. - Ela se dirigiu de volta a David. - O julgamento acabou. A sua cliente foi condenada e...

- Tem a ver com a alegação de insanidade - disse David. - Eu só estou pedindo dez minutos do seu tempo.

A juíza Williams falou, zangada:

- O tempo não significa muito para o senhor, não é mesmo, Sr. Singer? Já desperdiçou muito tempo de todo mundo! - Ela tomou a decisão. -Tudo bem. Espero que seja o seu último pedido a um tribunal de justiça! A sessão entrará em recesso por dez minutos.