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David e Brennan acompanharam a juíza até o seu gabinete.

Ela se dirigiu a David.

- Estou lhe concedendo os dez minutos que pediu. Do que se trata, Sr. Singer?

- Quero lhe mostrar parte de um filme, meritíssima.

Brennan falou:

- Não vejo onde isso possa...

A juíza Williams falou para Brennan:

- Nem eu. - Ela se dirigiu para David. - O senhor só tem mais nove minutos.

David correu para a porta que dava para o corredor e a abriu.

- Entre.

Hugh Iverson entrou, carregando um projector de dezasseis milímetros e uma tela portátil.

- Onde coloco?

David apontou para um canto da sala.

- Ali.

Eles viram o homem ajeitar o equipamento e conectá-lo à tomada.

- Posso fechar as cortinas? - perguntou David.

Foi tudo o que a juíza Williams conseguiu fazer para conter a raiva.

- Pode prosseguir, Sr. Singer - Ela olhou para o relógio. - O senhor tem sete minutos.

O projector foi ligado. O gabinete do juiz Goldberg surgiu na tela. David e o Dr. Salem estavam observando Ashley, sentada numa poltrona.

Na tela, o Dr. Salem falou:

- Está completamente entregue.

David caminhou para perto dela.

- Eu quero falar com Toni... Toni! Eu quero que você apareça. Está me ouvindo? Alette... Eu quero falar com vocês duas.

Silêncio.

A juíza Williams estava parada, o rosto contraído, assistindo ao filme.

David estava gritando agora.

- O que há com vocês? Estão assustadas demais? Foi isso que aconteceu no tribunal, não foi? Ouviram o que o júri falou? Ashley é culpada. Tiveram medo de aparecer! Você é uma covarde Toni!

A juíza Williams se levantou.

- Para mim, basta! Eu já vi esta encenação de mau gosto antes. O seu tempo acabou, Sr. Singer.

- Espere - falou David. - Sua Excelência ainda não viu...

- Acabou-se - falou a juíza Williams e partiu em direcção à porta.

De repente, uma música preencheu o ambiente.

"Um centavo por um novelo de lã

Um centavo por uma agulha, a toda hora!

assim que o dinheiro se vai.

Mas a lontra - pluft! - foi embora. "

Intrigada, a juíza Williams se virou e olhou para a imagem na tela.

O rosto de Ashley estava completamente transfigurado. Era Toni.

- Assustada demais para aparecer no tribunal? Você achou mesmo que eu ia aparecer simplesmente porque você me ordenou? O que acha que eu sou, um bichinho amestrado? - falou Toni, enraivecida.

A juíza Williams voltou lentamente para o interior da sala, os olhos cravados na tela.

- Eu ouvi aquele bando de idiotas se fazendo de bobos. - Ela imitou a voz de uma das pessoas na sala de audiências. - "Eu acho que o distúrbio de personalidade múltipla não existe. "Mas que bando de idiotas! Eu nunca vi...

Enquanto eles viam, o rosto de Ashley se modificou outra vez.

Ela pareceu relaxar na poltrona e a fisionomia assumiu um ar tímido. Com seu sotaque italiano, Alette falou:

- Sei que deu o melhor de si, Sr. Singer. Eu quis aparecer no tribunal e ajudá-lo, mas Toni não deixou.

A juíza Williams estava olhando, sua face inexpressiva.

O rosto e a voz tornaram a mudar.

- Mas é claro que eu não deixei - disse Toni.

- Toni, o que acha que vai acontecer com você se a juíza der a Ashley a pena de morte? - perguntou.

- Ela não vai dar a pena de morte. Ashley nem sequer conhecia um dos homens. Lembra-se?

- Mas Alette conhecia todos eles. Você cometeu aqueles assassinatos, Alette. Você teve relações sexuais com aqueles homens e depois os matou e os castrou... - disse David.

- Seu grande idiota! - falou Toni. - Você não sabe de nada, hein? Alette jamais teria coragem de fazer uma coisa dessas. Fui eu que fiz. Eles mereceram a morte. Só queriam saber de sexo. - Ela estava ofegante. - Mas eu fiz com que eles pagassem, não fiz? E ninguém vai conseguir provar que fui eu. A dona Maria Certinha que fique com a culpa! Nós vamos todas parar num manicómio tranquilo e aconchegante e...

Ao fundo, por trás da tela do biombo ao canto, ouviu-se um estalido alto.

Toni se virou.

- O que foi isso?

- Nada - apressou-se David em dizer. - Foi só...

Toni se levantou e correu em direcção à câmara até que seu rosto preencheu toda a tela. Ela empurrou alguma coisa, e a cena se inclinou; uma parte do biombo caiu para dentro do enquadramento da filmagem. um pequeno furo havia sido aberto no centro.

- Você colocou uma merda de uma câmara aqui atrás - gritou Toni. Ela se virou para David. - Seu filho da puta! O que está querendo fazer? Você me enganou!

Sobre a mesa, havia uma faca de cortar papel. Toni a agarrou e partiu para cima de David, gritando:

- Eu vou matá-lo. Eu vou matá-lo.

David tentou contê-la, mas não conseguiu. A faca atingiu-lhe a mão.

Toni ergueu o braço para atacar novamente, e o guarda correu até ela e tentou segurá-la. Toni derrubou-o no chão. A porta foi aberta e um oficial uniformizado entrou correndo. Quando viu o que estava acontecendo, ele se jogou em cima de Toni. Ela deu-lhe um chute na virilha, e ele caiu. Outros dois oficiais entraram correndo em seguida. Foram necessários três ao todo para agarrá-la e levá-la de volta à poltrona, e o tempo todo ela não parou de berrar e gritar com eles.

Jorrava sangue da mão de David, que falou para o Dr. Salem:

- Pelo amor de Deus! Acorde-a.

- Ashley... Ashley... me escute. Você vai voltar agora. Toni foi embora. Pode vir, Ashley. Eu vou contar até três - disse o médico.

E enquanto o grupo assistia a tudo, o corpo de Ashley foi se acalmando e relaxando.

- Está me ouvindo?

- Estou. - Foi a voz de Ashley, soando distante.

- Você vai acordar quando eu chegar ao três. um ... dois... três... Como está se sentindo?

Seus olhos se abriram.

- Estou muito cansada. Eu disse alguma coisa?

A tela no gabinete da juíza Williams ficou em branco. David foi até à parede e acendeu as luzes.

- Ora, mas que performance! - exclamou Brennan. - Se eles estivessem dando um Oscar para a melhor...

A juíza Williams se dirigiu a ele.

- Cale a boca.

Brennan olhou para ela, chocado.

Houve um silêncio momentâneo. A juíza Williams olhou para

David.

- Sr. Singer.

- Pois não?

Houve uma pausa.

- Eu lhe devo desculpas.

Sentada à sua mesa, a juíza Tessa Williams falou:

- Ambos os advogados concordaram em acolher a opinião de um psiquiatra que já examinou a ré, o Dr. Salem. A decisão deste Tribunal reza que a ré não é culpada, por razão de insanidade. Ela será mandada para um hospital psiquiátrico, onde poderá se sujeitar a um tratamento. A sessão está suspensa.

David se levantou, exausto. Acabou, pensou. Finalmente acabou... Ele e Sandra poderiam retomar suas vidas.

Ele olhou para a juíza Williams e disse, alegre:

- Nós estamos tendo um bebé.

- Eu gostaria de fazer uma sugestão. Não sei se é possível, mas se você conseguir dar um jeito, acho que seria de grande ajuda para Ashley - disse o Dr. Salem para David.

- O que é?

- O Hospital Psiquiátrico de Connecticut, na Costa Leste, já tratou de mais casos de DPM do que qualquer outro do país. Um amigo meu, o Dr. Otto Lewison, é o director. Se você conseguir que o tribunal envie Ashley para lá, acho que seria benéfico para ela.

- Obrigado! - disse David. - Vou ver o que posso fazer.

- Eu... eu não sei como lhe agradecer - disse o Dr. Steven Paterson para David.

- Não precisa. Foi uma troca, elas por elas. Lembra-se? - respondeu David, sorrindo.

- Você fez um trabalho brilhante. Durante um tempo, cheguei a ficar com medo...

- Eu também.

- Mas a justiça foi cumprida. Minha filha vai ficar curada.