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- Tenho certeza disso - falou David. - O Dr. Salem sugeriu um hospital psiquiátrico em Connecticut. Os médicos são treinados em DPM.

O Dr. Paterson ficou calado um instante.

- Sabe, Ashley não merecia nada disso. Ela é uma pessoa tão bonita!

- Concordo. Vou falar com a juíza Williams para tentar conseguir a transferência.

A juíza Williams estava no seu gabinete.

- Posso ajudá-lo em alguma coisa, Sr. Singer?

- Eu gostaria de pedir um favor.

Ela sorriu.

- Espero que eu possa atender. O que é?

David explicou para a juíza o que o Dr. Salem lhe havia dito.

- Ora, é uma solicitação bastante incomum. Temos hospitais psiquiátricos muito bons aqui na Califórnia.

- Tudo bem. Obrigado, meritíssima - disse ele, virando-se para ir embora, decepcionado.

- Eu não disse que não ia atendê-lo, Sr. Singer - David parou. - A solicitação é incomum, mas o caso foi inteiramente incomum.

David aguardou.

- Acho que posso providenciar a transferência.

- Obrigado, meritíssima! Eu lhe agradeço.

Em sua cela, Ashley pensou: Eles me sentenciaram à morte. Uma morte longa, num hospício cheio de gente maluca. Teria sido melhor se me matassem agora. Ela pensou na desesperança, nos anos infindáveis que teria pela frente, e começou a chorar.

A porta da cela se abriu, e seu pai entrou. Ele ficou parado um momento, olhando para ela com o rosto angustiado.

- Querida... - ele se sentou à sua frente. - Você vai viver - disse.

Ela balançou a cabeça.

- Não quero viver.

- Não diga isso. Você tem um problema psiquiátrico, mas que pode ser curada. E vai ser. Quando estiver melhor, você vai sair de lá e virá morar comigo, e eu vou cuidar de você. Não importa o que aconteça, sempre teremos um ao outro. Isso eles não podem nos tirar.

Ashley continuou sentada, sem dizer nada.

- Sei como você está se sentindo agora, mas acredite, isso vai mudar. Minha menina vai voltar para casa, curada. - Ele foi se levantando devagar - Eu sinto muito, mas tenho de voltar para São Francisco. - Esperou que Ashley dissesse alguma coisa.

Ela permaneceu em silêncio.

- David me disse que acha que você vai ser mandada para um dos melhores centros psiquiátricos do mundo. Você gostaria que eu fosse visitá-la?

Ela assentiu, desanimada.

- Sim.

- Tudo bem, querida. - Ele a beijou no rosto e deu-lhe um abraço. - Vou providenciar para que você tenha o melhor atendimento do mundo. Eu quero a minha menininha de volta.

Ashley viu o pai ir embora, e pensou: Por que não posso morrer agora? Por que eles não me deixam morrer?

Uma hora mais tarde, David veio vê-la.

- Ora, ora! Conseguimos! - disse ele. Olhou para ela apreensivo. - Você está bem?

- Eu não quero ir para um manicómio. Prefiro morrer. Não consigo continuar vivendo assim. David, me ajude. Por favor, me ajude.

- Ashley, você vai receber ajuda. O passado acabou. Agora você tem um futuro. O pesadelo vai acabar - Ele pegou-lhe na mão. - Olhe aqui, você confiou em mim até agora. Continue confiando em mim. Você vai voltar a levar uma vida normal.

Ela continuou sentada, calada.

- Diga: "Eu acredito em você, David. "

Ela respirou fundo.

- Eu... eu acredito em você, David.

Ele sorriu.

- Isso! um recomeço para você.

No momento em que a decisão judicial foi levada a público, a mídia ficou em polvorosa. Da noite para o dia, David se tornou herói. Tinha apanhado um caso impossível e ganhara.

Ele telefonou para Sandra.

- Querida, eu...

- Eu sei, meu bem. Eu sei. Acabei de ver na televisão. Mas que maravilha! Estou tão orgulhosa de você!

- Eu não tenho como lhe dizer o prazer que estou sentindo por isso tudo ter acabado. Volto para casa hoje à noite. Mal posso esperar para ver...

- David...

- Diga.

- David... aaaaa...

- O quê? O que foi, querida?

-... aaaaa... O bebé está nascendo...

- Espere por mim - gritou David.

Jeffrey Singer nasceu pesando três quilos e novecentos gramas, e era o bebé mais lindo que David tinha visto.

- Ele parece com você - falou Sandra.

- Parece mesmo, não é? - David estava exultante.

- Estou feliz por tudo ter terminado bem - disse Sandra.

David soltou um suspiro.

- Houve momentos em que cheguei a perder a confiança.

- Eu não duvidei de você um instante sequer.

David abraçou Sandra e falou:

- Eu volto logo, querida. Preciso tirar as minhas coisas lá da firma.

Quando chegou aos escritórios da Kincaid, Turner, Rose &Ripley, David foi recebido calorosamente.

- Parabéns, David...

- Belo trabalho...

- Você provou sua competência...

David entrou em sua sala. Holly não estava. Ele começou a limpar sua mesa.

- David...

Ele se virou. Era Joseph Kincaid.

Kincaid caminhou até ele e falou:

- O que está fazendo?

- Estou limpando a minha sala. Eu fui despedido.

Kincaid sorriu.

- Despedido? Claro que não! Não, não, não. Houve algum mal-entendido. - Ele estava exultante. - Estamos lhe dando uma participação na sociedade, meu rapaz. A bem da verdade, eu providenciei uma colectiva à imprensa para você aqui hoje à tarde, às três.

David olhou para ele.

- Verdade?

Kincaid assentiu.

- Absoluta.

- É melhor cancelar - disse David. - Eu decidi voltar para o direito penal. Recebi uma oferta de participação na sociedade de Jesse Quiller. Pelo menos quando se está lidando com essa área legal, sabe-se quem são de facto os criminosos. Portanto, Joey, meu caro, pode pegar a sua sociedade e enfiá-la onde o sol não bate.

David saiu do escritório.

Jesse Quiller visitou a cobertura e falou:

- É óptima! Tem mesmo o jeito de vocês dois!

- Obrigada! - disse Sandra. Ela ouviu um barulho vindo do quarto do bebé. - Vou ver o que há com Jeffrey - Ela foi correndo para o quarto ao lado.

Jesse Quiller se aproximou mais para poder apreciar uma bela moldura em prata de lei com a primeira fotografia de Jeffrey já montada.

- Que linda: Onde vocês arranjaram?

- A juíza Williams mandou.

- Estou feliz por tê-lo de volta, sócio - disse Jesse.

- Eu estou feliz por estar de volta, Jesse.

- Você provavelmente vai precisar de um tempinho para relaxar. Descanse um pouco...

- Certo. Estávamos pensando em pegar o carro e levar Jeffrey até o Oregon para visitar os pais de Sandra, e...

- A propósito, chegou um caso interessante ao escritório hoje de manhã, David. uma mulher está sendo acusada de ter matado os dois filhos. Estou com o pressentimento de que ela é inocente. Infelizmente, estou indo para Washington para resolver outro caso, mas achei que você poderia conversar com ela e ver o que acha.

Livro Três

Capítulo Vinte e Dois

O Hospital Psiquiátrico de Connecticut, 23 quilómetros ao norte de Westport, foi originalmente propriedade de Wim Bõeker, um holandês rico, que construiu sua residência ali em 1910. O exuberante terreno de quatro mil metros quadrados continha a casa grande, uma oficina, um estábulo e uma piscina. O estado comprou o imóvel em 1925 e reformou a casa para acolher cem pacientes. uma cerca alta foi construída ao redor da propriedade, com uma guarita na entrada. Todas as janelas foram protegidas por barras de metal, e uma ala da casa foi reforçada para funcionar como área de segurança, onde ficariam os internos perigosos.

Na sala do Dr. Otto Lewison, chefe da clínica psiquiátrica, uma reunião estava em andamento. O Dr. Gilbert Keller e o Dr. Craig Foster estavam discutindo um novo paciente que estava para chegar.

Gilbert Keller era um homem de seus quarenta e poucos anos, estatura mediana, cabelos louros e intensos olhos cinzentos.

Tratava-se de um renomeado especialista no campo do distúrbio de personalidade múltipla.