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Silêncio.

- Toni...? Toni...?

Ela se foi.

Gilbert Keller falou para Ashley:

- Eu gostaria de falar com Alette. - Ele viu a expressão no rosto de Ashley mudar. Inclinou-se para perto dela e falou baixinho: - Alette?

- Sim.

- Você ouviu a minha conversa com Toni?

- Ouvi.

- Você e Toni se conhecem?

- Nós nos conhecemos, sim. Claro que nos conhecemos, seu idiota.

- Mas Ashley não conhece nenhuma de vocês duas?

- Não.

- Você gosta de Ashley?

- Ela é legal. Por que você está me fazendo essas perguntas idiotas?

- Por que você não fala com ela?

- Toni não quer que eu fale.

- Toni sempre lhe diz o que fazer?

- Toni é minha amiga. Isso não é da sua conta.

- Eu quero ser seu amigo, Alette. Fale-me de você. Onde nasceu?

- Nasci em Roma.

- E gostava de Roma?

Gilbert Keller viu a expressão no rosto de Alette mudar, e ela começou a chorar.

Por quê? O Dr. Keller se inclinou para perto dela e falou de maneira acalentadora:

- Tudo bem. Você vai acordar agora, Ashley...

Ela abriu os olhos.

- Eu falei com Toni e Alette. Elas são amigas. Eu quero que vocês sejam todas amigas.

Enquanto Ashley estava almoçando, um enfermeiro entrou no quarto dela e encontrou uma pintura de paisagem sobre o chão.

Ele a estudou um instante, em seguida levou-a para a sala do dr. Keller.

Havia uma reunião na sala do Dr. Lewison.

- Como vai indo o tratamento, Gilbert?

- Eu falei com os dois alteres. O dominante é Toni. Seu histórico vem da Inglaterra, mas ela não quer falar sobre isso. A outra, Alette, nasceu em Roma, e também não quer falar sobre o assunto. Então, é onde vou me concentrar. Foi onde os traumas ocorreram. Toni é a mais agressiva. Alette é sensível e recatada. Interessa-se por pintura, mas tem medo de seguir em frente. Preciso descobrir por quê - disse o Dr. Keller, ponderadamente.

- Então, você acha que Toni domina Ashley?

- Acho. Toni assume o comando. Ashley não tinha consciência da existência dela nem da de Alette. Mas Toni e Alette se conhecem. É interessante. Toni canta com uma voz bonita e melodiosa, e Alette tem talento para a pintura. - Ele mostrou o quadro que o enfermeiro havia lhe trazido. - Acho que os seus dons podem ser a chave para chegar até elas.

Ashley recebia uma carta do pai toda semana. Depois de lê-las, ficava sentada quieta em seu quarto, sem querer falar com ninguém.

- Elas são seu único elo com o lar - disse o Dr. Keller para Otto Lewison. - Acho que aumentam o seu desejo de sair daqui para começar a levar uma vida normal. Mesmo pequenas coisas podem ajudar.

Ashley estava começando a se habituar com o lugar. Os pacientes pareciam desfrutar de liberdade para se locomover, embora houvesse enfermeiros em todas as portas e em todos os corredores. Os portões para o jardim estavam sempre trancados. Havia uma sala de recreação onde eles podiam se reunir para ver televisão, um ginásio para fazer ginástica e uma sala de jantar colectiva.

Havia pacientes de todos os lugares: japoneses, chineses, franceses, americanos... Fora feito um esforço muito grande para dar ao hospital um aspecto de familiaridade, mas quando Ashley ia para o seu quarto, as portas eram sempre trancadas atrás dela.

- Isto não é um hospital - Toni reclamou com Alette. - Que droga! É uma prisão.

- Mas o Dr. Keller acha que pode curar Ashley. Então nós vamos poder sair daqui.

- Não seja idiota, Alette. Será que você não vê? A única maneira que ele tem de curar Ashley é se livrando de nós, fazendo-nos desaparecer. Em outras palavras, para Ashley ficar curada, nós teremos de morrer. Quer saber de uma coisa? Eu não vou deixar que isso aconteça.

- O que vai fazer?

- Vou encontrar uma maneira de fugirmos.

Capítulo Vinte e Quatro

Na manhã seguinte, um enfermeiro estava acompanhando Ashley de volta para o seu quarto.

- Você está diferente hoje - disse ele.

- Estou mesmo, Bill?

- Está. Quase como se fosse outra pessoa.

Toni falou baixinho:

- É por causa de você.

- O que quer dizer com isso?

- Você me faz sentir diferente. - Ela encostou no braço dele e olhou-o nos olhos. - Você me faz sentir maravilhosa.

- Ora, por favor.

- Estou falando sério. Você é muito sexy. Sabia disso?

- Não.

- Mas é. Você é casado, Bill?

- Já fui.

- Sua mulher só pode ser louca por ter deixado você escapar! Há quanto tempo você trabalha aqui, Bill?

- Cinco anos.

- Muito tempo! Você nunca sente vontade de sair daqui?

- às vezes, sinto.

Toni baixou a voz.

- Sabe que realmente não há nada de errado comigo? Admito que tinha um probleminha quando cheguei, mas já estou curada. Eu também gostaria de me mandar daqui. Aposto que você pode me ajudar. Nós dois poderíamos sair juntos. Iríamos nos divertir muito.

Ele a estudou durante algum tempo.

- Eu não sei o que dizer.

- Ora, sabe, sim! Veja só como é simples. Tudo o que você tem de fazer é me deixar sair daqui uma noite dessas quando todo mundo estiver dormindo, e vamos embora! - Ela olhou para ele e falou baixinho: - Eu vou fazer com que valha a pena para você.

Ele assentiu.

- Vou pensar nisso.

- Pois pense - falou Toni, confiante.

Quando Toni voltou ao seu quarto, falou para Alette:

- Vamos sair deste lugar.

Na manhã seguinte, Ashley foi levada à sala do Dr. Keller

- Bom dia, Ashley!

- Bom dia, Gilbert!

- Vamos experimentar um pouco de sódio amial hoje de manhã. Você já tomou antes?

- Não.

- É bastante relaxante, você vai ver.

Ashley assentiu.

- Tudo bem. Estou pronta.

Cinco minutos depois, o Dr. Keller estava falando com Toni:

- Bom dia, Toni!

- Oi, doutorzinho!

- Você está feliz aqui, Toni?

- É engraçado você me perguntar isso! Para dizer a verdade, eu realmente já estou começando a gostar deste lugar; me sinto em casa aqui.

- Então, por que está querendo fugir?

A voz de Toni ficou áspera:

- O quê?

- Bill me contou que você lhe pediu ajuda para fugir daqui.

- Mas que filho da puta! - Sua voz saiu com um tom de fúria. Ela deu um pulo da cadeira, voou para a mesa, pegou um peso de papel e o arremessou contra a cabeça do Dr. Keller.

Ele se abaixou.

- Eu vou matar você e vou matar aquele safado também.

O Dr. Keller a agarrou.

- Toni...

Ele viu a expressão no rosto de Ashley se modificar. Toni se fora. Ele percebeu que seu coração estava palpitando com força.

- Ashley!

Quando despertou, Ashley abriu os olhos, olhou ao redor, intrigada, e falou:

- Está tudo bem?

- Toni me atacou. Ficou zangada porque eu descobri que ela estava tentando fugir.

- Eu... eu sinto muito. Tive a sensação de que algo ruim estava acontecendo.

- Tudo bem. Eu quero juntar você, Toni e Alette.

- Não.

- Por que Não?

- Eu tenho medo. Eu... não quero conhecê-las. Você Não entende? Elas não são reais. São a minha imaginação.

- Mais cedo ou mais tarde, você terá de conhecê-las, Ashley. Vocês precisam se conhecer. É a única maneira de se curar.

Ashley se levantou.

- Quero voltar para o meu quarto.

Quando foi levada de volta para o quarto, Ashley esperou o enfermeiro sair. Estava tomada por uma profunda sensação de desespero. Ela pensou: Eu nunca vou sair daqui. Eles estão mentindo para mim. não voo conseguir me curar. não conseguia enfrentar a realidade de que outras personalidades viviam dentro dela... Por causa dessas personalidades, algumas pessoas haviam sido assassinadas, famílias haviam sido destruídas. Por que eu, meu Deus? E começou a chorar. O que foi que eu fiz contra você? Ela se sentou sobre a cama e pensou: não posso continuar assim. Só há uma maneira de pôr um fim a isto. Tenho de fazer o que é preciso agora.