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David

Ashley estudou a fotografia. Que menininho bonito!, pensou.

Espero que tenha uma vida feliz.

Ashley foi almoçar, e quando voltou, a fotografia estava no chão de seu quarto, rasgada em pedaços.

15 de junho, 13 e 30

Paciente: Ashley Paterson. Sessão de terapia usando sódio amial. Alter, Alette Peters.

- Alette, me fale um pouco de Roma.

- É a cidade mais bela do mundo. Cheia de grandes museus. Eu sempre ia a todos eles. E você entende de museu?

- Você queria ser pintora?

- Queria. O que você acha que eu queria fazer da vida, trabalhar no corpo de bombeiros?

- E estudou pintura?

- Não, não estudei. - não dá para ir encher a paciência de outro, hein?

- Por que não? Por causa do que a sua mãe lhe disse?

- Ah, Não. Eu simplesmente conclui que não era boa o suficiente. Toni, veja se consegue tirar esse sujeito daqui!

- Você sofreu algum trauma durante aquele período? Aconteceu alguma coisa terrível de que você se lembre?

- Não. Eu fui muito feliz naquela época. Toni!

15 de agosto, 9:00

Paciente: Ashley Paterson. Sessão de hipnoterapia com alter, Toni Prescott.

- Você quer falar sobre Londres, Toni?

- Quero. Eu me diverti muito quando estava lá. Londres é tão civilizada! Há muita coisa para se fazer naquela cidade.

- Você teve algum problema?

- Problema? Não, eu fui muito feliz em Londres.

- Você não se lembra de nada de ruim que lhe tenha acontecido durante a sua estada lá?

- Claro que não. Que conclusão você vai tirar disso, seu doutorzinho?

Todas as sessões traziam as lembranças de volta para Ashley. Quando ia para a cama à noite, ela sonhava que estava de volta à Global. Shane Miller estava lá, e ele a estava elogiando por algum trabalho bem-feito. "Não poderíamos viver sem você, Ashley. Vamos mantê-la na empresa para sempre." Então, a cena mudava para uma cela de prisão, e Shane Miller estava dizendo: "Ora, eu detesto ter de fazer isto agora, mas diante das circunstâncias, a empresa a está despedindo. Sabe, naturalmente, não podemos arcar com um envolvimento em algo deste teor. Você está entendendo, não está? Não há nada pessoal nisto. "

Pela manhã , quando Ashley acordava, seu travesseiro estava molhado de lágrimas.

Alette se entristecia com as sessões de terapia. Elas lhe traziam à lembrança a falta que Roma lhe fazia e a felicidade que experimentara com Richard Melton. Nós poderíamos ter tido uma vida feliz juntos, mas agora é tarde demais. Tarde demais!

Toni detestava as sessões de terapia, pois lhe traziam muitas recordações ruins também. Tudo o que tinha feito fora pelo bem e protecção de Ashley e Alette. Mas alguém a valorizou? Não. Estava trancafiada como se fosse uma criminosa ou algo do género. Mas eu vou sair daqui, prometeu a si mesma. Eu vou sair daqui.

As páginas do calendário passavam com o tempo, e mais um ano veio e se foi. O Dr. Keller sentia-se cada vez mais frustrado.

- Eu li o seu último relatório - disse o Dr. Lewison para Gilbert Keller. - Você acha que há uma lacuna genuína, ou elas estariam realizando algum jogo?

- Estão jogando, Otto. É como se soubessem o que estou tentando fazer e não quisessem permitir. A meu ver, Ashley está realmente disposta a ser ajudada, mas elas não deixam. Normalmente, sob hipnose, é fácil conseguir acesso a elas, mas Toni é muito forte. Ela assume o controle total e é perigosa.

- Perigosa?

- É. Imagine o ódio que não tem dentro de si para assassinar e castrar cinco homens!

O resto do ano passou-se sem melhoria alguma.

O Dr. Keller estava obtendo sucesso com os demais pacientes, mas Ashley, aquela com a qual ele mais se preocupava, não apresentava nenhum progresso. O Dr. Keller tinha a sensação de que Toni gostava de jogar com ele. Estava determinada a não permitir que ele vencesse. E então, inesperadamente, houve um avanço.

Com outra carta do Dr. Paterson.

5 de junho

Querida Ashley,

Estou de partida para Nova York, a fim de cuidar de alguns assuntos por lá, e gostaria muito de dar um pulo aí para vê-la. Vou telefonar para o Dr. Lewison e, se não houver objeção, espere a minha chegada por volta do dia 25.

Todo o meu amor,

Papai

Três semanas depois, o Dr. Paterson chegou acompanhado de uma mulher morena muito atraente, com seus quarenta e poucos anos de idade, e a filha dela, de três anos, Katrina.

Eles foram conduzidos à sala do Dr. Lewison. Ele se levantou quando as visitas entraram.

- Dr. Paterson, é um grande prazer revê-lo.

- Obrigado! Esta é a Senhorita Victoria Aniston, e esta é sua filha, Katrina.

- Muito prazer, Senhorita Aniston. Katrina.

- Eu as trouxe para que conhecessem Ashley.

- Que maravilha! Ela está com o Dr. Keller neste exacto momento, mas eles devem acabar logo.

- Algum progresso com Ashley? - perguntou o Dr. Paterson.

Otto Lewison hesitou.

- Eu poderia falar a sós com o senhor um instante?

- Claro.

O Dr. Paterson se dirigiu a Victoria e Katrina.

- Parece que eles têm um belo jardim aqui. Por que vocês não me esperam lá fora, e eu levarei Ashley comigo quando for possível.

Victoria Aniston sorriu.

- Boa idéia! - Ela olhou para Otto Lewison. - Foi um prazer conhecê-lo, doutor

- Obrigado, Senhorita Aniston!

O Dr. Paterson esperou que as duas saíssem e se dirigiu a Otto Lewison.

- Há algum problema?

- Vou ser franco com o senhor, Dr. Paterson. não estamos obtendo tanto progresso quanto esperávamos. Ashley diz estar disposta a receber ajuda, mas não está cooperando connosco. A bem da verdade, está combatendo o tratamento.

O Dr. Paterson ficou olhando para ele, intrigado.

- Por quê?

- Não é tão raro assim! Em algum estágio, os pacientes com DPM ficam com medo de conhecer seus alteres. Ficam aterrorizados. A simples idéia de que outras personagens possam estar vivendo dentro de sua mente e corpo e que sejam capazes de assumir o comando quando bem entenderem... Ora, o senhor pode imaginar o grau de devastação que isso é capaz de gerar na pessoa.

O Dr. Paterson assentiu.

- Claro.

- Há algo que nos intriga acerca do problema de Ashley. Quase sempre, estes problemas começam com algum histórico de abuso quando o paciente é muito jovem. não temos registro de nada desse tipo no caso de Ashley; portanto, não temos a menor idéia de como ou por que o trauma começou.

O Dr. Paterson ficou sentado em silêncio por um instante. Quando resolveu falar, disse em tom pesado:

- Eu posso ajudá-los. - Ele respirou profundamente. - A culpa é minha.

Otto Lewison estava olhando para ele com toda a atenção.

- Aconteceu quando Ashley estava com seis anos de idade. Eu precisei ir para a Inglaterra. Minha mulher não pôde ir. Eu levei Ashley comigo. Minha mulher tinha um primo mais velho que morava lá, chamado John. Eu não sabia na época, mas ele tinha... problemas emocionais. Eu precisei sair para dar uma palestra um dia, e John se ofereceu para cuidar de Ashley. Quando voltei à noite, ele havia desaparecido. Ashley estava em um estado de absoluta histeria. Eu levei muito tempo, mas muito tempo mesmo, para acalmá-la. Depois disso, ela passou a não deixar ninguém chegar perto dela, ficou tímida e retraída, e uma semana depois John foi preso por uma sequência de casos de abuso sexual com crianças. - O rosto do Dr. Paterson estava tomado de angústia. - Eu jamais me perdoei. Nunca mais deixei Ashley sozinha com ninguém depois disso.

Houve um silêncio prolongado.

- Eu sinto muitíssimo por isso. Mas acho que o senhor nos deu a resposta que estávamos necessitando, Dr. Paterson. Agora o Dr. Keller terá algo específico com que trabalhar - disse Otto.

- Foi doloroso demais para mim; eu nunca consegui discutir isso antes.