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— Temos apenas meia hora até a meia-noite, portanto precisamos agir com rapidez! Os professores de Hogwarts e a Ordem da Fênix concordaram com um plano de batalha. Os professores Flitwick, Sprout e McGonagall vão levar grupos de combatentes ao topo das três torres mais altas: Corvinal, Astronomia e Grifinória; dali terão uma visão abrangente e ótimas posições para lançar seus feitiços. Nesse meio-tempo, Remo — ele indicou Lupin —, Arthur — ele apontou para o sr. Weasley, sentado à mesa da Grifinória — e eu levaremos grupos para os jardins. Precisaremos de alguém para organizar a defesa das entradas das passagens para a escola...

— ... parece trabalho para nós — falou Fred em voz alta, indicando a si mesmo e a Jorge, e Kingsley aprovou com um aceno de cabeça.

— Muito bem, os líderes subam aqui para dividirmos as tropas!

— Potter — disse a professora McGonagall, correndo para ele quando os estudantes invadiram a plataforma, se empurrando para se posicionar, recebendo instruções —, você não devia estar procurando alguma coisa?

— Quê! Ah — exclamou Harry —, ah, sim!

Quase esquecera a Horcrux, quase esquecera que haveria uma batalha para que pudesse procurá-la: a inexplicável ausência de Rony e Hermione momentaneamente expulsara qualquer outro pensamento de sua mente.

— Então vá, Potter, vá!

— Certo... é...

Ele sentiu os olhares acompanhando-o quando saiu correndo do Salão Principal para o saguão ainda apinhado de alunos que se retiravam. Deixou-se arrastar por eles escadaria acima, mas, no alto, tomou um corredor deserto. O medo e o pânico anuviavam seus processos mentais. Tentou se acalmar, se concentrar na procura da Horcrux, mas seus pensamentos zumbiam, frenética e inutilmente, como vespas presas em um copo. Sem Rony e Hermione para ajudá-lo, não parecia ser capaz de colocar as idéias em ordem. Harry diminuiu o passo e parou no meio de um corredor vazio, sentou-se no pedestal que uma estátua desocupara e tirou o mapa do maroto da bolsa pendurada ao pescoço. Não viu os nomes de Rony e Hermione em lugar algum, embora a densidade dos pontos a caminho da Sala Precisa pudesse, pensou ele, estar encobrindo os dois. Tornou a guardar o mapa, escondeu o rosto nas mãos e fechou os olhos, tentando se concentrar.

Voldemort pensou que eu iria à Torre da Corvinal.

Tinha ali um fato concreto, o lugar por onde começar. Voldemort postara Aleto Carrow na sala comunal da Corvinal, e só poderia haver uma explicação: ele temia que Harry já soubesse que sua Horcrux estava ligada àquela Casa.

Entretanto, o único objeto associado à Corvinal era o diadema perdido de sua fundadora... e como poderia a Horcrux ser o diadema? Como era possível que Voldemort, que pertencia à Sonserina, tivesse encontrado o diadema que frustrara gerações de alunos da Corvinal? Quem poderia ter lhe dito onde procurar, quando não se tinha memória de alguém vivo ter visto o diadema?

De alguém vivo...

Cobertos pelas mãos, os olhos de Harry se abriram de repente. Ele saltou do pedestal e disparou pelo caminho que viera, agora em busca de sua última esperança. O barulho das centenas de pessoas que se dirigiam à Sala Precisa foi crescendo em seu retorno à escadaria de mármore. Monitores gritavam instruções, tentando não perder de vista os alunos de suas Casas; havia muito aperto e empurrão; Harry viu Zacarias Smith atropelando estudantes do primeiro ano para chegar à frente da fila; aqui e ali, os mais novos choravam, enquanto os mais velhos chamavam, desesperados, pelos amigos e parentes...

Harry avistou o vulto branco-perolado flutuando pelo saguão de entrada e berrou o mais alto que pôde para se sobrepor ao clamor geral.

— Nick! NICK! Preciso falar com você!

Ele abriu caminho à força pela maré de alunos e, finalmente, chegou ao pé da escadaria onde Nick Quase Sem Cabeça, o fantasma da Torre da Grifinória, o aguardava.

— Harry! Meu caro rapaz! — Nick fez menção de segurar as mãos de Harry nas dele: o garoto teve a sensação de que tinham sido enfiadas em água gelada.

— Nick, você precisa me ajudar. Quem é o fantasma da Torre da Corvinal?

Nick Quase Sem Cabeça pareceu surpreso e ligeiramente ofendido.

— A Mulher Cinzenta, naturalmente, mas se precisa de serviços fantasmais...

— Tem que ser ela... você sabe onde ela está neste momento?

— Vejamos...

A cabeça de Nick oscilou um pouco sobre a gola de tufos engomados quando a virou para cá e para lá, espiando por cima do enxame de estudantes.

— Olhe ela ali, Harry, a jovem de cabelos longos.

Harry olhou na direção que o indicador transparente de Nick apontava e viu uma fantasma alta que percebeu o garoto olhando-a, ergueu as sobrancelhas e se afastou, atravessando uma parede maciça.

Harry correu atrás dela. Ao cruzar a porta do corredor em que a Mulher Cinzenta desaparecera, ele a viu quase no final, ainda se distanciando suavemente.

— Ei... espere... volte!

Ela concordou em parar, flutuando a alguns centímetros do chão. Harry achou-a linda, com seus cabelos até a cintura e a capa que chegava ao chão, mas parecia também arrogante e orgulhosa. De perto, ele a reconheceu como a fantasma pela qual passara tantas vezes no corredor, mas a quem nunca se dirigira.

— A senhora é a Mulher Cinzenta? Ela assentiu silenciosamente.

— O fantasma da Torre da Corvinal?

— Correto.

Seu tom não era encorajador.

— Por favor, preciso de ajuda. Preciso saber qualquer coisa que a senhora possa me dizer sobre o diadema perdido.

Um sorriso frio arqueou os seus lábios.

— Receio — disse, virando-se para ir embora — não poder ajudá-lo.

— ESPERE!

Harry não pretendia gritar, mas a raiva e o pânico ameaçavam dominá-lo. Olhou para o seu relógio de pulso enquanto ela pairava ali: faltavam quinze minutos para a meia-noite.

— É urgente — disse ele, com veemência. — Se aquele diadema está em Hogwarts, preciso encontrá-lo, e depressa.

— Você não é o primeiro estudante a cobiçar o diadema — respondeu ela, desdenhosamente. — Gerações de estudantes têm me importunado...

— Não se trata de obter notas melhores! — gritou Harry. — Trata-se de Voldemort... de derrotar Voldemort... ou a senhora não está interessada nisso?

Ela não podia corar, mas suas faces transparentes se tornaram opacas e sua voz irritada ao responder:

— É claro que eu... como se atreve a insinuar...?

— Bem, me ajude, então!

Sua serenidade foi se desfazendo.

— Não... não é uma questão de... — gaguejou ela. — O diadema de minha mãe...

— De sua mãe?

Ela pareceu aborrecida consigo mesma.

— Quando eu era viva — disse, formalmente —, fui Helena Ravenclaw.

— A senhora é filha dela? Mas, então, deve saber o que aconteceu ao diadema!

— Embora o diadema conceda sabedoria — disse, com um esforço óbvio para se controlar —, duvido que possa aumentar expressivamente as suas chances de derrotar o bruxo que se intitula Lord...

— Acabei de lhe dizer: não estou interessado em usá-lo! — enfatizou Harry, impetuosamente. — Não há tempo para explicar, mas se a senhora tem apreço por Hogwarts, se quer ver Voldemort liquidado, tem que me dizer o que souber sobre o diadema!

A Mulher Cinzenta ficou muito quieta, flutuando no ar, olhando Harry do alto, e uma sensação de desamparo o invadiu. Naturalmente que se ela soubesse de alguma coisa, teria contado a Flitwick ou a Dumbledore, que, sem dúvida, já lhe teriam feito a mesma pergunta. Ele balançara a cabeça e fizera menção de ir embora, quando a fantasma falou em voz baixa:

— Eu roubei o diadema da minha mãe.

— A senhora... a senhora fez o quê?

Roubei o diadema — repetiu Helena Ravenclaw, sussurrando. -Desejava me tornar mais inteligente, mais importante do que a minha mãe, e fugi com o diadema.