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— Mandrágoras! — berrou Neville por cima do ombro, ao passar correndo por Harry. — Vamos atirá-las por cima dos muros: eles não vão gostar nem um pouco!

Harry agora sabia aonde ir: saiu embalado, com Hagrid e Canino galopando atrás dele. Passaram retrato após retrato, e as imagens pintadas corriam acompanhando-os, bruxos e bruxas em rufos e calções, em armaduras e capas, comprimiam-se nas telas uns dos outros, gritando as notícias das outras partes do castelo. Quando chegaram ao final do corredor, o castelo inteiro sacudiu e Harry percebeu, quando um vaso gigantesco foi arrancado do pedestal com força explosiva, que estava nas garras de encantamentos mais sinistros do que os dos professores e da Ordem.

— Tudo bem, Canino... tudo bem! — berrou Hagrid, mas o grande cão fugiu desembestado diante dos cacos de porcelana que voaram pelo ar como estilhaços de granada, e Hagrid foi atrás do cão aterrorizado, deixando Harry sozinho.

O garoto avançou rapidamente pelas passagens movediças, a varinha em posição, e, ao longo de todo um corredor, o pequeno cavalheiro Sir Cadogan correu de quadro em quadro ao seu lado, chocalhando a lataria da armadura, gritando palavras de incentivo, seu pônei gorducho seguindo-o a trote.

— Fanfarrões e patifes, cães e canalhas, expulse-os, Harry Potter, ponha-os para correr!

Harry se precipitou por um canto e encontrou Fred e um grupinho de estudantes, que incluía Lino Jordan e Ana Abbott, parados junto a outro pedestal vazio, cuja estátua escondia uma passagem secreta. Empunhavam as varinhas e escutavam pelo buraco oculto.

— Boa noite para isso! — gritou Fred, quando o castelo tornou a tremer e Harry passou embalado, eufórico e aterrorizado em igual medida. Por mais um corredor, ele disparou e deparou com corujas para todo lado; Madame Nor-r-ra bufava e tentava rebatê-las com as patas, sem dúvida para fazê-las voltar ao seu devido lugar...

— Potter!

Aberforth Dumbledore estava bloqueando o corredor à frente, de varinha em punho.

— Centenas de garotos passaram como uma trovoada pelo meu bar, Potter!

— Eu sei, estamos evacuando o castelo — disse Harry. — Voldemort está...

— ... atacando porque eles ainda não o entregaram, sei — disse Aberforth —, não sou surdo, toda Hogsmeade o ouviu. E não ocorreu a ninguém manter alguns alunos da Sonserina como reféns? Tem filhos dos Comensais da Morte que vocês acabaram de mandar para um lugar seguro. Não teria sido mais inteligente mantê-los aqui?

— Isso não deteria Voldemort — disse Harry —, e o seu irmão jamais teria agido assim.

Aberforth resmungou e saiu apressado na direção oposta.

Seu irmão jamais teria agido assim... ora, era a verdade, pensou Harry, recomeçando a correr; Dumbledore, que defendera Snape por tanto tempo, jamais pediria resgate por estudantes...

Então, o garoto derrapou ao virar um último canto e, com um berro que misturava alívio e fúria, ele os viu: Rony e Hermione, os dois com os braços cheios de objetos amarelos sujos e curvos, Rony sobraçando uma vassoura.

— Onde vocês se meteram, ? — reclamou Harry.

— Câmara Secreta.

— Câmara... o quê? — perguntou Harry, parando desequilibrado à frente deles.

— Foi o Rony, idéia do Rony! — exclamou Hermione, sem fôlego. — Não foi absolutamente genial? Nós estávamos lá, depois que você saiu, e eu disse ao Rony, mesmo que a gente encontre a outra, como vamos nos livrar dela? Ainda não nos livramos da taça! Então, ele se lembrou! O basilisco!

— Que b...?

— Uma coisa para destruir as Horcruxes — respondeu Rony, com simplicidade.

O olhar de Harry baixou para os objetos que Rony e Hermione traziam nos braços: grandes dentes curvos arrancados, percebeu ele, do crânio de um basilisco morto.

— Mas como vocês entraram lá? — perguntou ele, seu olhar surpreso indo dos dentes para Rony. — É preciso saber ofidioglossia!

— Ele sabe! — sussurrou Hermione. — Mostre a ele, Rony! Rony emitiu um silvo estrangulado e medonho.

— Foi o que você fez para abrir o medalhão — disse ele a Harry, desculpando-se. — precisei experimentar algumas vezes para acertar, mas -ele encolheu os ombros modestamente —, no final, conseguimos.

— Ele foi incrível! — exclamou Hermione. — Incrível!

— Então... — Harry estava fazendo força para entender. — Então...

— Então, agora temos uma Horcrux a menos — concluiu Rony, e, de dentro do blusão, puxou os restos da taça de Hufflepuff destruída. — Hermione espetou-a. Achou que devia. Ainda não tinha tido esse prazer.

— Genial! — berrou Harry.

— Não foi nada — respondeu Rony, embora parecesse felicíssimo consigo mesmo. — E quais são as suas novidades?

À sua pergunta, ouviram uma explosão no alto: os três olharam para a poeira que caía do teto e ouviram um grito distante.

— Sei como é o diadema e sei onde está — disse Harry, depressa. — Ele o escondeu exatamente onde escondi o meu velho livro de Poções, onde todo o mundo vem escondendo coisas há séculos. Ele pensou que fosse o único a descobrir esse lugar. Venham.

Entre paredes que estremeciam, ele levou os amigos de volta à entrada oculta e desceu a escada para a Sala Precisa. Estava vazia, exceto por três mulheres: Gina, Tonks e uma velha bruxa com um chapéu roído de traças, em quem Harry reconheceu imediatamente a avó de Neville.

— Ah, Potter — disse ela, sem hesitação, como se estivesse à sua espera. — Você pode nos pôr a par do que está acontecendo.

— Estão todos o.k.? — perguntaram Gina e Tonks ao mesmo tempo.

— Até onde sabemos. Ainda tem gente indo para o Cabeça de Javali?

Ele sabia que a sala não poderia se transformar se ainda houvesse gente na passagem.

— Fui a última a atravessá-la — respondeu a sra. Longbottom. -Lacrei-a, acho insensato mantê-la aberta agora que Aberforth deixou o bar. Você viu meu neto?

— Está lutando — informou Harry.

— Certamente — disse a velha senhora, orgulhosa. — Com licença, preciso ir ajudá-lo.

Com surpreendente rapidez, ela se dirigiu à escada de pedra. Harry olhou para Tonks.

— Pensei que você estivesse com Teddy na casa de sua mãe.

— Não agüentei ficar sem saber... — Tonks parecia aflita. — Minha mãe cuidará dele... você viu Remo?

— Ele estava planejando levar um grupo de combatentes para os jardins.

Sem dizer mais nada, Tonks saiu correndo.

— Gina — disse Harry —, desculpe, mas você precisa sair também. Só por um instante. Pode voltar em seguida.

Gina pareceu simplesmente encantada de deixar o seu santuário.

— E depois você volta! — gritou para a garota que já dera as costas e corria escada acima atrás de Tonks. — Você tem que voltar para cá!

— Calma aí um instante! — disse Rony, com energia. — Esquecemos alguém!

— Quem? — perguntou Hermione.

— Os elfos domésticos, devem estar lá embaixo na cozinha, não?

— Você quer dizer que devíamos pôr os elfos para lutar? — perguntou Harry.

— Não — respondeu Rony, sério —, devíamos dizer a eles para dar o fora. Não queremos outros Dobbys, não é? Não podemos mandá-los morrer por nós...

Houve um estrépito quando os dentes de basilisco caíram em cascata dos braços de Hermione. Correndo para Rony, ela se atirou ao seu pescoço e chapou-lhe um beijo na boca. Rony largou os dentes e a vassoura que estava carregando e retribuiu com tal entusiasmo que tirou Hermione do chão.

— Isso é hora? — perguntou Harry, timidamente, e, quando a cena não se alterou exceto por Rony e Hermione terem se abraçado com tanta força que chegaram a bambear, ele ergueu a voz: — Oi! Tem uma guerra rolando aqui!

Rony e Hermione se separaram, ainda abraçados.

— Eu sei, colega — disse Rony, com cara de quem acabara de levar um balaço na nuca —, então é agora ou nunca, não é?