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— PARE! — gritou Malfoy para Crabbe, sua voz ecoando pela enorme sala. — O Lorde das Trevas quer ele vivo...

— Então? Eu não estou matando ele, estou? — berrou Crabbe, empurrando o braço de Malfoy que o tolhia —, mas, se eu puder, é o que farei, o Lorde das Trevas quer ele morto mesmo, qual é a dif... ?

Um jato de luz vermelha passou a centímetros de Harry: Hermione tinha contornado o canto por trás dele e lançado um Feitiço Estuporante direto na cabeça de Crabbe. Errou apenas porque Malfoy tirou o colega do caminho.

— É aquela sangue-ruim! Avada Kedavra!

Harry viu Hermione mergulhar para um lado, e sua fúria ao ver que Crabbe quisera matá-la apagou todo o resto de sua mente. Ele lançou um Feitiço Estuporante em Crabbe, que se arremessou para longe derrubando a varinha da mão de Malfoy; o objeto desapareceu sob uma montanha de caixas e móveis quebrados.

— Não o mate! NÃO O MATE! — urrou Malfoy para Crabbe e Goyle, que miravam em Harry: a fração de segundo de hesitação foi só o que Harry precisou.

— Expelliarmus!

A varinha de Goyle voou de sua mão e sumiu entre os objetos ao seu lado. Goyle ficou pulando inutilmente no mesmo lugar, tentando recuperá-la; Malfoy saltou fora do alcance do segundo Feitiço Estuporante de Hermione e Rony, aparecendo repentinamente no fim da ala, lançou um Feitiço do Corpo Preso em Crabbe, que, por pouco, não o acertou.

Crabbe se virou e tornou a gritar:

Avada Kedavra! — Rony, de um salto, se escondeu para evitar o jorro de luz verde. Malfoy, sem varinha, abrigou-se atrás de um guarda-roupa de três pernas quando Hermione avançou contra eles e a caminho, acertou Goyle com um Feitiço Estuporante.

— Está por aqui em algum lugar! — berrou Harry para ela, apontando uma pilha de destroços em que a velha tiara caíra. — Procure enquanto vou ajudar R...

— HARRY! — gritou ela.

Um rugido crescente às suas costas lhe deu um breve aviso. Ele se virou e viu Rony e Crabbe correndo o mais rápido possível pela ala em sua direção.

— Que tal o calor, gentalha? — urrou Crabbe enquanto corria. Entretanto, ele parecia não ter o menor controle sobre o que fizera. Chamas de tamanho anormal os perseguiram, lambendo os lados da montanha de objetos, que se desfazia em fuligem ao seu toque.

Aguamenti! — berrou Harry, mas o jato de água que voou da ponta de sua varinha se evaporou no ar.

— CORRAM!

Malfoy agarrou o estuporado Goyle e arrastou-o consigo: Crabbe ultrapassou todos na corrida, agora aterrorizado; Harry, Rony e Hermione se precipitaram em seu rastro, o fogo atrás. Não era um fogo normal; Crabbe usara um feitiço que Harry desconhecia: ao virarem um canto, as chamas se lançaram em seu encalço como se estivessem vivas, conscientes, decididas a matá-los. Então, o fogo começou a mudar, a formar um gigantesco bando de feras: serpentes flamejantes, quimeras e dragões se elevavam e baixavam e tornavam a se elevar, e os detritos de séculos com que se alimentavam eram arremessados no ar para dentro de suas bocas dentadas, jogados para o alto sobre pés com garras, antes de serem consumidos pelo inferno.

Malfoy, Crabbe e Goyle tinham desaparecido; Harry, Rony e Hermione pararam subitamente; os monstros de fogo os rodeavam, cada vez mais próximos, chicoteando garras, chifres e caudas, e o calor se tornava sólido como uma parede, sitiando-os.

— Que fazemos? — gritou Hermione, sobrepondo-se ao rugido ensurdecedor do fogo. — Que fazemos?

— Aqui!

Harry passou a mão em duas vassouras de aspecto pesado na pilha de lixo mais próxima e atirou uma para Rony, que puxou Hermione para a garupa. Harry montou a segunda vassoura e, chutando o chão com vigor, eles levantaram vôo, passando ao largo do bico chifrudo de um raptor flamejante que tentava abocanhá-los. A fumaça e o calor estavam se tornando avassaladores: embaixo, o fogo amaldiçoado estava consumindo o contrabando de gerações de estudantes perseguidos, o resultado criminoso de experiências proibidas, os segredos de incontáveis almas que buscaram refúgio naquela sala. Harry não via vestígio de Malfoy, Crabbe e Goyle em lugar algum: mergulhou o mais baixo que a coragem lhe permitiu sobre as monstruosas chamas errantes para tentar encontrá-los, mas não viu nada exceto fogo: era uma morte terrível... jamais desejara isso...

— Harry, vamos embora, vamos embora! — berrou Rony, embora fosse impossível ver onde estava a porta naquela fumaceira escura.

Então Harry ouviu um débil lamento humano no meio da terrível confusão, do rugido das chamas devoradoras.

— É... muito... perigoso! — berrou Rony, mas Harry fez meia-volta no ar. Seus óculos ofereciam aos seus olhos alguma proteção contra a fumaça, ele investigou a tempestade de fogo embaixo, procurando um sinal de vida, um membro ou um rosto que ainda não tivesse virado carvão como a madeira...

E ele os viu: Malfoy com os braços em volta do inconsciente Goyle, os dois empoleirados sobre uma frágil torre de escrivaninhas queimadas, e Harry mergulhou. Malfoy viu-o descendo, ergueu um braço, mas, no momento em que o agarrou, Harry percebeu que não adiantava: Goyle era pesado demais e a mão suada de Malfoy escorregou instantaneamente da dele...

— SE MORRERMOS POR CAUSA DELES, VOU MATAR VOCÊ, HARRY! — vociferou Rony, e quando uma grande quimera flamejante avançou sobre os dois, ele e Hermione puxaram Goyle para cima da vassoura e subiram mais uma vez no ar, rolando para os lados, para frente e para trás, enquanto Malfoy escalava com mãos e pés a traseira da vassoura de Harry.

— A porta, vão para a porta, a porta! — gritou Malfoy no ouvido de Harry, e o garoto ganhou velocidade, seguindo Rony, Hermione e Goyle através da crescente nuvem de fumaça escura, mal conseguindo respirar: a toda volta os últimos objetos ainda não queimados pelas chamas devoradoras foram parar no ar, enquanto as criaturas do fogo maldito comemoravam, atirando-os para o alto: taças, escudos, um colar cintilante e uma velha tiara descolorida...

O que você está fazendo, o que você está fazendo? A porta é para o outro lado! -gritou Malfoy, mas Harry fez uma curva fechada e mergulhou. O diadema parecia cair em câmara lenta, girando e rebrilhando em direção à barriga de uma serpente a bocejar, então ele o capturou, enlaçando-o no pulso...

Harry fez nova curva quando a serpente se atirou sobre ele, empinou o nariz da vassoura e voou direto para o lugar em que, pedia ele aos céus, haveria uma porta aberta: Rony, Hermione e Goyle tinham desaparecido, Malfoy gritava e se agarrava a Harry com tanta força que chegava a machucá-lo. Então, através da fumaça, o garoto viu um trecho retangular da parede e apontou para lá a vassoura, momentos depois o ar puro encheu seus pulmões e os dois se chocaram contra a parede no corredor além.

Malfoy caiu da vassoura e ficou deitado de cara para baixo, arquejando, tossindo e engulhando. Harry rolou para o lado e se sentou: a porta da Sala Precisa desaparecera, e Rony e Hermione, ofegantes, estavam sentados ao lado de Goyle, que continuava inconsciente.

— C-Crabbe — engasgou Malfoy, assim que pôde falar. — C-Crabbe...

— Ele está morto — disse Rony, com rispidez.

Fez-se silêncio, exceto pelos arquejos e tossidas. Então, uma série de fortes estampidos sacudiu o castelo e uma grande cavalgada de vultos transparentes passou a galope, as cabeças gritando sedentas de sangue sob os braços dos fantasmas. Harry se ergueu cambaleando depois que os Caçadores Sem Cabeça passaram, e olhou ao seu redor: a batalha continuava para todo lado. Ouviam-se outros gritos além dos emitidos pelos fantasmas em retirada. O pânico cresceu em seu íntimo.

— Onde está a Gina? — perguntou, bruscamente. — Ela estava aqui. Devia ter voltado para a Sala Precisa.

— Caramba, você acha que ela ainda funcionará depois desse incêndio? — indagou Rony, mas ele também se levantou, esfregando o peito e olhando para os lados. — Vamos nos separar e procurar...?