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— Afinal, que está fazendo com todos esses livros? — perguntou Rony, mancando de volta à cama.

— Tentando decidir quais deles vamos levar conosco, quando formos procurar as Horcruxes.

— Ah, claro — disse Rony, batendo na própria testa. — Esqueci que vamos liquidar Voldemort em uma biblioteca móvel.

— Ha-ha — replicou ela, examinando o Silabário. — Será que... precisaremos traduzir runas? É possível... acho que é melhor levar, só por precaução.

Hermione jogou o livro na maior das duas pilhas e apanhou Hogwarts, uma história.

— Escutem aqui — disse Harry.

Ele se empertigara na cama. Rony e Hermione olharam o amigo com expressões iguais que somavam resignação e desafio.

— Eu sei que vocês disseram, depois dos funerais de Dumbledore, que queriam me acompanhar — começou Harry.

— Lá vem ele — comentou Rony com Hermione olhando para o teto.

— Como sabíamos que iria fazer — suspirou a garota, voltando sua atenção para os livros. — Sabem, acho que vou levar Hogwarts, uma história. Mesmo que a gente não volte lá, acho que não me sentiria bem se não carregasse...

— Escutem! — repetiu Harry.

— Não, Harry, escute você — retorquiu Hermione. — Vamos com você. Isto já ficou decidido há meses; aliás, há anos.

— Mas...

— Cala essa boca — Rony o aconselhou.

— ... vocês têm certeza que refletiram bem? — insistiu Harry.

— Vejamos — retrucou Hermione, batendo com o volume de Viagens com trasgos na pilha dos descartados, com uma expressão feroz no rosto. — Estou arrumando a bagagem há dias, portanto estamos prontos para partir a qualquer momento, o que, para sua informação, exigiu feitiços extremamente complexos, para não mencionar o contrabando do estoque de Poção Polissuco de Olho-Tonto, bem debaixo do nariz da mãe de Rony.

“Além disso, alterei a memória dos meus pais para se convencerem de que, na realidade, são Wendell e Monica Wilkins, e que sua ambição na vida é mudar para a Austrália, o que eles já fizeram. Para dificultar que Voldemort os encontre e interrogue sobre mim... ou sobre vocês, porque, infelizmente, contei aos dois muita coisa sobre vocês.

“Supondo que eu sobreviva à busca das Horcruxes, procurarei mamãe e papai e desfarei o feitiço. Se não... bem, acho que lancei neles um encanto suficientemente forte para que vivam seguros e felizes como Wendell e Monica Wilkins. O casal não sabe que tem uma filha, entendem.”

Os olhos de Hermione tinham se enchido novamente de lágrimas. Rony tornou a levantar da cama, a abraçá-la pelos ombros e a franzir a testa para Harry como se o repreendesse pela falta de tato. Harry não conseguiu pensar em mais nada para contrapor a isso, no mínimo porque era excepcionalmente insólito Rony ensinar alguém a ter tato.

— Eu... Hermione, peço desculpas... eu não...

— Não percebeu que Rony e eu temos perfeita noção do que poderá acontecer se formos com você? Pois temos. Rony, mostre ao Harry o que você já fez.

— Nãããh, ele acabou de comer — disse Rony.

— Mostra logo, ele precisa saber!

— Ah, tá, Harry, vem comigo.

Pela segunda vez, Rony parou de abraçar Hermione e saiu mancando para a porta.

— Anda.

— Por quê? — quis saber Harry, saindo do quarto e acompanhando Rony ao pequeno patamar do sótão.

Descendo! — murmurou Rony, apontando a varinha para o teto baixo. Um alçapão se abriu e uma escada desceu aos seus pés. Um barulho horrível, meio gemido meio sucção, saiu do buraco quadrado, juntamente com um horrível cheiro de esgoto.

— É o seu vampiro, não é? — perguntou Harry, que nunca chegara a conhecer a criatura que, por vezes, perturbava o silêncio noturno n’A Toca.

— É — confirmou Rony subindo a escada. — Suba para dar uma olhada nele.

Harry seguiu o amigo pela escadinha até o minúsculo sótão. Sua cabeça e seus ombros já estavam no quarto quando ele avistou a criatura enroscada ali perto no escuro, ferrada no sono com a bocarra aberta.

— Mas ele... parece... é normal vampiros usarem pijamas?

— Não — respondeu Rony. — Nem é normal terem cabelos ruivos ou tantas espinhas.

Harry contemplou a coisa, ligeiramente enojado. Na forma e no tamanho, pareceu-lhe humano e, aos seus olhos acostumados ao escuro, não havia dúvida de que usava um pijama velho de Rony. Harry também não duvidava de que os vampiros, em geral, fossem viscosos e carecas, e não visivelmente cabeludos e cobertos de feias espinhas roxas.

— Ele sou eu, entendeu? — disse Rony.

— Não. Não entendi.

— Então explico lá no meu quarto, o cheiro está me incomodando. — Os dois desceram a escada, que Rony empurrou de volta ao teto, e foram se reunir a Hermione, que continuava separando livros.

“Quando viajarmos, o vampiro vai descer para morar no meu quarto”, disse Rony. “Acho que ele está até ansioso para isso acontecer, mas é difícil saber, porque ele só sabe gemer e babar, mas acena muito com a cabeça quando se menciona a mudança. Em todo caso, ele vai ser o Rony com sarapintose. Bem bolado, hein?”

O rosto de Harry espelhava sua perplexidade.

— É, sim! — insistiu Rony, visivelmente frustrado porque Harry não alcançara a genialidade do seu plano. — Olhe, quando nós três não aparecermos em Hogwarts, todo o mundo vai pensar que Hermione e eu estamos com você, certo? O que significa que os Comensais da Morte irão direto procurar as nossas famílias para obter informações sobre o seu paradeiro.

— Mas, se o plano der certo, parecerá que fui viajar com os meus pais; muitas pessoas que nasceram trouxas estão falando em sumir de circulação por um tempo — esclareceu Hermione.

— Não podemos esconder a minha família inteira, iria parecer suspeito demais, além disso, eles não podem largar o emprego -explicou Rony. — Então, vamos divulgar a história de que estou gravemente doente com sarapintose, razão por que não pude voltar à escola. Se alguém vier investigar, meus pais podem mostrar o vampiro na minha cama, coberto de pústulas. Essa doença é realmente contagiosa, portanto eles não vão querer chegar muito perto. E também não fará diferença se o vampiro não puder falar nada, porque aparentemente ninguém pode, depois que o fungo ataca a úvula.

— E seus pais concordaram com esse plano? — perguntou Harry.

— Papai, sim. Ele ajudou Fred e Jorge a transformarem o vampiro. Mamãe... bem, você já viu como ela é. Não vai aceitar que viajemos até termos partido.

Fez-se silêncio no quarto, interrompido apenas pelas leves batidas que Hermione produzia ao jogar os livros em uma das duas pilhas. Rony parou, observando-a, e Harry olhava de um para outro incapaz de falar. As medidas que os amigos tinham tomado para proteger as famílias, mais do que qualquer outra coisa, o convenceram de que iriam acompanhá-lo e que sabiam exatamente o perigo que corriam. Quis manifestar o quanto isto significava para ele, mas simplesmente não encontrava palavras que fossem expressivas o suficiente.

No silêncio, ouviram o ruído abafado dos gritos da sra. Weasley quatro andares abaixo.

— Gina provavelmente deixou uma poeirinha em uma droga qualquer de porta-guardanapos — comentou Rony. — Não sei por que os Delacour inventaram de chegar dois dias antes do casamento.

— A irmã de Fleur vai ser dama de honra, precisa estar aqui para o ensaio e é jovem demais para viajar sozinha — explicou Hermione, examinando indecisa o Como dominar um espírito agourento.

— Bom, ter hóspedes não vai melhorar os níveis de estresse da mamãe — comentou Rony.

— O que realmente precisamos decidir — disse Hermione, atirando o Teoria da defesa em magia em uma lata de lixo sem olhá-lo duas vezes e apanhando Uma avaliação da educação em magia na Europa — é para onde iremos ao sair daqui. Eu sei que você disse que quer ir a Godric’s Hollow primeiro, Harry, e entendo o motivo, mas... bem... não devíamos dar prioridade às Horcruxes?