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— Não fui eu que o matei, Alvo — respondeu a voz baixa.

O feitiço se desfez, o vulto de pó explodiu e foi impossível ver o recém-chegado através da densa nuvem cinzenta que o espectro deixou ao desaparecer.

Harry apontou a varinha para o meio da nuvem.

— Não se mexa!

Ele esquecera, porém, o retrato da sra. Black: ao som de sua ordem, as cortinas que a ocultavam se abriram repentinamente e a bruxa começou a gritar:

Sangues-ruins e escória desonrando minha casa...

Rony e Hermione desceram atrás de Harry reboando pela escada, as varinhas apontadas para o estranho no corredor, as mãos para o alto.

— Guardem as varinhas, sou eu, Remo!

— Ah, graças aos céus — exclamou Hermione em voz baixa, dirigindo a varinha para a sra. Black; com um estampido, as cortinas tornaram a fechar e fez-se silêncio. Rony também baixou a varinha, mas Harry não.

— Apareça! — falou.

Lupin deu um passo para a luz, as mãos ainda no alto em um gesto de rendição.

— Sou Remo João Lupin, lobisomem, também conhecido como Aluado, um dos quatro criadores do mapa do maroto, casado com Ninfadora, mais conhecida como Tonks, e o ensinei a produzir um Patrono, Harry, que assume a forma de um veado.

— Ah, tudo bem — disse Harry, baixando a varinha —, mas eu tinha que verificar, não?

— Na qualidade de seu antigo professor de Defesa contra as Artes das Trevas, concordo plenamente que precisasse verificar. Rony, Hermione, vocês não deviam ter baixado a guarda tão rapidamente.

Os garotos desceram o resto da escada e correram para o recém-chegado. Protegido por uma grossa capa de viagem preta, ele parecia exausto, mas satisfeito em revê-los.

— Então, nem sinal de Severo? — perguntou.

— Não — respondeu Harry. — Que está acontecendo? Estão todos bem?

— Estão — confirmou Lupin —, mas vigiados. Há uns dois Comensais da Morte no largo aí em frente...

— ... sabemos...

— ... precisei aparatar exatamente no último degrau à frente da porta para garantir que não me vissem. Não sabem que vocês estão aqui, ou tenho certeza que postariam mais gente lá fora; estão tocaiando todos os lugares que têm alguma ligação com você, Harry. Vamos descer, tenho muito que lhes contar e quero saber o que aconteceu depois que saíram d’A Toca.

Eles desceram à cozinha, onde Hermione apontou a varinha para a lareira. As chamas subiram instantaneamente: deram a ilusão de aconchego às frias paredes de pedra e se refletiram na superfície da mesa de madeira. Lupin tirou algumas cervejas amanteigadas debaixo da capa de viagem, e todos se sentaram.

— Eu teria chegado aqui há três dias, mas precisei me livrar do Comensal que estava me seguindo — comentou Lupin. — Então, vocês vieram direto para cá depois do casamento?

— Não — respondeu Harry —, só depois de toparmos com dois Comensais em um bar na Tottenham Court.

Lupin derramou quase toda a cerveja no peito.

— Quê?

Os garotos explicaram o que havia acontecido; quando terminaram, Lupin estava horrorizado.

— Mas como encontraram vocês tão depressa? É impossível rastrear uma pessoa que aparata, a não ser que a agarrem antes de desaparecer!

— E é pouco provável que estivessem apenas passeando pela Tottenham Court na hora, concorda? — comentou Harry.

— Pensamos — arriscou Hermione — que talvez Harry ainda tivesse o rastreador, que acha?

— Impossível — respondeu Lupin. Rony fez cara de quem acertou, e Harry se sentiu imensamente aliviado. — Sem me aprofundar, se Harry ainda carregasse o rastreador, eles teriam certeza absoluta de sua presença aqui, não é mesmo? Mas não vejo como poderiam ter seguido vocês a Tottenham Court, e isso me preocupa, realmente me preocupa.

Ele pareceu perturbado, mas, se dependesse de Harry, a pergunta poderia esperar.

— Conte o que aconteceu depois que saímos, não soubemos de nada desde que o pai de Rony nos avisou que a família estava bem.

— Bem, Kingsley nos salvou — disse Lupin. — Graças ao seu aviso, a maior parte dos convidados pôde desaparatar antes da invasão.

— Eram Comensais da Morte ou gente do Ministério? — interrompeu-o Hermione.

— Os dois; para todos os efeitos, agora os dois são a mesma coisa — disse Lupin. — Eram uns doze, mas não sabiam que você estava lá, Harry. Arthur ouviu um boato que procuraram descobrir o seu paradeiro, torturando Scrimgeour antes de matá-lo; se for verdade, ele não o traiu.

Harry olhou para Rony e Hermione; seus rostos refletiam a mescla de choque e gratidão que ele sentia. Jamais gostara muito de Scrimgeour, mas, se o que Lupin dizia fosse verdade, o último gesto do homem fora protegê-lo.

— Os Comensais revistaram A Toca de cima a baixo — continuou Lupin. — Encontraram o vampiro, mas não quiseram chegar muito perto; depois interrogaram horas seguidas os que permaneceram na casa. Estavam querendo obter informações sobre você, Harry, mas, naturalmente, ninguém mais além dos membros da Ordem sabia que você tinha estado lá.

“Ao mesmo tempo em que acabavam com o casamento, outros Comensais estavam invadindo as casas no campo que tinham ligação com a Ordem. Não mataram ninguém”, acrescentou, depressa, prevendo a pergunta, “mas foram violentos. Queimaram a casa de Dédalo Diggle, mas, como você sabe, ele não estava, e usaram a Maldição Cruciatus na família de Tonks, tentando descobrir aonde você tinha ido depois de visitá-los. Eles estão bem... obviamente abalados... mas, sob outros aspectos, bem.”

— Os Comensais da Morte romperam todos os feitiços de proteção? — perguntou Harry, lembrando-se de sua eficácia na noite em que ele se acidentara no jardim dos Tonks.

— O que você precisa compreender, Harry, é que os Comensais agora têm o Ministério todo na mão — disse Lupin. — Têm o poder de usar feitiços cruéis sem medo de serem identificados ou presos. Conseguiram penetrar cada feitiço defensivo que lançamos contra eles e, uma vez dentro, agiram abertamente.

— E por que estão se dando o trabalho de inventar desculpas para descobrir o paradeiro de Harry por meio de tortura? — perguntou Hermione, com um fio de irritação na voz.

— Bem... — começou Lupin. Hesitou um momento, então tirou da capa um exemplar dobrado do Profeta Diário. — Leia — disse, empurrando o jornal para Harry do outro lado da mesa —, você irá saber mais cedo ou mais tarde. É o pretexto que estão usando para procurar você.

Harry abriu o jornal. Uma enorme fotografia sua ocupava a primeira página. Leu a manchete.

PROCURADO PARA DEPOR SOBRE A MORTE DE ALVO DUMBLEDORE

Rony e Hermione gritaram indignados, mas Harry ficou calado. Empurrou o jornal para longe; não queria ler mais nada: sabia o que dizia. Ninguém, exceto os que estavam no alto da torre quando Dumbledore morreu, sabia quem realmente o matara, e, como Rita Skeeter já divulgara para o mundo bruxo, Harry fora visto fugindo do local momentos depois da queda de Dumbledore.

— Lamento, Harry — disse Lupin.

— Então os Comensais da Morte tomaram o Profeta Diário também?

— perguntou Hermione, furiosa.

Lupin assentiu.

— Mas com certeza as pessoas percebem o que está acontecendo, não?

— O golpe foi hábil e virtualmente silencioso — respondeu Lupin.

— A versão oficial para o assassinato de Scrimgeour é que ele renunciou; foi substituído por Pio Thicknesse, que está sob a influência da Maldição Imperius.

— Por que Voldemort não se declarou ministro da Magia? — perguntou Rony.

Lupin riu.

— Não precisa, Rony. Ele é de fato o ministro da Magia, então, para que iria se sentar atrás de uma mesa no Ministério? Seu fantoche, Thicknesse, está cuidando da burocracia diária, deixando Voldemort livre para estender sua influência para além do Ministério.