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-E se ele disser não? E se ele quiser o dinheiro hoje à noite? - Eu encarrego-me dele - disse Tony Rizzoli. - Deixe que eu falo.

-E se ele não aparecer? E se ele... você sabe... mandar alguém matar-me? Acha que seria capaz de fazer uma coisa dessas?

-Não, enquanto tiverhipótese dever o dinheiro dele-disse Rizzoli confiantemente.

Às sete horas, Sal Prizzi finalmente apareceu. Korontzis correu para a porta e abriu-a.

-Boa noite-disse ele. Prizzi olhou para Rizzoli.

-Mas que raio está você a fazer aqui? -Voltou-se para Victor Korontzis. - Isto é só entre nós.

-Calma-disse Rizzoli. -Estou aqui para ajudar.

-Não preciso da sua ajuda. -Prizzi voltou-se para Korontzis. - Onde é que está o meu dinheiro?

-Eu... não o tenho. Mas...

Prizzi agarrou pelos colarinhos.

- Ouça, meu cabrão. Ou me dá o dinheiro esta noite, ou vai ser comida dos peixes. Percebe?

Tony Rizzoli disse:

-Eh, acalme-se. Vai receber o seu dinheiro. Prizzi voltou-se para ele.

-Eu disse-lhe para não se meter nisto. 0 assunto não lhe diz respeito.

-Vai ser assunto meu. Eu sou amigo do Victor. 0 Victor não tem o dinheiro neste preciso momento, mas descobriu maneira de lho arranjar.

-Ele tem o dinheiro ou não tem? -Tem e não tem -disse Rizzoli.

- Que raia de resposta essa?

0 braço de Tony Rizzoli correu a sala. - 0 dinheiro está aqui.

Sal Prizzi perscrutou a sala. - Onde?

-Naquelas vitrinas. Estão cheias de velharias... -Antiguidades-disse Korontzis automaticamente. -... que valem uma fortuna. Estou a falar de milhões.

-Ah sim? -Prizzi virou-se para olhar as vitrinas. -Para que é que me servem se estão trancadas num museu? Eu quero dinheiro. -Você vai ter dinheiro -disse Rizzoli brandamente. - 0 dobro daquilo que o meu amigo lhe deve. Só tem que ter um pouco de paciência, é tudo, 0 Victor não é um cambista. Ele apenas precisa de um pouco de tempo. Eu vou-lhé contar o plano dele. 0 Victor vai tirar uma destas velharias.., antiguidades... e vendê-la. Assim que ele arranjar o dinheiro, paga-lhe. Sal Prizzi sacudiu a cabeça.

- Isto não me cheira. Não sei nada desse negócio de velharias. -E não precisa. 0 Victor é um dos maiores peritos do mundo. - Tony Rizzoli foi até uma das vitrinas e apontou para uma cabeça de mármore. - Quanto é que isso vale, Victor ?

Victor Korontzis engoliu.

-Esta é a deusa Higia, século catorze antes de Cristo. Qualquer coleccionador pagaria com todo o prazer dois ou três milhões de dólares por isso.

Rizzoli voltou-se para Sal Prizzi. -Aí tem. Entende o que eu digo? Prizzi franziu o sobrolho.

-Não sei. Quanto tempo é que eu teria de esperar? -Ter o dobro do seu dinheiro dentro de um mês.

Prizzi pensou por um momento, depois fez um sinal afirmativo com a cabeça.

-Tudo bem, mas se eu tiver de esperar um mês quero mais... digamos, mais duzentos mil dólares.

Tony Rizzoli olhou para Victor Korontzis. Korontzis sacudia a cabeça ansiosamente. -Muito bem - disse Rizzoli. - Está combinado. Sal Prizzi dirigiu-se ao conservador de baixa estatura.

-Vou dar-lhe trinta dias. Se eu não tiver o dinheiro nessa altura, você será carne para cão. Está a perceber?

Korontzis engoliu. -Estou.

- Lembre-se... trinta dias.

Deu a Tony um longo e duro olhar. -Eu não gosto de si.

Ficaram a olhar enquanto Sal Prizzi se voltou e saiu da sala. Korontzis afundou-se numa cadeira, enxugando a testa.

-Oh, meu Deus-disse ele. -Pensei que ele meia matar. Acha que conseguimos arranjar-lhe o dinheiro dentro de trinta dias? - Claro - prometeu Tony Rizzoli. -Tudo o que tem a fazer é tirar uma dessas coisas da vitrina e pôr lá uma cópia.

- Como é que vai levá-la para fora do país? Você vai parar à prisão se for apanhado.

-Eu sei-disse Tony corajosamente. -Mas é um risco que vou ter de correr. Eu devo-lhe isso, Victor.

Uma hora depois, Tony Rizzoli, Sal Prizzi, Otto Dalton, Perry Breslauer e Marvin Seymour estavam a tomar umas bebidas na suite do hotel de Dalton.

- Correu às mil maravilhas - disse Rizzoli . - 0 gajo apanhou cá um cagaço.

Sal Prizzi deu um sorriso largo, mostrando os dentes. -Assustem, hem?

-Assustaste-me foi a mim-disse Rizzoli. -Davas um actor do caraças.

- Que é que ficou combinado agora? - perguntou Marvin Seymour.

Rizzoli replicou.

-Combinámos o seguinte: ele dá-me uma daquelas velharias. Eu arranjo maneira de fazê-la sair e vendê-la. Depois cada um de vocês receberá a sua parte.

- Lindo - disse Perry Breslauer. -Adoro.

«É como ter uma mina de ouro, pensou Rizzoli. «Assim que Korontzis começar com isto, está no papo. Não vai poder voltar atrás. Vou obrigá-lo a limpar todo aquele maldito museu.p

Marvin Seymour perguntou:

- Como é que vais levar a coisa para fora do país?

- Eu arranjo maneira - disse Tony Rizzoli. - Eu arranjo maneira.

Tinha de arranjar. E depressa. Alfredo Mancuso e Gino Laveri estavam à espera.

No quartel-general da polícia, situado na Rua Stadiou, fora convocadaumareunião de emergência. Nasala de conferências estavam o chefe da políciaDmitri, o inspectorTinou, o inspectorNicolino, Walt Kelly, o agente do Departamento do Tesouro dos Estados Unidos da América e meia dúzia de detectives. 0 ambiente era muito diferente do da reunião anterior.

0 inspector Nicolino dizia:

-Temos agora razões para acreditar que a sua informação estava correcta, senhor Kelly. As nossas fontes dizem-nos que Tony Rizzoli está a tentar encontrar um meio para fazer sair um vultuoso embarque de heroína de Atenas. Já demos início a uma revista de possíveis armazéns onde ele a possa ter guardado.

- Pôs o Rizzoli sob vigilância?

-Aumentámos o número de homens esta manhã-disse o chefe Dmitri.

Walt Kelly suspirou.

-Só espero que não seja tarde de mais.

0 inspector Nicolino atribuiu a vigilância de Tony Rizzoli a duas equipas de detectives, mas ele subestimou o seu sujeito. À tarde Rizzoli apercebeu-se de que tinha companhia. Sempre que saía do pequeno hotel em que estava hospedado, era seguido, e quando regressava havia sempre alguém a matar casualmente o tempo nas traseiras. Eram profissionais a sério. Rizzoli gostava disso. Era um sinal de respeito por ele. Ele agora não só tinha de achar uma maneira de fazer sair a heroína de Atenas mas também ia ter uma antiguidade sem preço para negociar. 0 Alfredo Mancuso e o Gino Laveri não me largam, e a polícia caiu em cima de mim como um cobertor molhado. Tenho de fazer um contacto rapidamente». 0 único que lhe veio imediatamente à cabeça foi o de Ivo Bruggi, um pequeno armador de Roma. Rìzzoli fizera negócio com Bruggi no passado. Era urna tentativa com pouca possibilidade de sucesso, mas era melhor do que nada. Rìzzoli tinha a certeza de que o telefone do seu quarto de hotel estava sob escuta.Tenho de arranjar um estratagema para poder receber chamadas no hotel. Ficou sentado a pensar longamente. Por fim, levantou-se e foi até ao quarto em frente e bateu à porta. Foi um homem idoso de rosto irritado que a abriu.

-Sim?

Rìzzoli mostrou-se simpático.

- Desculpe-me - disse ele. - Lamento incomodá-lo. Vivo no quarto em frente. Será que eu poderia entrar e falar consigo por um minuto?

0 homem analisau-o desconfiadamente. - Quero vê-lo abrir a porta do seu quarto. Tony Rìzzoli sorriu.

-Certamente. -Atravessou o corredor, tirou a chave e abriu a porta.

0 homem fez um sinal afirmativo com a cabeça. -Está certo. Entre.

Tony Rìzzoli fechou a porta e entrou no quarto que ficava no lado oposta.

- Que é que quer?

-Bem, trata-se de um problema pessoal, e custa-me muito incomodá-lo, mas... Bem, a verdade é que estou quase a divorciar-me, e a minha mulher contratou alguém para me seguir.

Abanou a cabeça desgostoso.

- Ela até pôs o telefone do meu quarto sob escuta. -Mulheres! -resmungou o vizinho. -Malditas. Eu divorciei-me o ano passado. Uma coisa que já devia ter feito há dez anos. - Ah ? De qualquer forma, o que eu queria era saber se o senhor não se importava que eu desse o número do telefone do seu quarto a dois amigos para eles me telefonarem para aqui. Prometo que não haverão muitas chamadas.