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-Diverte-te-Catherine gritoa -Não te esqueças de escrever. -Bem -disse o instrutor-, mãos à obra.

Para surpresa de Catherine, as lições foram divertidas. Estava nervosa no começo. Sentiu-se desastrosa e subiu a pequena inclinação desajeitadamente.

-Incline-se um pouco para afrente. Mantenha os esquis apontados para a frente.

-Diga-lhes a eles. É que eles têmvontade própria-declarou Catherine.

-Está a sair-se muito bem. Agora vamos descer. Dobre os joelhos. Equilibre-se. Arranque.

Ela caiu.

- Mais uma vez. Está a fazer muito bem,

Voltou a cair. E de novo. E de repente encontrou o equilíbrio. E era como se tivesse asas. Desceu a encosta, e foi divertido. Quase parecia voar. Adorava o esmagar da neve sob os esquis e a sensação do vento a bater-Ihe no rosto.

- Adoro isto - disse Catherine. - Não admira que as pessoas fiquem penduradas a isto. Vai levar muitotempo a irmosparaadescida grande?

0 instrutor riu-se.

-Hoje vamos ficar por aqui. -Amanhã, os olímpicos. Feitas bem as contas, foi uma manhã gloriosa.

Ela estava à espera de Kirk Reynolds na Sala do Grill quando ele regressou da prática de esqui. Assuas faces estavam rosadas e ele parecia animado. Foi até ã mesa de Catherine e sentou-se.

- Então - perguntou -,como é que correu? -Extraordinário. Não parti nada de importante. Apenas caí seis vezes. E sabes uma coisa? - disse orgulhosamente. - Mais para o fim já esquiava lindamente. Acho que ele me vai inscrever para osJogos Olímpicos.

Reynolds sorriu.

-Óptimo. -Ele ia referir-se ao telefonema que fez a Peter Demonides, e depois decidiu calar-se. Não queria perturbar Catherine de novo.

Depois do almoço, foram dar um longo passeio a pé na neve, entrando em algumas lojas só paraver. Catherine começava a sentir-se cansada.

-Acho que me apeteciavoltarpara o quarto-disse ela,-Talvez durma um pouco.

- Boa ideia. 0 ar é muito rarefeito aqui, e quando não se está acostumado fica-se cansado facilmente.

--0 que é que vais fazer, Kirk?

Ele olhou para um declive distante.

-Acho que vou descer o Grischa. Nunca o fiz. É um desafio. - Queres dizer «porque está lá».

- 0 quê?

Nada. Parece tão perigoso.

Reynolds fez um sinal afirmativo com a cabeça. - É por isso que é um desafio.

Catherine segurou a mão dele.

- Kirk, sobre ontem à noite. Desculpa. Vou... tentar fazer melhor.

- Não te preocupes. Vai para o hotel e dorme um pouco. -Vou mesmo,

Catherine viu-o afastar-se e pensou: «Ele é um homem maravilhoso. Que vê ele numa idiota como eu?»

Catherine dormiu durante a tarde, e desta vez não houve sonhos. Quando acordou, eram quase seis horas. Kirk estaria de volta em breve.

Catherine tomou banho e vestiu-se, pensando no fim de tarde que se aproximava dela. «Não, não à tardinha, admitiu ela para si própria, à noite. Vou compensá-lo.»

Foi até à janela e olhou para fora. Começava a escurecer. «0 Kirk deve estar mesmo a divertir-se», pensou Catherine. Olhou para o enorme declive à distância. «Aquilo é o Grischa? Será que alguma vez serei capaz de esquiar lá?» Às sete horas Kirk Reynolds ainda não havia voltado. 0 crepúsculo transformara-se numa escuridão profunda. Ele não pode estar a esquiar às escuras, pensou Catherine. Aposto que está lá em baixo no bar a tomar uma bebida. Dirigia-se para a porta quando o telefone tocou. Levantou o auscultador e disse alegremente:

- Então, cruzaste-te com algum Sherpa? Uma voz desconhecida disse:

- Senhora Reynolds?

Ela começou por dizer não, depois lembrou-se como Kirk os registara.

- Sim. Fala a senhora Reynolds.

-Infelizmente tenho más notícias para si. 0 seu marido teve um acidente de esquiação.

- Oh, não! ... muito grave? -Infelizmente .

-Vou já para aí. Onde..:?

-Lamento dizer-lhe que ele... ele morreu, senhora Reynolds. Estava a esquiar no Lagalp e partiu o pescoço.

Tony Rizzoli viu-a sair da casa de banho nua e pensou: «Porque é que as mulheres gregas têm um rabo tão grande? Ela enlïou-se na cama ao lado dele, abraçou e sussurrou: -Estou feliz por me teres escolhido a mim, poulaki. -Desejei-te desde o primeiro momento em que te vi. Era tudo o que Tony Rizzoli podia fazer para não rir em voz alta. A puta tinha visto muitos filmes da série B,

-Está bem -disse ele. -Também sinto o mesmo, filha.

Tinha-a engatado no New Yorker, um clube nocturno mal-afamado da Rua Kallari, onde ela trabalhava como cantora. Ela era aquilo a que os gregos desdenhosamente chamavam de gauyeezee ski lo, um cão que ladra. Nenhuma das raparigas que trabalhavam no clube tinha talento - não nas gargantas, pelo menos - mas por algum dinheiro não se importavam de ir a casa. Esta, Helena, era moderadamente atraente, com olhos escuros, um rosto sensual e um corpo cheio e maduro. Tinha vinte e quatro anos, um pouco velha para o gosto de Rizzoli, mas ele não conhecia nenhuma senhora em Atenas, e não podia dar-se ao luxo de ser esquisito,

- Gostas de mim? - perguntou Helena pudicamente. - Claro. Estou pazzo por ti.

- Começou a acariciar-lhe os peitos e jar, e apertou. sentiu os mamilos a enrijecerem

- Vai até lá abaixo, filha. Ela sacudiu a cabeça.

- Eu não faço isso. Rizzoli fitou-a. -Ai não?

No instante a seguir, agarrou-a pelos cabelos e puxou. Helena gritou. -Parakalo! Rizzoli deu-lhe uma bofetada violenta. -Refilas mais e eu parto-te a tromba. Rizzoli agarrou a cabeça dela e colocando-a entre as pernas. -Aí está ele, filha. Torna-o feliz.

- Larga-me -ela choramingou. -Estás-me a magoar. Rizzoli puxou-lhe o cabelo ainda mais.

-Eh... tu estás louca por mim, lembras-te?

Ele largou-lhe os cabelos, e ela olhou para ele, os olhos chamejantes.

- Podes ir...

A expressão do rosto dele deteve-a. Havia algo de terrivelmente errado com este homem. Porque não vira ela isso mais cedo? -Não há razão para brigarmos - disse ela num tom apaziguador. -Tu e eu...

Ele enterrou-lhe os dedos no pescoço.

-Não te pago para conversares comigo. -0 punho dele atingiu-lhe a face. - Cala-te e começa a trabalhar.

- Claro, querido - Helena choramingou. - Claro.

Rizzoli era insaciável, e quando se satisfez Helena estava exausta. Ficou deitada a seu lado até ter a certeza de que ele estava a dormir, e depois quietamente escapuliu da cama e vestiu-se. Estava com dores. Rizzoli ainda não lhe pagara, e por regra Helena teria tirado o dinheiro da carteira dele, bem como uma gorjeta generosa para ela. Mas um instinto levou-a a sair sem levar dinheiro algum. Uma hora depois, Tony Rizzoli foi acordado por uma pancada na porta. Sentou-se e espreitou para o relógio de pulso. Eram quatro horas da manhã. Olhou à volta. A rapariga não estava.

- (~uem é? - gritou ele.

-E o seu vizinho. -A voz estava zangada. -Telefone para si. Rizzoli esfregou uma mão na cara.

-Já vou.

Vestiu um roupão e atravessou o quarto até à cadeira onde as calças estavam penduradas. Verificou a carteira. 0 dinheiro estava todo lá. Então a puta não foi estúpida. Tirou uma nota de cem dólares, dirigiu-se para a porta e abriu-a.

0 vizinho estava no corredor de roupão e chinelos.

- Sabe que horas são? - perguntou indignadamente. - Você disse-me..,

Rizzoli deu-lhe a nota de cem dólares,

-Peço imensa desculpa -disse ele em tom de desculpa. -Não vou demorar muito tempo.

0 homem engoliu, tendo a indignação desaparecido,

-Não há problema. Deve ser importante, para acordarem uma pessoa às quatro da manhã

Rizzoli entrou no quarto em frente e pegou no telefone. -Rizzoli.

Uma voz disse:

-Tem um problema; senhor Rizzoli. - Quem fala?

- 0 Spyros Lambrou pediu-me para eu lhe telefonar.

-Oh. -Teve uma sensação repentina de preocupação. -Qual é o problema?

-Diz respeito ao Constantin Demiris. - 0 que é que há com ele?

-Um dos petroleiros dele, o Thele, está em Marselha. Está atracado no molhe do cais na doca da Grande Joliette.