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A Grécia tem sete portos principais: Tessalónica, Patras, Volos, Igoumenitsa, Kavala, Iraklion e Pireu. Piraeus fica a sete milhas a sudoeste do centro de Atenas, e serve apenas não só como o porto principal daGrécia, mas como um dos principaisportos daEuropa. 0 complexo do porto consiste de quatro ancoradouros, três dos quais para barcos recreativos e navios transatlânticos. 0 quarto ancoradouro, Herakles, está reservado para cargueiros equipados com comportas que abrem directamente sobre o cais. OThele estava ancorado em Herakles. Eraum petroleiro enorme, e, ao permanecer parado no ancoradouro escuro, fazia lembrar um beemote gigantesco pronto a saltar, Tony Rizzoli, acompanhado por quatro homens, foi até ao quebra-mar. Rizzoli olhou para o navio enorme e pensou, «Cá está ele. Agora vamos ver se o nosso amigo Demiris está a bordo Virou-se para os homens que o acompanhavam.

- Quero que dois de vocês esperem aqui. Os outros dois vêm comigo. Tratem de ver se ninguém sai do navio.

- Certo.

Rizzoli e dois homens subiram a prancha de embarque. Quando chegaram ao cimo, um marujo aproximou-se deles. -Desejam alguma coisa?

- Queremos ver o senhor Demiris.

-0 senhor Demiris está no camarote do proprietário. -Ele está à vossa espera?

Então a dica estava certa. Rizzoli sorriu.

- Claro. Ele está à nossa espera. A que horas parte o navio? -Ameia-noite. Eu acompanho-os.

-Obrigado.

Seguiram o marinheiro ao longo do convés até que chegaram a uma escada descendente. Os três homens desceram a escada atrás dele e seguiram-no por uma passagem estreita, passando por meia dúzia de camarotes durante o trajecto. Quando chegaram ao último camarote, o marinheiro começou a bater à porta. Rizzoli afastou.

- Nós vamos anunciar-nos pessoalmente. - Ele abriu a porta com um empurrão e entrou.

0 camarote era maior do que Rizzoli esperara. Estava mobilado com uma cama e um sofá, uma secretária e duas espreguiçadeiras. Atrás da secretária sentava-se Constantin Demiris.

Quando ergueu o olhar e viu Rizzoli, Demiris pôs- de pé de uma forma atabalhoada. 0 rosto empalideceu.

- 0 quê... o que é que você está a fazer aqui?-A sua voz era um sussurro.

-Eu e os meus amigos decidimos fazer-lhe uma visita para lhe desejar boa viagem, Costa.

- Como é que você sabia que eu...? Quero dizer... eu não estava à sua espera.

-Claro que não -disse Rizzoli. Virou-se para o marinheiro. - Obrigado, amigo.

0 marinheiro retirou-se.

Rizzoli voltou-se de novo para Demiris.

- Estava a planear fazer uma viagem sem se despedir do seu sócio?

Demiris disse num tom rápido.

-Não. Claro que não. Eu só... só vim cá verificar umas coisas. Parte amanhã de manhã. -Os dedos tremiam-lhe.

Rizzoli aproximou-se dele. Quando falou, a sua voz era macia. -Costa, você cometeu um grande erro. Não vale a pena tentar fugir, porque você não tem onde se esconder. Eu e você fizemos um contrato, lembra-se? Sabe o que acontece às pessoas que não cumprem os contratos? Têm uma morte terrível.., verdadeiramente terrível. Demtris engoliu.

- Eu... eu gostava de falar consigo a sós. Rizzoli virou-se para os seus homens. - Esperem lá fora.

Quando saíram, Rizzoli afundou-se numa poltrona. -Estou muito desapontado consigo, Costa.

-Não posso continuar com isto-disse Demiris. -Eu dou-lhe dinheiro.,. mais dinheiro com que você alguma vez sonhou.

-Em troca de quê?

-Que saia deste navio e me deixe em paz. -Havia desespero na voz de Demiris. -Você não me pode fazer isto. 0 governo vai-me tirar a frota. Vou ficar arruinado. Por favor. Dou-lhe tudo o que você quiser.

Tony Rizzoli sorriu.

-Eu tenho tudo aquilo que quero. Quantos petroleiros é que você tem? Vinte? Trinta? Nós vamos mantê-los em acção, você e eu. Tudo o que você tem a fazer é juntar mais um ou dois portos de escala.

- Você... você não tem a mínima ideia do que me está a fazer. -Acho que você deveria ter pensado nisso antes de ter armado aquela trama. -Tony Rizzoli pôs-se de pé. -Vai ter de falar com o comandante. Diga-lhe que vamos ter de fazer mais uma paragem, ao largo da costa da Florida.

Demiris hesitou.

-Tudo bem, Quando você voltar de manhâ,.. Rizzoliriu-se.

-Eu não vou a lugar nenhum. Acabaram-se os jogos. Você ia tentar fugir à meïa-noite. Óptimo. Eu vou fugir consigo. Vamos trazer um carregamento de heroína para bordo, Costa, e só para valorizar o contrato vamos levar

também um dos tesouros do Museu Nacional. E você vai vendê-lo nos Estados Unidos. É o seu castigo por tentar enganar-me. Havia uma expressão atordoada nos olhos de Demiris.

-Eu... não há nada - ele implorou - nada que eu possa fazer para...?

Rizzoli deu-lhe uma pancada no ombro.

-Anime-se. Prometo-lhe que vai gostar de ser meu sócio. Rizzoli encaminhou-se para a porta e abriu-a.

- Muito bem, vamos pôr a mercadoria a bordo - disse ele. - Onde é quer que a gente a ponha?

Há centenas de esconderijos em qualquer navio, mas Rizzoli não sentia a necessidade de ser esperto, Afrotade ConstantinDemiris estava acima de suspeita.

-Ponham-na num saco de batatas-disse ele.-Marquem o saco e guardem-no na retaguarda da cozinha. Tragam o vaso para o senhor Demiris. Ele vai tomar conta dele pessoalmente.

Rizzoli virou-se para Demiris, os olhos cheios de desdém. -Você tem algum problema com isso?

Demiris tentou falar, mas as palavras não saíam.

- Muito bem, rapazes - disse Rizzoli. - Mexam-se. Rizzoli instalou-se de novo na poltrona.

-Óptimo camarote. Vou deixá-lo consigo, Costa. Eu e os meus rapazes vamos arranjar os nossos próprios alojamentos.

- Obrigado - disse Demiris com um ar infeliz. - Obrigado.

À meia-noite, o enorme petroleiro afastou-se do cais com dois rebocadores que o conduziram para o mar. A heroína fora escondida a bordo, e o vaso ficara entregue ao camarote de Constantin Demiris. Tony Rizzoli chamou um dos seus homens à parte.

- Quero que vás à sala das comunicações e arranques o rádio. Não quero que o Demiris envie mensagens.

-E para já, Tony.

Constantin Demiris era um homem derrotado, mas Rizzoli não corria riscos.

Rizzolitiverareceio até ao momento da partida de que alguma coisa pudesse correr mal, pois o que estava a acontecer estava para além dos seus sonhos mais audazes. Constantin Demiris, um dos homens mais ricos e mais poderosos do mundo, era seu sócio. «Sócio, caramba», pensou Rizzoli. «Eu mando no sacana. Afrota dele é toda minha. Posso enviar toda a mercadoria que os rapazes puderem entregar. Os outros tipos que matem os cornos a tentarem descobrir como fazer chegar o material aos Estados Unidos. Eu fiz a minha parte. E depois há todos aqueles tesouros do museu, É outra mina de ouro. Com a diferença de que é só minha. 0 que os rapazes não sabem não lhes fará mala Tony Rizzoli adormeceu a sonhar com uma frota de navios dourados e palácios e raparigas nóbeis para servi-lo. Quando Rizzoli acordou na manhã seguinte, ele e os seus homens dirigiram-se à sala de jantar para tomar o pequeno-almoço. Os seis membros da tripulação já lá estavam. Um criado aproximou-se da mesa.

-Bom dia.

- Onde é que está o senhor Demiris ? - perguntou Rizzoli. - Ele não vai tomar o pequeno-almoço?

Ele vai permanecer no camarote, senhor Rizzoli. Deu-nos instruções para servirmos o senhor e os seus amigos de tudo o que quiserem.

-É muito simpático da parte dele. -Rizzoli sorriu.

-Eu vou tomar sumo de laranja, bacon e ovos. E vocês, rapazes? -Isso parece bom.

Depois de terem pedido, Rizzoli disse:

-Quero que fiquem calmos. Não tenham as vossas armas à mostra. Sejam simpáticos e bem-educados. Lembrem-se de uma coisa: nós somos convidados do senhor Demiris.

Demiris não apareceu para almoçar nesse dia. Nem apareceu para jantar. Rizzoli subiu para ir ter uma conversa com ele. Demiris estava no camarote, olhando fixamente através de uma vigia. Estava com um ar pálido e abatido. Rizzoli disse;