-Vou prendê-lo pela morte da sua esposa.
Depois disso, tudo parecia acontecer em movimento lento. Preencheu a ficha, e tiraram-lhe as impressões digitais de novo. Foi fotografado e colocado numa cela. Era inacreditável que ousassem fazer-lhe isto a ele.
-Mande-me chamar Pete Demonides. Diga-lhe que quero falar com ele agora mesmo.
-0 senhorDemonidesfoi suspensodassuasfunções. Estásobinvestigação.
De modo que não havia a quem socorrer. «Eu vou-me safar disto», pensou. «Eu sou Constantin Demiris.»
Mandou chamar o promotor especial. Delma chegou à prisão uma hora mais tarde, -Pediu para falar comigo,
-Pedi, sim - disse Demiris. -Sei que fixou a hora da morte da minha mulher às três horas.
-É correcto.
- Então, antes que o senhor se meta a si e à polícia em mais sarilhos, posso provar-lhe que não estive em lugar nenhum perto da casa dé praia ontem a essa hora.
- Pode provar isso?
-Claro. Tenho uma testemunha.
Eles estavam sentados no gabinete do comissário de polícia quando Spyros Lambrou chegou. 0 rosto de Demiris iluminou-se quando o viu.
-Spyros, graças a Deus que chegaste! Estes idiotas pensam que eu matei a Melina, Tu sabes que eu não o poderia ter feito. Diz-lhes. -Spyros Lambrou franziu o sobrolho,
-Digo-lhes o quê?
-A Melina foi morta ontem às três da tarde. Nós estávamos juntos em Acrocorinto às três horas. Eu não podia ter chegado à casa de praia antes das sete. Conta-lhes o nosso encontro, Spyros Lambrou olhava-o fixamente. -Que encontro?
0 sangue começou a esgotar-se do rosto de Demiris,
-0... o encontro que tu e eu tivemos ontem. No pavilhão de caça em Acrocorinto.
-Deves estar a fazer confusão, Costa. Eu ontem estive fora sozinho. Não vou mentir por tua causa.
0 rosto de Constantin Demiris encheu-se de raiva.
-Tu não podes fazer isto! -Ele agarrou as bandas do casaco de Lambrou. -Diz-lhes a verdade.
Spyros Lambrou empurrou-o.
-A verdade é que a minha irmã está morta, e foste tu que a mataste.
-Mentiroso! -gritou Demiris -Mentiroso! -Ele avançou na direcção de Lambrou de novo e dois polícias tiveram de detê-lo. -Seu filho da puta. Sabes que estou inocente.
-Isso quem vai decidir são os juízes. Acho que vais precisar de um bom advogado.
E Constantin Demiris apercebeu-se de que só havia um homem que poderia tê-lo salvo : Napoleon Chotas.
ARQLIVO COSF[DENCIAL Transcrição da Sessão com Catherine Dotcglas
C: Acredita em premonições, Alan?
A: Elas não são cientificamente aceites, mas eu de facto acredito. Tem tido premonições?
C: Tenho. Tenho a sensação de que algo de terrível me vai acontecer.
A: Faz parte do seu velho sonho?
C: Não. Eu disse-lhe que o senhor Demiris enviou uns homens de Atenas...
A: É verdade.
C: Ele pediu-me que tratasse deles, de forma que os tenho visto com alguma frequência.
A: Sente-se ameaçada por eles?
C: Não. Não exactamente. É difícil de explicar. Eles não fizeram nada, e no entanto eu ... estou sempre à espera que alguma coisa aconteça.
A: Fale-me deles.
C: Háum francës, o Yves Renard. Insiste em irmos a museus, mas quando lá chegamos verifico que ele não está interessado, Pediu-me que o levasse a Stonehenge sábado que vem.
Há o Jerry Haley. É americano. Parece bastante agradável, mas há nele algo de perturbador. Depoishá o Dino Mattusi. Vem creditado como executivo dafirma do senhor Demiris, masfaz muitas perguntaspara as quais ele devia ter a resposta. Convidou-me para um passeio de carro. Pensei em levar o Wim comigo... E isto agora é outra coisa.
É?
0 Wim tem agido com estranheza. Em que sentido? Quando chego ao escritório de manhã, o Wim está sempre à minha espera, coisa que nunca costumava fazer. E quando me vê quase como se estivesse zangado poreu estar ali. Nada distofaz sentido, pois não? chegada dos estranhos de Atenas, e Atenas era a cena do passado traumático. A parte sobre Wim intrigou Alan. Estaria Catherine a imaginá-la? Ou estava Wirn a comportar-se de uma forma atípica? «Vou ver o Wim dentro de algumas semanas», pensou Alan. «Talvez eu antecipe a consulta dele.» Alan ficou a pensar em Catherine. Embora tivesse estabelecido que nunca se deixaria envolver emocionalmente com as suas doentes, Catherine era uma pessoa especial. Era bela e vulnerável e...«Que estou eu a fazer? Não posso permitir-me pensar assim. Vou concentrar-me noutra coisa.» Mas os seus pensamentos voltavam sempre para ela.