- Olhou para ele espantada. - Meu Deus, tu és enorme! - Sou?
Ela enfiou-se na cama e disse: -Tem cuidado. Não me magoes.
Atavas dirigiu-se para a cama. Ordinariamente, ele gostava de bater em putas. Aumentava-lhe a satisfação sexual. Mas ele sabia que agora não era altura de fazer nada de suspeito ou deixar um rasto que a polícia pudesse querer seguir. Deforma que Atavas sorriu para ela e disse:
-Esta é a tua noite de sorte. - 0 quê?
-Nada. -Ele pôs-se em cima dela, fechou os olhos e mergulhou nela, magoando-a, e era Catherine que gritava por piedade, implorando-lhe que parasse. E ele martelava-a selvaticamente, cada vez com maisforça, osgritos dela excitando--o até que por fim tudo explodiu e ele deitou-se de costas satisfeito.
-Meu Deus - disse a mulher. - Tu és incrível.
Atavas abriu os olhos e não estava com Catherine. Estava com uma putafeia num quartomedonho, Vestiu-se e apanhou um táxi para o quarto do hotel, onde fez as malas e saiu. Quando se dirigia para o aeroporto, eram nove e meia. Tinha muito tempo para apanhar o avião. Havia uma pequena fila de gente na Olympic Airways. Quando Atavas chegou ao princípio da bicha, entregou a passagem ao funcionário.
- 0 voo sai no horário?
-Sai, sim.-0 empregado olhou para o nome que estava na passagem, Atavas Stavich.OlhouparaAtanas outra vez, depois olhoude relance para um homem que estava perto dali e fez um sinal afirmativo com a cabeça. 0 homem caminhou até ao balcão.
-Posso ver a sua passagem? Atavas entregou-lhe a passagem. -Passa-se alguma coisa?-perguntou, 0 homem disse
-Infelizmente vendemos passagens a mais para este voo. Se quiser.
Atavas Stavich estava a sentir-se terrivelmente excitado. Executar uma morte por contrato provocava-lhe sempre isso, Para ele era regra ter relações sexuais com as suas vítimas, homens ou mulheres, antes de as matar, e ele achava isso excitante. Agora, sentia-se frustrado porque não houvera tempo para torturar Catherine ou ter relações com ela. Atavas olhou para o relógio. Ainda era cedo. 0 avião só partia às onze horas da noite. Tomou um táxi até Shepherd Market, pagou o motorista e deambulou pelo labirinto de ruas. Havia meia dúzia de raparigas nas esquinas que se ofereciam aos homens que passavam.
- Olá, querido, gostavas de ter uma lição de francês esta noite? - Que dizes a uma festa?
-Estás interessada em grego?
Nenhuma das mulheres se aproximou de Atavas. Ele foi ter com uma loira alta que vestia minissaia, casaco de cabedal e sapatos de saltos finos.
-Boa noite-disse Atavas educadamente. Ela olhou para ele, divertida.
- Olá, garoto. A tua mãe sabe que vieste para a rua? Atavas sorriu timidamente.
-Sabe, sim, senhora. Pensei que se você não estivesse ocupada... A prostituta riu-se.
-Pensaste? E o que é que tu fazias se eu não estivesse ocupada? Já foste para a cama com uma rapariga?
-Uma vez - disse Atavas suavemente. -E gostei.
- Tu pareces um carapauzito - a rapariga riu-se. - Eu por norma mando os pequeninos dar uma volta, mas a noite está pouco animada. Tens dez libras?
-Tenho, sim, senhora.
-Está bem, querido. Vamos subir,
Ela conduziu Atavas através de um corredor e subiu dois lanços de escadas até um pequeno apartamento de uma divisão. ser acompanhar-me até ao escritório, tentarei resolver-lhe o problema. Atanas encolheu os ombros.
-Está bem. -Seguiu o homem até ao escritório, sentindo uma grande euforia. Demiris já devia estar solto. Era um homem demasiado importante para que a lei lhe tocasse. Tudo correra perfeitamente. Ele ia depositar os cinquenta mil dólares num banco suíço numa conta numerada. Depois umas pequenasférias. NaRiviera talvez, ou no Rio de Janeiro. Ele gostava dos prostitutos do Rio. Atanas entrou no escritório e parou, com o olhar fixo. Empalideceu.
-Morreste! Morreste. Eu matei-te! -Era um grito.
Atanas gritava ainda quando foi levado parafora da sala parauma carrinha da polícia. Viram-no partir, e Alan Hamilton virou-se para Catherine.
-Acabou, querida. Acabou finalmente.
Na cave, algumas horas antes, Catherine tentara desesperadamente soltar as mãos. Quanto mais lutava mais apertada a corda ficava. Os seus dedos estavam a ficar insensíveis. Ela não tirava os olhos do mostrador da caldeira. 0 ponteiro chegara aos 120 graus. «Quando o ponteiro chegar aos 200 graus, o cilindro explodirá. Tem quehaver uma soluçãoparaisto», pensou Catherine. «Tem dehaver!» Os seus olhos brilharam sobre a garrafa de uísque que Atanas deixara cair no chão. Ela olhou fixamente para ele, e o coração começou a baterviolentamente. «Háumapossibilidade!» Se ao menos elapudesse... Catherine deixou-se cair contra o poste e esticou os pés na direcção da garrafa. Estava fora de alcance. Deslizou um pouco mais, as farpas de madeira espetando-se-lhe nas costas. A garrafa estava a uns cinco centímetros. Os olhos de Catherine encheram-se de lágrimas. «Mais uma tentativa», pensou ela. «Só mais uma.» Ela deixou-se cair mais, as costas arranhadas pelas farpas, e empurrou outra vez com toda a sua força. Um pé tocou na garrafa. «Cuidado. Não a afastes.» Lentamente, lentamente, prendeu o gargalo da garrafa com a corda que lhe atava as pernas. Muito cuidadosamente, recolheu os pés, arrastando a garrafa para mais perto. Por fim, teve-a ao seu alcance. Olhou para o mostrador, Tinha chegado aos 130 graus. Ela estava a combater o pânico. Lentamente, moveu a garrafa para trás de si com os pés. Os dedos encontraram-na, mas estavam demasiado entorpecidos para agaraá-la, e estavam escorregadios por causa do sangue dos pulsos no lugar onde a corda os cortara. A cave estava a ficar mais quente. Tentou outra vez. A garrafa escorregou. Catherine olhou de relance para o mostrador do cilindro.150 agora, e o mostradorparecia avançar velozmente. 0 vapor estava a começar a sair do cilindro. Tentou agarrar a garrafa outra vez. «Pronto!» Tinha a garrafa nas mãos presas. Segurando-a com força, levantou os braços e deslizou-os pelo poste abaixo, esmagando a garrafa de vidro contra o cimento, Não aconteceu nada. Tentou de novo.Nada.Omostradorsubiainexoravelmente.175!Catherinerespirou fundo e bateu com a garrafa no chão com toda a força, Ouviu a garrafa estilhaçar. Graças a Deus! 0 mais lesta possível, Catherine segurou o gargalo da garrafa numa mão e começou a cortar as cordas com a outra. 0 vidro cortava-lhe os pulsos, mas ela ignorou a dor. Sentiu um fio estalar e depois outro. De repente a sua mão soltou-se. Apressadamente libertou a corda da outra mão e desatou a corda que lhe prendia os pés. 0 mostrador chegara aos 195. Jactos fortes de vapor saíam da caldeira. Catherine levantou-se com dificuldade. Atavas havia trancado a porta. Não havia tempo para sair do edifício antes da explosão. Catherine correu para a caldeira e puxou o bloco de madeira que bloqueava a válvula de segurava, Estava muito apertado. 200! Tinha de tomar uma decisão num segundo. Correu para a porta do fundo que dava para o abrigo antiaéreo, abriu-o e meteu-se lá dentro. Bateu com a porta pesada, Ficou encolhida no chão do enorme refúgio, respirando com dificuldade, e cinco segundos depoishouve uma explosão tremenda, e a sala inteira parecia que balançava. Ficou na escuridão, lutando para respirar, ouvindo o estrondo das chamas do outro lado da porta. Estava salva. Acabara.nNão,aindanão~>,pensouCatherine.Iláaindaumacoisa que tenho de fazer.Quando os bombeiros a encontraram uma hora depois e a trouxeram para o exterior, Alan Hamilton já lá não estava. Catherine correu para os seus braços, e ele apertou-a com força.
-Catherine, meu amor. Eu estava cheio de medo! Como é que...? -Depois-disse Catherine. -Agora temos de deter o Atavas Stavich.
Casaram-se na quinta da irmã de Alan no Sussex numa cerimónia privada. A irmã de Alan era uma mulher agradável igualzinha à fotografia que Catherine vira no consultório de Alan, 0 filho estava na escola. Catherine e Alan passaram um fim-de-semana tranquilo na quinta e partiram de avião para Veneza em lua-de-mel. Veneza era uma página brilhantemente colorida de um livro de história medieval, uma cidade mágicaflutuante de canais e 120ilhas, ligadas por 400 pontes. Alan e Catherine aterraram no Aeroporto de Marco Polo em Veneza, perto de Mestre, tomaram uma lancha até ao terminal da Piazza San Marco, e registaram-se no Royal Danieli, o belo e velho hotel junto ao Palácio dos Doges. A sua suite era requintada, com belíssima mobília antiga, e dava para o Grande Canal.