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and you know, when you sleep, the problems stop requiring you to die.

But you fatally wake up to the Great Machine existing,

and once more you stand, minuscule, next to inscrutable palms.

You walk among dead people and with them you talk

about things of the future and matters of the spirit.

Literature has ruined your best hours of love.

You’ve wasted time for sowing, too much time, on the phone.

Proudhearted, you’re in a hurry to confess your defeat

and postpone collective happiness for another century.

You accept the rain, the war, unemployment, and unfair distribution

because you can’t, by yourself, blow up the island of Manhattan.

JOSÉ / JOSÉ (1942)

A BRUXA

Nesta cidade do Rio,

de dois milhões de habitantes,

estou sozinho no quarto,

estou sozinho na América.

Estarei mesmo sozinho?

Ainda há pouco um ruído

anunciou vida a meu lado.

Certo não é vida humana,

mas é vida. E sinto a bruxa

presa na zona de luz.

De dois milhões de habitantes!

E nem precisava tanto …

Precisava de um amigo,

desses calados, distantes,

que leem verso de Horácio

mas secretamente influem

na vida, no amor, na carne.

Estou só, não tenho amigo,

e a essa hora tardia

como procurar amigo?

E nem precisava tanto.

Precisava de mulher

que entrasse neste minuto,

recebesse este carinho,

salvasse do aniquilamento

um minuto e um carinho loucos

que tenho para oferecer.

Em dois milhões de habitantes,

quantas mulheres prováveis

interrogam-se no espelho

medindo o tempo perdido

até que venha a manhã

trazer leite, jornal e calma.

Porém a essa hora vazia

como descobrir mulher?

Esta cidade do Rio!

Tenho tanta palavra meiga,

conheço vozes de bichos,

sei os beijos mais violentos,

viajei, briguei, aprendi.

Estou cercado de olhos,

de mãos, afetos, procuras.

Mas se tento comunicar-me,

o que há é apenas a noite

e uma espantosa solidão.

Companheiros, escutai-me!

Essa presença agitada

querendo romper a noite

não é simplesmente a bruxa.

É antes a confidência

exalando-se de um homem.

THE MOTH

In this city of Rio,

home to two million people,

I’m alone in my room,

I’m alone in America.

Am I really alone?

Just now a sound

announced life at my side.

Not human life, true,

but it’s life. And I feel the moth

caught in the zone of light.

Two million people!

And I wouldn’t need that much …

I’d just need a friend,

one of those quiet, distant

friends who read Horace

but secretly influence

our life, our loves, our flesh.

I’m alone, without a friend,

and at this late hour

how can I find one?

And I wouldn’t need that much.

I’d just need a woman

to be here, this minute,

to accept this affection

and save from annihilation

the mad minute of mad affection

I have to offer.

Among two million people,

how many women

must be staring in the mirror

counting up the lost years

until morning arrives

with milk, the paper, some calm.

But how can I find a woman

at this desolate hour?

This city of Rio!

I’m full of tender words,

I know animal sounds,

I know the wildest kisses,

I’ve traveled, fought, and learned.

I’m surrounded by eyes,

by hands, affections, yearnings.

But if I try to reach out,

there’s nothing but night

and a frightful solitude.

Companions, hear me!

That agitated presence

trying to break through the night

isn’t just the moth.

It’s the softly panting

secret of a man.

O BOI

Ó solidão do boi no campo,

ó solidão do homem na rua!

Entre carros, trens, telefones,

entre gritos, o ermo profundo.

Ó solidão do boi no campo,

ó milhões sofrendo sem praga!

Se há noite ou sol, é indiferente,

a escuridão rompe com o dia.

Ó solidão do boi no campo,

homens torcendo-se calados!

A cidade é inexplicável

e as casas não têm sentido algum.

Ó solidão do boi no campo!

O navio-fantasma passa

em silêncio na rua cheia.

Se uma tempestade de amor caísse!

As mãos unidas, a vida salva …

Mas o tempo é firme. O boi é só.

No campo imenso a torre de petróleo.

THE OX

O solitude of the ox in the field,

O solitude of the man in the street!

Amid cars, trains, telephones

and shouts, a wilderness …

O solitude of the ox in the field,

O millions suffering without any scourge!

Night or sunlight, it’s all the same:

darkness begins with the dawn.

O solitude of the ox in the field,

people writhing without a sound!

The city defies all explanation,

and the houses have no meaning.

O solitude of the ox in the field!

The ghost ship sails in silence

down the crowded street.

If only a storm of love would strike!

Hands joined together, life saved …

But the weather is still. The ox is alone.

In the sprawling field a towering oil rig.

TRISTEZA NO CÉU

No céu também há uma hora melancólica.

Hora difícil, em que a dúvida penetra as almas.

Por que fiz o mundo? Deus se pergunta

e se responde: Não sei.

Os anjos olham-no com reprovação,

e plumas caem.

Todas as hipóteses: a graça, a eternidade, o amor

caem, são plumas.

Outra pluma, o céu se desfaz.

Tão manso, nenhum fragor denuncia

o momento entre tudo e nada,

ou seja, a tristeza de Deus.

SADNESS IN HEAVEN

There’s also a melancholy hour in heaven.

A difficult hour, when souls are seized by doubt.

“Why did I make the world?” God asks himself,

and answers: “I don’t know.”

The angels glare at him,

and feathers fall.

All the hypotheses — grace, eternity, love—

are feathers and fall.

One more feather, and heaven will collapse.

Softly, with no bang to announce

the moment between everything and nothing,

the sadness of God …

VIAGEM NA FAMÍLIA

No deserto de Itabira

a sombra de meu pai

tomou-me pela mão.

Tanto tempo perdido.

Porém nada dizia.

Não era dia nem noite.

Suspiro? Voo de pássaro?

Porém nada dizia.