Uma vendetta… vingança. Na Itália, a Máfia ficou famosa por matar famílias inteiras. Ou é possível o envolvimento de drogas. Poderia ser vingança por alguma tragédia terrível causada pela família. Ou talvez um maníaco que poderia não ter motivação racional alguma para…
- Não creio que seja esse o caso aqui - disse Dana.
- E também, claro, há sempre uma das mais antigas motivações do mundo… dinheiro.
Dinheiro. Dana já tinha pensado nisso.
Chefe do escritório de advocacia de Calkin, Taylor be Anderson, Walter Calkin foi o advogado da família Winthrop por mais de 25 anos. Embora fosse um homem muito idoso, com o corpo frágil e paralisado por artrite, continuava com a mente aguçada.
Examinou Dana por um momento.
- Disse para minha secretária que queria conversar comigo sobre os bens da família Winthrop?
- Sim.
Ele deu um suspiro.
- Para mim, é incrível o que aconteceu com aquela família maravilhosa.
Incrível.
- Soube que o senhor cuidava das questões jurídicas e financeiras deles - disse Dana.
- Sim.
- Sr Calkin, no ano passado, ocorreu alguma coisa fora do comum com essas questões?
Ele olhava para Dana, curioso.
- Fora do comum em que sentido? - perguntou.
Dana respondeu, com cuidado:
- É meio embaraçoso, mas… o senhor ficaria sabendo se algum membro da família estava… sendo chantageado? Houve um silêncio momentâneo.
- Quer dizer, se eu saberia se estavam pagando regularmente grandes somas a alguém?
- É.
- Acho que saberia, sim.
- E houve alguma coisa semelhante? - continuou Dana.
- Nada. Suponho que esteja insinuando algum tipo de jogo sujo. Devo lhe dizer que considero isso totalmente ridículo.
- Mas estão todos mortos - insistiu Dana. - Os bens devem valer muitos bilhões de dólares. Eu ficaria muito grata se o senhor pudesse me dizer quem se candidata para receber todo esse dinheiro.
Ela viu o advogado abrir um frasco de pílulas, tirar uma e engoli-la com um gole d’água.
- Srta. Evans, nunca discutimos as questões dos nossos clientes. - Hesitou.
- Nesse caso, contudo, não vejo mal algum, pois amanhã será distribuído um comunicado à imprensa.
E também, claro, há sempre uma das mais antigas motivações do mundo… dinheiro.
Walter Calkin fitou Dana.
- Com a morte de Gary Winthrop, o último sobrevivente da família…
- Sim - Dana prendia a respiração.
- Todos os bens da família Winthrop vão para instituições de caridade.
A equipe aprontava-se para o noticiário da noite.
Dana estava no Estúdio A, à mesa do âncora, terminando as mudanças de última hora para a transmissão. Os boletins de notícias que haviam chegado durante todo o dia dos serviços de telégrafo e canais policiais eram examinados, selecionados ou rejeitados.
Sentados à mesa do âncora junto a Dana, Jeff Connors e Richard Melton.
Anastasia Mann começou a contagem regressiva e terminou: Três… dois… um… com o dedo indicador estendido. A luz vermelha da câmera piscou.
Ouviu-se a estrondosa voz do locutor:
- Este é o jornal das onze horas ao vivo na WTN com Dana Evans… - Dana sorriu para a câmera. -…e Richard Melton. - Melton olhou pela câmera e acenou com a cabeça.
- Jeff Connors com os esportes e Marvin Greer com a meteorologia.
Começa nesse instante o jornal das onze horas.
Dana olhou dentro da câmera.
- Boa noite. Dana Evans.
Richard Melton sorriu.
- Richard Melton.
Dana leu do teleprompter.
- Temos uma matéria exclusiva. Uma caçada policial terminou mais cedo esta noite, após um assalto à mão armada numa loja de bebidas no centro.
- Rode a fita um.
A tela abriu-se para o interior de um helicóptero. Nos controles do helicóptero da WTN estava Norman Bronson, um exfuzileiro piloto da marinha. A seu lado, Alyce Barker. O ângulo da câmera mudou. Em terra, abaixo, viam-se três carros da polícia cercando um sedâ que tinha batido numa árvore.
Alyce Barker entrou:
- A perseguição teve início quando dois homens entraram na loja de bebidas Haley, na Pennsylvania Avenue, e tentaram render o balconista.
Ele resistiu e apertou o botão de alarme para chamar a polícia. Os ladrões fugiram, mas a polícia os perseguiu por quase oito quilômetros até o carro dos suspeitos chocar-se com- tra uma árvore. Os dois foram detidos e levados para a delegacia.
Seguiram-se mais três reportagens, e o diretor deu o sinal para um intervalo.
- Voltaremos logo após os comerciais - disse Dana.
Rodaram um comercial.
Richard Melton virou-se para Dana.
- Já deu uma olhada lá fora? O tempo está uma merda.
- Eu sei - riu Dana. - Nosso pobre homem da meteorologia vai receber um monte de cartas odiosas.
A luz vermelha piscou e acendeu. O teleprompter ficou vazio por um momento e pôs-se mais uma vez a deslizar. Dana iniciou a leitura:
- Na véspera do Ano-Novo, eu gostaria de… - Parou de chofre, aturdida, ao ler o resto das palavras. Diziam:…que nos casássemos. Temos um duplo motivo para comemorar toda véspera do Ano-Novo.
Parado junto ao teleprompter, Jeff dava-lhe um sorriso escancarado.
Dana olhou para a câmera e disse, sem graça:
- Faremos uma pausa para um breve comercial. - A luz vermelha apagouse.
Dana levantou-se.
- Jeffi Os dois aproximaram-se um do outro e se abraçaram.
- Que é que você diz?
- Digo… aceito.
Os aplausos da equipe ecoaram-no estúdio.
Quando terminou a transmissão e os dois ficaram sozinhos, Jeff perguntou:
- De que você gostaria, meu bem? Um casamento grande, pequeno ou médio?
Dana pensava em seu casamento desde menininha. Visualizava-se em um lindo vestido comprido de renda branca, com uma longa, longuíssima, cauda. Nos filmes a que assistira, sempre havia a excitação frenética de aprontar-se para a cerimônia… preparar a lista de convidados… escolher o bufê… as damas de honra… a igreja… Todos os amigos estariam lá, e a mãe. Ia ser o dia mais lindo de sua vida. E agora era uma realidade.
- Dana? - perguntou mais uma vez Jeff, à espera da resposta.
Se eu fizer um grande casamento, pensou Dana, terei de convidar mamãe e seu marido. Não posso fazer isso com Kemal.
- Vamos fugir para nos casar - disse ela.
Jeff concordou com a cabeça, surpreso.
- Se é isso o que quer, então é o que eu quero.
Kemal ficou entusiasmado ao saber da notícia.
- Quer dizer que Jeff vai morar com a gente?
- Isso mesmo. Vamos ficar todos juntos. Você vai ter uma família de verdade, querido.
Sentada ao lado de Kemal na cama durante a hora seguinte, Dana discutia, excitada, o futuro deles. Os três iam viver juntos, passar férias juntos, simplesmente ficar juntos. Esta palavra mágica.
Quando Kemal adormeceu, Dana entrou no quarto e ligou o Computador.
Apartamentos. Apartamentos. Vamos precisar de dois quartos, dois banheiros, uma sala de visitas, cozinha, área de jantar e talvez um escritório e um estúdio. Isso não deve ser difícil demais.
Dana pensou na casa vazia de Gary Winthrop, na cidade, e sua mente pôsse a divagar Que realmente tinha acontecido naquela noite? E quem desligou o alarme? Se não havia quaisquer sinais de um arrombamento, então como os ladrões entraram? Quase sem querer, seus dedos digitaram “Winthrop” no teclado. Que diabo de problema está acontecendo comigo?
Dana percebeu a mesma informação conhecida que vira antes.
Regional› Estados Unidos› Washington, Capital› Governo› Política› Agência Federal de Pesquisa Winthrop, Taylor - serviu como embaixador da Rússia e negociou um importante acordo comercial com a Itália…
Winthrop, Taylor - bilionário que se fez por si mesmo, Taylor Winthrop, dedicou-se a servir seu país…