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Claro… Entendo… Não…

A conversa parecia não terminar nunca. Jeff acabou dizendo:

- Se cuida. Até logo. - Desligou.

- Rachel? - perguntou Dana.

- É. Anda tendo uns problemas físicos. Cancelou a filmagem de um curta no Rio de Janeiro. Nunca fez nada semelhante antes.

- Por que está ligando para você, Jeff?

- Ela não tem mais ninguém, meu bem. Está totalmente sozinha.

- Até logo, Jeff.

Rachel desligou com relutância, odiando interromper a conversa. Olhou pela janela o Pão de Açúcar adistância e a Praia de Ipanema muito embaixo. Entrou no quarto e deitou-se, exausta, o dia passando meio embriagado pela cabeça. Tinha começado muito bem. Naquela manhã, filmou um comercial para a American Express, posando na praia.

Por volta do meio-dia, o diretor disse:

- Este último ficou fantástico, Rachel. Mas vamos fazer mais um.

Ela ia dizer sim, mas ouviu-se dizendo:

- Não, desculpe. Não posso.

Ele a olhara, surpreso.

- Como?

- Estou muito cansada. Você vai ter de me liberar. Voltou-se e voou para o hotel, atravessou o saguão, indo direto para a segurança do quarto. Tremia e sentia-se nauseada. Que é que está havendo comigo? Tinha a testa febril.

Pegou o telefone e ligou para Jeff. O próprio som da voz dele a fez sentirse melhor. Abençoado. Ele está sempre ali para mim, minha linha da vida.

Quando a conversa terminou, Rachel deitou-se na cama, pensando. Nós dois tivemos bons momentos. Ele era sempre divertido. Gostávamos de fazer as mesmas coisas e adorávamos partilhar tudo. Como pude deixálo ir embora? Forçou-se a lembrar de como o casamento tinha terminado.

Tudo começou com um telefonema.

- Rachel Stevens?

- Sim.

- Roderick Marshall ao telefone. - Um dos mais importantes diretores de Hollywood.

Um momento depois, ele dizia na linha:

- Srta. Stevens?

- Sim?

- Roderick Marshall. Sabe quem sou? Ela vira vários de seus filmes.

- Claro que sim, Sr. Marshall.

- Andei olhando umas fotos suas. Precisamos de você aqui na Fox.

Gostaria de vir a Hollywood fazer um teste para tela grande?

Rachel hesitou por um momento.

- Não sei. Quer dizer, não sei se tenho jeito para representar. Eu nunca…

- Não se preocupe. Cuidarei disso. Pagaremos todas as suas despesas, claro. Eu mesmo vou dirigir o teste. Quando é que pode chegar aqui o mais rápido?

Rachel pensou nos compromissos.

- Em três semanas.

- Bom. O estúdio tomará todas as providências.

Após desligar, Rachel se deu conta de que não tinha consultado Jeff. Ele não vai se importar, pensou. De qualquer modo, raras vezes estamos juntos.

- Hollywood2 - repetiu Jef£ - Vai ser uma moleza, Jeff.

Ele fez que sim com a cabeça.

- Está bem. Vá, sim. Na certa você vai causar o maior furor - Não pode ir comigo?

- Meu bem, vamos jogar em Cleveland na segunda-feira, em seguida partimos para Washington e depois Chicago. Resta ainda um monte de jogos que não foram programados. Acho que o time perceberia se um de seus principais lançadores desaparecesse. ; - É uma grande pena. - Ela tentou parecer descontraída.

- Parece que nossas vidas nunca andam juntas, não é, Jeff?

- Não com suficiente freqüência.

Rachel ia dizer mais alguma coisa, mas pensou: Não é a hora ideal.

Rachel foi levada ao aeroporto de Los Angeles por um empregado do estúdio que foi buscá-la numa enorme limusine.

- Meu nome é Henry Ford. - Deu uma risadinha. Nenhuma relação. O pessoal me chama de Hank.

A limusine entrou deslizando pelo tráfego. No caminho, ele puxou conversa com Rachel.

- Primeira vez em Hollywood, Srta. Stevens?

- Não. Já estive lá muitas vezes. A última foi dois anos atrás.

- Bem, com certeza mudou muito. Está maior e melhor que nunca. Se você curte gla mour, vai adorar Se eu curto glamour - O estúdio fez uma reserva para você no Chateau Marmont. É onde ficam todas as celebridades.

Rachel fingiu ficar impressionada.

- É mesmo?

- Oh, sim. John belushi morreu ali, você sabe, após uma overdose.

- Nossa!

- Gable se hospedava lá, Paul Newman e Marilyn Monroe também. - A relação de nomes continuou, ininterrupta.

Rachel deixara de ouvir O Chateau Marmont ficava logo ao norte da Sunset Strip, parecendo um castelo de um cenário de filmagem.

Henry Ford disse:

- Venho pegá-la às duas da tarde para levá-la ao estúdio.

Vai se encontrar com Roderick Marshall lá.

- Estarei pronta.

Duas horas depois, Rachel entrava no escritório de Roderick Marshall. Era um homem de seus quarenta anos, pequeno e compacto, com a energia de um dínamo.

- Vai se alegrar por ter vindo - disse ele. - Vou fazer de você uma grande estrela. Rodaremos seu teste amanhã. Vou pedir a minha assistente que a leve ao guarda-roupa para escolher alguma coisa bonita para você usar. Vai fazer o teste de uma cena de um de nossos grandes filmes, Fim de um sonho. Amanhã de manhã, às sete, faremos a maquilagem e o penteado.

Imagino que nada disso seja novo para você, hem? Rachel disse, sem entonação:

- Não.

- Está sozinha aqui, Rachel?

- Sim.

- Então por que não jantamos juntos esta noite? Rachel pensou por um momento.

- Ótimo.

- Passo para pegá-la no hotel às oito.

O jantar acabou sendo um acontecimento vertiginoso na cidade.

- Se você souber aonde ir… e puder entrar.. - disse-lhe Roderick Marshall - …Hollywood tem algumas das boates mais quentes do mundo.

As rodadas noturnas começaram em The Standard, um bar, restaurante e hotel da moda, entre Sunset Boulevard. Quando passaram pela mesa da recepção, Rachel parou para apreciar.

Junto ao balcão, atrás de uma janela de vidro fosco, tinha uma pintura humana, um modelo nu.

- Não é fantástico?

- Incrível - disse Rachel.

Seguiu-se uma montagem de boates: o Bar C, escondido ao fundo com uma placa que dizia apenas “C”… Azul, cheio d pessoas da onda e roqueiros… The Dragonfly.. 360 Degrees.. o Liquid Kitty. Rachel achou-as tão estranhas quanto seus nomes. Ao final da noite, sentia-se exausta.

Roderick Marshall deixou-a no hotel.

- Durma bem. O dia de amanhã vai mudar toda a sua vida Às sete da manhã, Rachel estava na sala de maquilagem. O maquilador, Bob van Dusen, examinou-a cheio de admiração E exclamou:

- E ainda vão me pagar por isso!

Ela riu.

- Você não precisa de muita maquilagem. A natureza SE encarregou disso.

- Obrigada.

Quando Rachel ficou pronta, uma mulher do figurino ajudou-a a pôr o vestido que haviam ajustado na tarde do dia anterior. Um diretor assistente levou-a para o imenso palco de som.

Roderick Marshall e a equipe técnica a esperavam. O diretor examinou Rachel por um momento e disse:

- Perfeita. Vamos fazer um teste de duas partes, Rachel.

Sente-se nesta cadeira que vou lhe fazer umas perguntas fora da câmera.

Seja apenas você mesma.

- Certo. E a segunda parte?

- O pequeno teste de cena de que Lhe falei.

Rachel sentou-se e o cameraman acertou o foco. Roderick Marshall ficou ao lado da câmera.

- Está pronta?

- Sim.

- Bom. Fique apenas relaxada. Vai se sair às mil maravilhas. Câmera.

Ação. Bom dia.

- Bom dia.

- Sei que é modelo.

Rachel sorriu.

- Sou.

- Como começou sua carreira?

- Eu tinha quinze anos. O dono de uma agência de modelos me viu num restaurante com minha mãe, levantou-se e foi falar com ela; poucos dias depois, eu me tornava modelo.

A entrevista continuou por quinze minutos descontraídos, com a inteligência e a postura de Rachel brilhando até o fim.

- Corta! Maravilhoso! -Roderick Marshall entregou-lhe uma cena curta de teste. - Vamos fazer um intervalo. Leia isto.

Quando estiver pronta, me avise, para rodarmos. Vai tirar de letra, Rachel.