- Que posso fazer por você?
- Estou com um pequeno cisto no seio direito e…
- Oh, já esteve no médico?
- Não, mas sei o que é. É só um pequeno cisto. Conheço meu corpo.
Gostaria de fazer uma microcirurgia para tirá-lo. - Sorriu. - Sou modelo.
Não posso me permitir ter uma cicatriz. Só com uma mancha pequena, posso tapá-la com maquilagem.
Vou viajar semana que vem para Aruba, portanto seria possível marcar a operação para amanhã ou depois de amanhã?
O Dr Elgin examinava-a. Considerando-se a situação, ela parecia absurdamente calma.
- Primeiro me deixe examiná-la, depois vou ter de fazer uma biópsia. Mas, sim, podemos marcar a operação ainda nesta semana, se necessário.
Rachel sorria, radiante:
- Maravilha.
O Dr. Elgin levantou-se.
- Vamos para a outra sala, sim? Vou pedir à enfermeira que lhe traga uma bata de hospital.
Quinze minutos depois, com a enfermeira presente, o Dr Elgin apalpava o caroço na mama de Rachel.
- Eu lhe disse, doutor, é só um cisto. - bem, para ter certeza, Srta. Stevens, eu gostaria de fazer a biópsia. Posso fazê-la aqui mesmo.
Rachel tentou não se contrair quando o Dr Elgin inseriu uma fina agulha no lado do seio para retirar tecido.
- Pronto. Não foi tão ruim assim, foi?
- Não. Quanto tempo…
- Vou mandar este material para o laboratório, e amanhã mesmo posso ter um relatório preliminar Rachel sorriu.
- Que bom. Vou para casa arrumar a mala para Aruba.
Quando chegou em casa, a primeira coisa que Rachel fez foi pegar duas maletas e estendê-las na cama. Foi até o armário e pôs-se a escolher roupas para levar para Aruba.
Jeanette Rhodes, a faxineira, entrou no quarto.
- Srta. Stevens, vai viajar de novo?
- Vou.
- Para onde vai desta vez?
- Aruba.
- Onde fica isso?
- É uma ilha linda no mar do Caribe, logo ao norte da Venezuela. Um paraíso. Com praias fantásticas, hotéis lindos e comida maravilhosa.
- Parece deslumbrante.
- Por falar nisso, Jeanette, quando eu estiver fora gostaria que você viesse três vezes por semana.
- Claro.
Às nove da manhã seguinte, o telefone tocou.
- Srta. Stevens?
- Sim.
- Aqui é o Dr. Elgin.
- Como vai, doutor? Conseguiu marcar a operação?
- Srta. Stevens, acabei de receber o relatório citológico.
Eu gostaria que viesse ao meu consultório para podermos…
- Não. Eu quero saber agora.
Houve uma ligeira hesitação.
- Não gosto de discutir esse tipo de coisa ao telefone, mas lamento lhe dizer que o relatório preliminar mostra que você tem um câncer.
Jeff estava no meio da redação de sua coluna esportiva, quando o telefone tocou. Ele atendeu.
- Alô…
- Jeff… - Ela chorava.
- Rachel, é você? Qual o problema? Que foi que houve?
- Eu… eu estou com câncer - Oh, meu Deus. Qual a gravidade?
- Não sei ainda. Tenho de fazer uma mamografia. Jeff, não posso enfrentar isso sozinha. Sei que estou lhe pedindo muito, mas você poderia vir até aqui?
- Rachel, eu… Lamento, mas…
- Só por um dia. Só até… eu saber. - Chorava de novo.
- Rachel… - Ele se sentiu arrasado. - Vou tentar. Telefono para você depois.
Ela soluçava demais para falar Quando Dana voltou de uma reunião de produção, disse à secretária:
- Olivia, me faça uma reserva num avião amanhã para Aspen, no Colorado.
E me arranje um hotel. Oh, e vou querer um aluguel de carro.
- Certo. O Sr Connors a está esperando na sua sala.
- Obrigada. -Dana entrou. Jeff estava ali, olhando pela janela. - Oi, querido.
Ele virou-se.
- Oi, Dana.
Tinha no rosto uma expressão estranha. Ela olhou para ele, preocupada.
- Está tudo bem com você?
- É uma pergunta de duas partes - disse ele, a voz pesada. - Sim e não.
- Sente-se - disse Dana. Puxou uma cadeira defronte da dele. - Que foi que houve?
Ele exalou um suspiro profundo.
- Rachel tem câncer na mama.
Ela sentíu um pequeno choque.
- Eu… lamento muito. Ela vai ficar bem?
- Telefonou esta manhã. Vão lhe informar a gravidade do caso. Rachel está em pânico. Quer que eu vá à Flórida ajudá-la a enfrentar a notícia. Eu quis primeiro falar com você.
Dana aproximou-se de Jeff e abraçou-o.
- Claro que precisa ir, Jeff. - Ela lembrou-se do almoço com Rachel e de como ela tinha sido maravilhosa. - Eu volto dentro de um ou dois dias.
Jeff foi até o escritório de Matt Baker - Tenho uma situação de emergência, Matt. Preciso me ausentar por alguns dias.
- Você está bem, Jeff?
- Sim, estou. É Rachel.
- Sua ex-?
Jeff fez que sim com a cabeça.
- Ela acabou de saber que tem câncer - Sinto muito.
- De qualquer modo, ela precisa de um pouco de apoio moral. Quero pegar um avião para a Flórida esta tarde.
- Vá em frente. Vou pedir a Larry que o substitua. Mande notícias.
- Pode deixar. Obrigado, Matt.
Duas horas depois, Jeff partia num avião para Miami.
O problema imediato de Dana era Kemal. Não posso ir para Aspen sem ter alguém de confiança para tomar conta dele, pensou Dana. Mas quem vai poder cuidar da limpeza, lavagem de roupa do garoto mais turrão do mundo?
Decidiu telefonar para Pamela Hudson.
- Sinto muitíssimo pelo incômodo, Pamela, mas tenho de sair da cidade por uns dias e preciso de alguém pra ficar com Kemal. Por acaso conhece uma boa governanta com paciência de santa?
Houve um momento de silêncio.
- Por acaso conheÇo, sim. O nome dela é Mary Rowane Daley, trabalhou para nós anos atrás. É um tesouro. Vou falar com ela e pedir que telefone para você.
- Obrigada - disse Dana.
Uma hora depois, Olivia disse:
- Dana, tem uma tal de Mary Daley ao telefone querendo falar com você.
Dana pegou o telefone.
- Sra. Daley?
- Sim. Ela mesma. - A voz simpática tinha um forte sotaque irlandês. -A Sra. Hudson disse que talvez precisasse de alguém para tomar conta do seu filho.
- Isso mesmo - disse Dana. - Tenho de sair da cidade por um ou dois dias.
Será que poderia dar um pulo amanhã bem cedo, digamos às sete horas, para conversarmos?
- Claro que sim. Como quis a sorte, estou livre no momento.
Ela deu o endereço à Sra. Daley - Estarei lá, Srta. Evans.
Na manhã seguinte, Mary Daley chegou pontualmente às sete.
Parecendo na faixa dos cinqüenta anos, era uma mulher socada com uma aparência jovial e um sorriso luminoso. Apertou a mão de Dana.
- Muito prazer em conhecê-la, Srta. Evans. Sempre que posso, vejo você na televisão.
- Obrigada.
- E cadê o rapazinho da casa?
- Kemal! - chamou Dana.
Um momento depois, ele saiu do quarto. Olhou para a Sra.
Daley, a expressão do rosto dizendo: Aberração.
A Sra. Daley sorriu.
- Kemal, não é? Nunca conheci alguém chamado Kemal.
Você parece um diabinho. - Aproximou-se dele. - Quero que me diga quais são todos os seus pratos favoritos. Sou uma grande cozinheira. Vamos nos divertir muito juntos, Kemal.
Espero, pensou Dana, orando.
- Sra. Daley, poderia ficar aqui com Kemal enquanto eu estiver fora?
- Claro, Srta. Evans.
- Que maravilha -disse Dana, agradecida. - Receio que não tenha muito espaço. As acomodações para dormir são…
A Sra. Daley sorriu.
- Não se preocupe. Aquele sofá-cama servirá muito bem.
Dana exavou um suspiro de alívio. Conferiu as horas no relógio.
- Por que não vem comigo deixar Kemal na escola? Depois pode pegá-lo às
13:45.
- Ótima idéia.
Kemal virou-se para Dana.
- Você vai voltar, não vai, Dana?
Dana abraçou-o.
- Claro que vou voltar para você, querido.