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A porta do estúdio abriu-se, um grupo de homens entrou e aproximou-se da mesa dos âncoras.

Todos ergueram os olhos. Tom Hawkins, o jovem e ambicioso produtor do noticiário da noite, disse:

- Dana, você conhece Gary Winthrop.

- Claro.

Em pessoa, Gary Winthrop era ainda mais bonito que nas fotos. Quarenta e poucos anos, olhos azuis-claros, um sorriso cativante e um enorme encanto.

- Mais uma vez nos encontramos, Dana. Obrigado por me convidar - Eu que Lhe agradeço por ter vindo.

Ela olhou em volta. Meia dúzia de secretárias haviam de repente arranjado motivos urgentes para ficar no estúdio. Gary Winthrop deve estar acostumado a isso, pensou Dana, achando divertido.

- Seu bloco vai ser dentro de alguns minutos. Por que não se senta aqui a meu lado? Este é Richard Melton. - Os dois se cumprimentaram com um aperto de mãos. - Conhece Jeff Connors, não?

- Pode apostar que sim. Devia estar lá arremessando, Jeff, em vez de comentando o jogo.

- Quem dera que eu pudesse - disse Jeff, pesaroso.

Enquanto o telecomando da França chegava ao fim e eles passavam para um comercial, Gary Winthrop sentou-se e assistiu ao fim do intervalo.

Da cabine de controle, Anastasia Mann avisou:

- Fiquem a postos. Vamos gravar. - Silenciosa, contou com. O indicador apontado. - Três… dois… um…

A cena no monitor reluziu e expôs o exterior do Museu de Arte de Georgetown. Um comentarista, o microfone na mão, enfrentava o vento frio.

- Estamos diante da fachada do Museu de Arte de Georgetown, no interior do qual se encontra o Sr Gary Winthrop, numa cerimônia que assinala sua doação de cinqüenta milhões de dólares ao museu. Agora, vamos até lá dentro…

A cena na tela mudou para o espaçoso interior do museu de arte. Várias autoridades municipais, dignitários e equipes de televisão reunidos em volta de Gary Winthrop. O diretor, Morgan Ormond, entregava-lhe uma grande placa.

- Sr Winthrop, em nome do museu, dos muitos visitantes que o freqüentam, e dos curadores, queremos agradecer-lhe por essa generosíssima contribuição.

As luzes das câmeras se acenderam.

Gary Winthrop disse:

- Espero que isso dê aos jovens pintores americanos uma oportunidade melhor não apenas de se expressarem, mas dE terem seu talento reconhecido em todo o mundo.

O grupo aplaudiu.

O repórter na fita dizia:

- Aqui, Bill Toland, no Museu de Arte de Georgetown De volta ao estúdio.

Dana…

A luz vermelha da câmera acendeu-se.

- Obrigada, Bill. Somos muito afortunados por ter o Sr Gary Winthrop conosco para discutir o propósito de sua grande doação.

A câmera recuou, abriu um ângulo maior, revelando Gary Winthrop no estúdio.

Dana perguntou:

- Essa doação de cinqüenta milhões de dólares, Sr Winthrop, será usada para comprar pinturas para o museu?

- Não. É para uma nova ala que será dedicada a jovens artistas plásticos americanos, que talvez de outro modo nunca teriam uma oportunidade de mostrar o que sabem fazer. Parte do fundo será usada em bolsas de estudo para crianças talentosas em cidades do interior Numerosos jovens crescem sem saber nada de arte. Podem ouvir falar dos grandes impressionistas franceses, mas quero que conheçam sua própria herança. Pintores americanos como Sargent, Homer e Remington. Esse dinheiro será usado para incentivar jovens artistas plásticos a realizarem seu potencial artístico e fazer com que todos os jovens adquiram um interesse pela arte.

- Há um rumor de que o senhor planeja candidatar-se ao Senado, Sr Winthrop. Isso tem algum fundo de verdade? Perguntou Dana.

Gary Winthrop sorriu.

- Estou testando as águas.

- Elas são muito convidativas. Nas votações experimentais, vimos que o senhor saiu na frente.

Gary Winthrop fez que sim com a cabeça.

- Minha família tem um longo histórico de serviço governamental. Se eu puder ser útil a este país, farei tudo o que for convocado a fazer - Obrigada por sua presença aqui conosco, Sr Winthrop.

- Eu é que agradeço a vocês.

No intervalo comercial, Gary Winthrop despediu-se e saiu do estúdio.

Jeff Connors, sentado ao lado de Dana, comentou:

- Precisamos de mais gente como ele no Congresso.

- Amém.

- Talvez pudéssemos cloná-lo. Por falar nisso, como vai Kemal?

Dana contraiu-se.

- Jeff, por favor, não mencione Kemal e clonagem numa mesma frase. Não sei mais como lidar com a coisa.

- O problema na escola esta manhã foi resolvido?

- Sim, mas isso foi hoje. Amanhã é…

- De volta ao ar. Três… dois… um… - avisou Anastasia Mann.

A luz vermelha piscou. Dana olhou para o teleprompter.

- Agora é hora dos esportes, com Jeff Connors.

Jeff olhou dentro da câmera.

- O Mago Merlin fez falta esta noite nos Wizards de Washington. Reggie Jordan tentou sua magia e Mitch Raymond e Ishdi White ajudaram a mexer a poção no caldeirão, mas ela ficou amarga, e eles acabaram tendo de engoli-la junto com seu orgulho…

Às duas da manhã, na casa de campo de Gary Winthrop, na seção noroeste da elite de Washington, dois homens retiravan quadros das paredes da sala de visitas. Um deles usava a máscara do Zorro, o outro a do Capítão Meíanoite.

Trabalhavan num ritmo sem pressa, arrancando as pinturas das molduras e pondo a pilhagem em grandes sacos de aniagem grossa.

- A que horas a patrulha vai passar de novo? - perguntou o Zorro.

O Capitão Meía-noite respondeu:

- Às quatro da manhã.

- Simpático da parte deles cumprir um horário que nos dá tempo, não?

- Éisso aí.

O Capitão Meia-noite retirou um quadro da parede e jogou-o com força no chão de mármore, fazendo um grande barulho. Os dois pararam o que faziam e prestaram atenção Silêncio.

O Zorro dísse:

- Tente de novo. Mais alto.

O Capitão Meia-noite pegou outro quadro e atirou-o pesadamente no chão.

- Agora vamos ver o que acontece.

Em seu quarto no andar de cima, Gary Wínthrop foi acordado pelo barulho. Sentou-se na cama. Ouvira um ruído, ou sonhara? Prestou atenção por um momento mais longo. Silêncio. Sem saber ao certo, levantou-se, foí até o corredor e apertou o interruptor da luz. O corredor continuou escuro.

- Ei! Tem alguém aí embaixo?

Não houve resposta. No andar de baixo, ele atravessou o longo corredor até chegar à porta da sala de visitas. Parou e fitou incrédulo os dois mascarados.

- Que diabo estão fazendo?

O Zorro voltou-se para ele e disse:

- Oi, Gary. Desculpe por termos acordado você. Volte para a cama e vá dormir -Uma Beretta com um silenciador apareceu em sua mão.

Ele apertou o gatilho duas vezes e viu o peito de Gary Winthrop explodir numa chuvarada vermelha. O Zorro e o Capitão Meia-noite viram-no cair no chão. Satisfeitos, viraram-se e continuaram a retirar as pinturas.

Dana Evans foi acordada pela incessante campainha do telefone. Esforçouse para sentar-se na cama e olhou para o relógio na mesinha-de-cabeceira, os olhos injetados. Eram cinco da manhã. Ela atendeu.

- Alô?

- Dana…

- Matt?

- Veja se dá um jeito de chegar o mais rápido possível ao estúdio.

- Que foi que houve?

- Passo tudo para você quando chegar aqui.

- Já estou indo.

Quinze minutos depois, vestida às pressas, Dana batia na porta do apartamento dos Whartons, os vizinhos do lado.

Dorothy Wharton abriu a porta vestindo um robe. Olhou assustada para Dana.

- Dana, qual é o problema?

- Detesto fazer isso com você, Dorothy, mas fui chamada ao estúdio numa emergência. Se incomodaria de levar Kemal à escola?

- Ora, claro que não. Será um prazer.

- Muitíssimo obrigada. Ele tem de estar lá às quinze para as oito e vai precisar de café da manhã.

- Não se preocupe. Cuido de tudo. Pode ir correndo.

- Obrigada - disse Dana, agradecida.