- Só sabemos que ela abalroou um gigantesco esprucE pouco amistoso. Eu vi. Não foi uma visão muito agradável.
Dana olhou um momento para Bruce Bowler - Seria possível eu ver o topo de Eaglecrest?
- Por que não? Vamos terminar o almoço, que eu mesmo a levo lá.
Foram de jipe até a sede de dois andares da vigilância, na basE da montanha.
Bruce Bowler disse a Dana:
- Este prédio é onde nos encontramos para fazer nossos planos de busca e resgate. Alugamos aqui equipamento de esqui e temos instrutores para quem quiser aulas. Vamos tomar esse teleférico até o topo da montanha.
Entraram na cadeira do teleférico Ptarmigan, que se dirigia para o topo de Eaglecrest. Dana tiritava de frio.
- Eu devia tê-la avisado. Para esse tipo de temperatura, você precisa de roupa de propilene, malhas longas coladas ao corpo e tem de se vestir em camadas.
Dana tremeu.
- Vou me lembrar da próxima vez.
- Foi nessa cadeira que Julie Winthrop subiu. Ela levava a mochila de emergência nas costas.
- Mochila de emergência?
- É. Contém uma pá de avalanche, um sinalizador que transmite sinais até cinqüenta metros e um bastão de sondagem. - Deu um suspiro. - Claro, isso não ajuda nada quando a gente bate numa árvore.
Aproximavam-se do cume. Ao chegarem à plataforma e descerem cautelosos da cadeira teleférica, um homem no topo saudou-os.
- Que o traz aqui, Bruce? Alguém perdido?
- Não. Só estou mostrando as paisagens a uma amiga. Esta é a Srta. Evans.
Trocaram cumprimentos. Dana olhou em volta. Havia uma cabana aconchegante quase perdida nas pesadas nuvens. Teria Julie Winthrop ido lá antes de esquiar? E será gue alguém a tinha seguido? Alguém que planejava matá-la? Bruce Bowler virou-se para Dana.
- Este é o ponto mais alto da montanha. Daqui é só morro abaixo.
Dana virou-se e olhou para o implacável solo distante, muito distante, e estremeceu.
- Você parece estar congelando, Srta. Evans. É melhor eu levá-la para baixo.
- Obrigada.
Dana acabara de chegar à Pousada do Cais do Porto, quando ouviu uma batida na porta de seu quarto. Abriu-a. Era um homem de rosto pálido.
- Srta. Evans?
- Sim.
- Oi. Meu nome é Nicholas Verdun. Sou do jornal Juneau Empire.
- Sim…?
- Soube que está investigando a morte de Julie Winthrop.
Gostaríamos de fazer uma matéria sobre isso.
Um alarme soou na mente de Dana.
- Receio que esteja enganado. Não estou fazendo nenhuma investigação.
O homem olhou para ela, cético.
- Mas me disseram…
- Estamos fazendo um programa sobre esqui em todo o mundo. Esta é apenas uma parada.
Ele ficou ali por um momento.
- Entendo. Desculpe por tê·la incomodado.
Dana ficou observando-o se afastar. Como soube o que estou Telefonou logo para o Juneau Empire.
- Alô. Queria falar com um dos seus repórteres, Nicholas Verdun… - Ouviu por um momento. - Não tem ninguém com esse nome? Entendo. Obrigada.
Levou dez minutos para arrumar a mala. Preciso sair daqui e encontrar outro lugar para ficar. De repente, lembrou-se. Não era você que queria saber sobre a Cosy Log, nossa pousada com quarto e café da manhã? Está com sorte. Temos um quarto disponível. Desceu para o saguão e fechou a conta. O funcionário deulhe as direções da pousada e desenhou um pequeno mapa.
No porão do prédio governamental, o homem olhando para o mapa digital no computador disse:
- O alvo está deixando a área do centro, rumando para oeste…
A Pousada Cozy Log - Cama e Café da Manhã - era uma bem-cuidada casa alasquiana de um andar, de toras de madeira, a meia hora de carro de Juneau. Perfeito. Dana tocou a campainha da porta da frente e uma mulher alegre, atraente, de seus trinta e poucos anos, abriu-a.
- Olá. Posso ajudá-la?
- Sim. Conheci seu marido e ele disse que vocês tinham um quarto desocupado.
- De fato, temos, sim. Sou Judy Bowler.
- Dana Evans.
- Entre.
Dana entrou e olhou em volta. A pousada consistia numa sala de estar grande, confortável, com uma lareira de pedra, uma sala de jantar onde comiam os pensionistas e dois quartos com banheiros.
- Eu é que faço toda a comida aqui - disse Judy Bowler.
- É muito gostosa.
Dana sorriu, afetuosa.
- Estou louca para provar Judy Bowler levou-a para o quarto. Era limpo e com aparência caseira.
Dana desfez a mala.
Havia um casal hospedado ali, e a conversa foi informal.
Nenhum deles reconheceu Dana.
Depois do almoço, ela pegou o carro e voltou para o centro da cidade.
Entrou no bar da Cliff House e pediu um drinque. Todos os empregados tinham a pele bronzeada e o ar saudável.
Claro. - belo clima - disse ela ao barman jovem e louro.
- É. Um tempo fantástico para a gente esquiar - Você esquia muito?
Ele sorriu.
- Sempre que posso tirar uma folga.
- Perigoso demais para mim - suspirou Dana. - Uma amiga minha morreu alguns meses atrás.
Ele pôs no tampo do bar o copo que estava polindo.
- Morreu?
- Sim. Julie Winthrop.
A expressão dele obscureceu.
- Ela vinha sempre aqui. Moça simpática.
Dana curvou-se à frente.
- Eu soube que não foi um acidente.
Ele arregalou os olhos.
- Que quer dizer com isso?
- Soube que ela foi assassinada.
- Assassinada! - exclamou ele, incrédulo. - Impossível. Foi um acidente.
Vinte minutos depois, Dana conversava com o barman do Hotel Prospector - Que tempo maravilhoso.
- É. Um ótimo tempo para esquiar - disse o barman.
- Perigoso demais para mim - suspirou Dana. - Uma amiga minha morreu esquiando alguns meses atrás. Talvez você a conhecesse. Julie Winthrop.
- Oh, claro. Eu gostava muito dela. Quer dizer, não era metida a besta como algumas pessoas. Era muito simples.
Dana curvou-se para a frente.
- Eu soube que a morte dela não foi um acidente.
A expressão do barman mudou. Ele baixou a voz.
- Sei muito bem que não foi acidente nenhum.
O coração de Dana acelerou-se.
- Sabe?
- Pode apostar - Ele curvou-se, com um ar conspirador - Aqueles malditos marcianos…
Ela estava de esquis no alto da montanha Ptarmigan e sentia o vento frio fustigando. Olhou o vale embaixo, tentando decidir por onde retornar, quando de repente sentiu um empurrão de trás e pôs-se a despencar cada vez mais rápido pela encosta, em direção a uma enorme árvore. Pouco antes de atingir a árvore, acordou, aos gritos.
Dana sentou-se na cama, tremendo. Foi isso que aconteceu com Julie Winthrop? Quem a empurrou para a morte? Elliot Cromwell estava impaciente.
- Diabos, Matt, quando é que Jeff Connors vai voltar? Precisamos dele.
- Logo. Ele dá sempre notícias.
- E onde está Dana?
- Está no Alasca, Elliot. Por quê?
- Eu gostaria de vê-la de volta aqui. Os índices de audiência dos nossos noticiários da noite caíram.
Matt Baker olhou para ele, perguntando-se se aquele era o verdadeiro motivo da preocupação de Elliot Cromwell.
Pela manhã, Dana vestiu-se e voltou de carro ao centro da cidade.
No aeroporto, à espera de ser chamada para seu vôo, reparou num homem sentado a um canto, lançando-lhe olhares de vez em quando. Pareceu-lhe estranhamente conhecido. Usava um terno cinza-escuro, e lembrava alguém. Um homem diferente do que tinha visto no aeroporto de Aspen.
Também d terno cinza-escuro. Mas não foram as roupas que despertaram sua lembrança. Era alguma coisa na aparência dos dois. Ambos tinham uma desagradável aura de arrogância. Ele lançava-lhe um olhar beirando o desprezo que lhe provocava calafrios.
Após Dana embarcar, o homem falou num telefone celular e saiu do aeroporto.
Quando chegou em casa, Dana encontrou uma linda árvore de Natal que a Sra. Daley tinha comprado e decorado.