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- Só um momento. Bitte. - Dana viu-a levantar-se, abrir uma porta assinalada PRIVAT e entrar.

Dana olhou o escritório da recepção em volta. Penduradas nas paredes, fotografias emolduradas das fábricas da Eletrônica Zander em todo o mundo. A empresa tinha sucursais nos Estados Unidos, França, Itália…

Países onde haviam ocorrido os assassinatos dos Winthrops.

A secretária retornou um instante depois.

- O Sr. Zander vai recebê-la - disse ela, com um tom desaprovador. - Mas ele só tem alguns minutos. Isso é muito… muito fora do comum.

- Obrigada - disse Dana.

A secretária levou-a a um grande escritório revestido de lambris de madeira.

- Esta é Fräulein Evans.

Dieter Zander estava sentado atrás de uma enorme escrivaninha. Um homem de seus sessenta anos, grandalhão, com um rosto astucioso e olhos castanho-claros. Dana lembrou-se da história de Steffan sobre o ursinho de pelúcia.

Ele olhou para Dana e disse:

- Estou reconhecendo-a. Foí a correspondente em Sarajevo.

- Sim.

- Não compreendo o que quer comigo. Falou da minha família com a secretária.

- Posso me sentar?

- Bitte.

- Eu quería conversar com o senhor sobre Taylor Winthrop.

A expressão de Zander anuviou-se.

- Que tem ele?

- Estou fazendo uma investigação, Sr Zander. Acho que Taylor Winthrop e sua família foram assassinados.

Os olhos de Díeter Zander ficaram gélidos.

- Acho melhor sair agora, Früulein.

- O senhor foi sócio dele numa empresa - disse Dana. - e…

- Saía!

- Herr Zander, sugiro que seria melhor discutir isso comigo em particular do que o senhor e seus amigos tomarem conhecimento pela televisão.

Quero ser imparcial. Quero ouvir o seu lado da história.

Dieter Zander ficou calado por um longo tempo. Quando falou, havia um profundo ressentimento em sua voz.

- Taylor Winthrop era scheisse. Oh, inteligente, muito inteligente. Armou uma cilada para mim. E enquanto eu estava na prisão, Fráulein, mínha mulher e filhos morreram. Se estivesse em casa… eu poderia tê-los salvado.

- A voz saiu cheia de dor - Era verdade que eu odiava aquele homem. Mas assassinar Taylor Winthrop? Não. - Deu seu sorriso de ursinho de pelúcia.

- Auf wiedersehen, Srta. Evans.

Dana telefonou para Matt Baker - Matt, estou em Düsseldorf. Você tinha razão. Talvez eu tenha acertado na mosca. Dieter Zander esteve envolvido num acordo empresarial com Taylor Winthrop. Ele afirma que Winthrop o incriminou falsamente e mandou-o para a prisão. A mulher e os filhos de Zander morreram num incêndio enquanto ele estava atrás das grades.

Houve um silêncio de choque.

- Morreram num incêndio?

- Isso mesmo - disse Dana.

- Da mesma maneira como morreram Taylor e Madeline.

- Sim. Você devia ter visto o olhar de Zander quando falei de assassinato.

- Tudo se encaixa, não é? Zander tinha um motivo para acabar com toda a família Winthrop. Você teve razão o tempo todo sobre os assassinatos. Mal dá… mal dá para acreditar nisso.

- Parece bom, Matt, mas ainda não temos provas. Tenho mais duas paradas a fazer. Parto para Roma amanhã. Voltarei daqui a um ou dois dias.

- Cuide bem de você.

- Combinado.

Na sede geral da FRA, três homens viam Dana numa tela de televisão embutida na parede, falando ao telefone em seu espaçoso quarto de hotel.

- Tenho mais duas paradas a fazer. Parto para Roma amanhã. Voltarei daqui a um ou dois dias.

Os homens viram Dana desligar o telefone, levantar-se e entrar no banheiro. A cena na tela mudou para uma câmera inserida no olho mágico do pequeno armário de remédios do banheiro. Dana começou a despir-se.

Tirou a blusa e o sutiâ.

- Cara, olhe só aquelas tetas!

- Espetaculares.

- Espere. Ela está tirando a saia e a calcinha.

- Pessoal, olha aquele rabo! Quero um pedaço dele.

Viram Dana entrar no chuveiro e fechar a porta do boxe. A porta começou a ficar embaçada.

Um dos homens deu um suspiro.

- Só isso, por ora. Filmada às onze da noite.

Os tratamentos de quimioterapia eram um inferno. Adriamycin e Taxotere por via intravenosa, injetadas junto com soro que saía de um pequeno frasco, e o processo levava quatro horas.

O Dr Young disse a Jeff - São momentos muito difíceis para ela. Vai se sentir nauseada e esgotada, além de sofrer perda de cabelos. Para uma mulher, esse às vezes é o efeito colateral mais devastador de todos.

- Certo.

E na tarde seguinte, Jeff disse a Racheclass="underline"

- Vista-se. Vamos dar um passeio.

- Jeff, realmente não me sinto em condições de…

- Sem discussão.

Meia hora depois, os dois chegavam a uma loja de perucas, e Rachel experimentava vários modelos, sorria e dizia a Jeff - São lindas. Prefere esta longa ou a curta?

- Gosto das duas - disse Jeff. - E quando se encher dessas, volte e troqueas por uma castanha ou ruiva. - Sua voz suavizou-se. - Pessoalmente, gosto do jeito como você é.

Os olhos de Rachel encheram-se de lágrimas.

- E eu gosto do jeito como você é.

DezESSETE Cada cidade tem seu próprio ritmo, e Roma não se parece com nenhuma outra do mundo. Uma metrópole moderna enclausurada na história medieval de séculos de glória. Move-se no seu próprio ritmo compassado, pois não tem nenhum motivo para se apressar. O amanhã sempre chega quando bem lhe apraz.

Dana não ia a Roma desde que tinha doze anos, quando a mãe e o pai a levaram para conhecer a Itália. A aterrissagem no Aeroporto Leonardo da Vinci despertou-Lhe uma imensidão de lembranças. O primeiro dia em Roma quando ela explorou o Coliseu, onde os cristãos haviam sido atirados aos leões. Não dormiu por uma semana depois dessa visita.

Foi com os pais ao Vaticano e à Escadaria de Espanha, e jogou uma lira na Fonte de Trevi, desejando que a mãe não se divorciasse do pai. Quando aconteceu o divórcio, Dana sentiu-se traída pela fonte.

Viu uma apresentação da ópera Otelo, nas Termas de Caracala, os banhos romanos, e aquela foi uma noite que jamais esqueceria.

Tomou sorvete na famosa Doney, na Via Veneto, e percorreu as ruas movimentadas do Trastevere. Dana adorou Roma e sua gente. Quem poderia imaginar que eu voltaria aqui após todos esses anos, à procura de um assassino em série? Dana registrou-se no Hotel Ciceroni, perto da Piazza Navona.

- Buon giorno - cumprimentou-a o gerente do hotel. É uma grande alegria tê-la hospedada conosco, Srta. Evans.

Soube que vai ficar uns dois dias, não? Dana hesitou.

- Ainda não estou bem certa.

Ele sorriu.

- Nenhum problema. Temos uma bela suíte para a senhorita. Se precisar de alguma coisa, é só nos avisar.

A Itália é um país tão amistoso. E Dana pensou em seus antigos vizinhos, Dorothy e Howard Wharton. Não sei como ouviram falar de mim, mas mandaram um homem de avião até aqui só para me fazer uma proposta de trabalho.

Num impulso, Dana decidiu telefonar para os Whartons. Pedira à telefonista que ligasse para a Corporação Italiano Ripristino.

- Por favor, eu gostaria de falar com Howard Wharton.

- Poderia soletrar?

Ela soletrou.

- Obrigado. Um momento.

O momento acabou sendo cinco minutos. A mulher voltou à linha.

- Desculpe-me. Não há ninguém com esse nome aqui.

A única coisa é que temos de estar em Roma amanhã.

Dana telefonou para Dominick Romano, o âncora da televisão Itália-I.

- Sou eu, Dana. Cheguei, Dominick.

- Dana! Que alegria. Quando podemos nos encontrar?

- Diga você.

- Onde está hospedada?

- No Hotel Ciceroni.

- Pegue um táxi e diga ao motorista para levá-la ao Toula.

Me encontrarei lá com você em meia hora.

Toula, na Via Della Lupa, era um dos mais famosos restaurantes de Roma.

Quando Dana chegou, Romano a esperava.

- Buon giorno. É bom ver você sem as bombas.