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- Dana Evans? - Tinha um forte sotaque eslovaco.

- Sim…

Abriu um largo sorriso e disse, entusiasmado:

- Sou seu maior fã! Vejo você na televisão o tempo todo.

Dana sentiu uma onda de alívio.

- Oh. Sim. Obrigado.

- Será que poderia me deixar muito feliz me dando seu autógrafo?

- Claro.

Ele atirou um pedaço de papel diante de Dana.

- Não tenho caneta.

- Eu tenho. - Ela pegou a caneta de ouro nova e deulhe seu autógrafo.

- Spasiba! Spasiba!

Quando ia pôr a caneta de volta na bolsa, alguém deu-lhe um tranco e a caneta caiu no piso de concreto. Dana agachou-se e pegou-a. O invólucro rachara.

Espero que tenha conserto, pensou. E olhou-a mais de perto. Um fio fino aparecia pela rachadura. Aturdida, puxou-o delicadamente. Tinha um microtransmissor preso ao fio. Fitou-o, íncrédula.

Por isso é que sempre souberam onde eu estava! Mas quem o pôs ali e por quê? Lembrou-se do cartão que viera junto com a caneta. Querida Dana, tenha uma viagem segura. A Turma.

Furiosa, arrancou o fio, atirou-o no chão e esmagou-o com o salto.

Numa sala de laboratório isolada, o marcador de sinal num mapa de repente desapareceu.

- Oh, merda!

- Dana?

Ela voltou-se. Viu o correspondente da WTN em Moscou ali parado.

- Sou Tim Drew. Desculpe o atraso. O tráfego aqui é um pesadelo. - Era um homem alto, de seus quarenta e poucos anos, cabelos ruivos e um sorriso simpático. - Estou com um carro esperando lá fora. Matt me disse que você só vai ficar aqui dois dias.

- Isso mesmo.

Os dois pegaram a bagagem de Dana na esteira e seguiram para a rua.

O trajeto de carro em Moscou lembrava uma cena de Dr. Jivago.

Parecia que toda a cidade estava envolta num manto de pura neve branca.

- Mas é tão lindo! - exclamou Dana. - Há quanto tempo mora aqui?

- Dois anos.

- E você gosta?

- É meio assustador. Yeltsin está sempre vendendo gato por lebre, e ninguém sabe o que esperar de Vladimir Putin. Os internos estão dirigindo o manicômio. - Deu uma freada brusca para dar passagem a pedestres imprudentes. - Fez reserva no Hotel Sevastopol?

- Sim. Como é?

- É um dos nossos típicos hotéis da Intourist. Fique certa de que haverá alguém no seu andar de olho em você.

As ruas estavam apinhadas de pessoas envoltas em peles, suéteres e sobretudos grossos. Tim Drew deu uma olhada em Dana.

- É melhor comprar umas roupas mais quentes, senão vai congelar - Vou ficar bem. Devo estar voltando amanhã ou depois de amanhã.

Adiante deles, viam-se a praça Vermelha e o Kremlin. O Kremlin erguia-se altaneiro numa colina que dominava a margem esquerda do rio Moscova.

- Meu Deus, é impressionante - disse Dana.

- É. Se aquelas paredes falassem, a gente ouviria muitos gritos - continuou Tim Drew - É um dos prédios mais famosos do mundo. Ocupa um pedaço de terra cobrindo a pequena colina Borovitsky na margem direita e…

Dana parou de ouvir. Pensava: E se Antonio Persico mentiu? E se inventou a história de Taylor Winthrop matar o garoto? E se mentiu sobre o plano russo?

- Essa é a saída da praça Vermelha pelo muro leste. A Torre Kutayfa ali é a entrada dos visitantes no muro oeste.

Mas então por que Taylor Winthrop estava tão desesperado em vir para a Rússia? Ser apenas embaixador não teria significado tanto para ele.

Tim Drew dizia:

- Este é o lugar em que se concentrou todo o poder russo por séculos a fio.

Ivan o Terrível e Stalin tiveram seus quartéisgenerais aí, depois Lenin e Kruschev Todas as peças se encaixaram. Preciso descobrir o que ele queria dizer com isso.

Haviam parado diante de um hotel enorme.

- Chegamos - disse Tim Drew - Obrigada, Tim. - Dana saltou do carro e foi atingida por uma sólida onda de ar enregelante.

- Entre logo - gritou ele. - Eu levo suas malas para dentro. Aliás, se estiver livre, gostaria de levá-la para jantar - Muito obrigada.

- Tem um clube particular com uma comida muito gostosa. Acho que vai gostar - Excelente.

O saguão do Hotel Sevastopol era grande, ornado e cheio de gente. Vários funcionários trabalhavam atrás do balcão da recepção. Dana aproximou-se de um deles.

O funcionário ergueu os olhos.

- Da?

- Sou Dana Evans. Tenho uma reserva.

O homem olhou-a por um momento e disse, nervoso:

- Ah, sim. Srta. Evans. - Entregou-lhe um cartão de registro. - Pode preencher esta ficha, por favor? E vou precisar de seu passaporte.

Quando ela começou a escrever, o funcionário olhou para um homem parado num canto do outro lado do saguão e assentiu com a cabeça. Dana entregou-lhe o cartão.

- Vou pedir que a acompanhem até o quarto - disse o recepcionista.

- Obrigada.

O quarto tinha um vago ar do refinamento e da elegância de tempos passados, e a mobília parecia envelhecida, gasta, e cheirava a mofo.

Uma mulher atarracada, usando um uniforme largo, entrou com as malas.

Dana deu-lhe uma gorjeta. Ela grunhiu e saiu.

Dana pegou o telefone e ligou para 252-2451.

- Embaixada americana. ; - Gabinete do embaixador Hardy, por favor - Um momento.

- Gabinete do embaixador Hardy.

. - Alô. Aqui é Dana Evans. Posso falar com o embaixador?

- Poderia me dizer do que se trata?

- É… é um assunto pessoal.

- Só um momento, por favor Trinta segundos depois, o embaixador Hardy estava ao telefone.

- Srta. Evans?

- Sim.

- Bem-vinda a Moscou.

- Obrigada.

- Roger Hudson telefonou para dizer que ia chegar. Que posso fazer por você?

- Será que eu podia dar um pulo aí para vê-lo?

- Claro. Eu… Espere um momento. - Houve uma breve pausa e o embaixador voltou à linha. - Que tal amanhã de manhã? Às dez horas?

- Para mim está ótimo. Muito obrigada.

- Até amanhã.

Dana olhou pela janela a multidão apertando os passos no frio de rachar e pensou: Tim estava certo. É melhor eu comprar algumas roupas mais quentes.

A loja de departamentos GUM ficava a dois quarteirões do hotel. Era um enorme empório, estocado com produtos baratos que variavam de roupas a material pesado.

Dana aproximou-se da seção feminina, onde viu casacões grossos pendurados em araras. Escolheu um de lã vermelha e um cachecol da mesma cor para combinar. Levou vinte minutos para encontrar um funcionário capaz de realizar a transação.

Quando voltou ao quarto do hotel, o celular pôs-se a tocar. Era Jeff.

- Alô, querida. Tentei lhe telefonar na véspera do Ano.

Novo, mas não houve resposta no celular, e eu não sabia ondE encontrá-la.

- Lamento, Jeff. - Então ele não esqueceu! Graças a Deus,

- Onde você está?

- Em Moscou.

- Está tudo bem, querida?

- Ótimo. Jeff, fale-me de Rachel.

- É cedo demais para dizer alguma coisa. Eles vão tentar uma nova terapia amanhã. Ainda é muito experimental. O resultado sairá em poucos dias.

- Espero que dê certo - disse Dana.

- Está frio aí?

Dana riu.

- Você não pode imaginar. Sou uma pedra de gelo humana.

- Eu queria estar aí para derreter você.

Conversaram por mais uns cinco minutos, e Dana ouviu a voz de Rachel chamando Jeff.

- Tenho de ir, querida. Rachel precisa de mim.

Eu também preciso de você, pensou.

- Eu te amo.

- Eu amo você?

A embaixada americana no bulevar Novinsky, 19-23, era um prédio antigo, em péssimas condições, com guardas russos a postos em guaritas do lado de fora. Uma longa fila de pessoas esperava pacientemente. Dana passou a fila e deu o nome a um guarda. Ele olhou a lista de serviço e fez-Lhe um sinal para entrar Dentro do saguão, ela viu um fuzileiro naval americano a postos numa guarita à prova de bala. Uma sentinela de uniforme revistou o conteúdo de sua bolsa.

- Tudo bem.

- Obrigada. - Dana foi até a escrivaninha. - Dana Evans.