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Abbe Lasmann já estava em seu escritório, parecendo sonolenta.

- Ele está a sua espera.

Dana entrou na sala de Matt.

- Tenho algumas notícias terríveis - disse ele. - Gary Winthrop foi assassinado no início da madrugada.

Dana afundou numa poltrona, aturdida.

- Como? Quem…?

- Aparentemente, a casa estava sendo roubada. Quando enfrentou os ladrões, eles o assassinaram.

- Oh, não! Ele era tão maravilhoso! - Dana lembrou-se da amizade e do calor humano do atraente filantropo e sentiu-se muito mal.

Matt balançava a cabeça, incrédulo.

- Com essa… meu Deus… é a quinta tragédia.

- O que quer dizer.. a quinta tragédia? Matt olhou para ela surpreso, aí, de repente, compreendeu.

- Claro… você estava em Sarajevo. Imagino que lá, com a guerra comendo feio, o que aconteceu com os Winthrops no ano passado não devia ser notícia de primeira linha. Ouviu falar de Taylor Winthrop, o pai de Gary?

- Sim. Era senador. Ele e a mulher não morreram num incêndio no ano passado?

- Isso mesmo. Dois meses depois, o filho mais velho deles morreu num acidente de automóvel. E um mês e meio depois foi a filha Julie, num acidente de esqui. - Matt fez uma pausa.

- E agora, nesta madrugada, Gary, o último da família.

Dana calou-se, aturdida.

- Dana, os Winthrops são uma lenda. Se este país tivesse uma família real, eles é que usariam a coroa. Inventaram o carisma. Ficaram famosos em âmbito mundial por sua filantropia e serviços prestados ao governo. Gary planejava seguir os passos do pai e concorrer ao Senado, e era encarado como o vencedor certo. Agora, ele se foi. Em menos de um ano, uma das mais ilustres famílias do mundo foi totalmente dizimada.

- Eu… eu não sei o que dizer - É melhor pensar em alguma coisa - disse Matt, ríspido. - Você entra no ar em vinte minutos.

A notícia da morte de Gary Winthrop transmitiu ondas de choque a todo o mundo. Comentários de líderes governamentais lampejaram nas telas de televisão em todo o planeta.

- É como uma tragédia grega…

- Inacreditável…

- Uma irônica reviravolta do destino…

- O mundo sofreu uma grande perda…

- Os mais brilhantes e os melhores, e agora se foram todos…

Parecia que todo mundo não falava de outro assunto senão do assassinato de Gary Winthrop. Uma onda de tristeza inundou o país. A morte de Gary Winthrop trouxera de volta a lembrança das outras mortes trágicas na família.

- É tão irreal - disse Dana a Jeff. - Toda a família devia ser tão maravilhosa.

- E eram. Gary era um verdadeiro fã de esportes, e um grande patrocinador - Jeff balançou a cabeça de um lado para outro. - É difícil acreditar que dois ladrõezinhos liquidaram uma pessoa tão maravilhosa.

Ao volante, a caminho do estúdio na manhã seguinte, Jeff disse:

- Ah, a propósito, Rachel está aqui na cidade.

A propósito? Mas como ele é natural. Natural demais, pensou Dana.

Jeff tinha sido casado com Rachel Stevens, uma top model.

Dana vira o retrato dela em anúncios de televisão e capas de revistas. Era difícil acreditar que uma mulher pudesse ser tão linda. Mas na certa não tem uma célula cerebral funcionando na cabeça, decidiu Dana. Em compensação, com aquele rosto e corpo, não precisa de cérebro.

Dana conversara sobre Rachel com Jeff.

- Que aconteceu com o casamento?

- No início foi fantástico - disse-lhe Jeff: - Rachel me dava um grande apoio, era muito compreensiva. Embora odiasse beisebol, ia aos jogos me ver jogar. Além disso, tínhamos muita coisa em comum.

Aposto que tinham.

- Ela é mesmo uma mulher maravilhosa, completamente autêntica. Adorava cozinhar Quando estava numa filmagem, cozinhava para as outras modelos.

Grande jogada para livrar se da competição. Na certa, elas caíam como moscas.

- Como?

- Eu não disse nada.

- Em todo caso, ficamos casados cinco anos.

- E aí?

- Rachel fazia o maior sucesso. Era sempre requisitada, e seu trabalho a levou ao mundo inteiro. Itália… Inglaterra…

Jamaica… Tailândia… Japão… Diga qualquer lugar que queira.

Enquanto isso, eu jogava bola em todos os cantos do país. Não nos encontrávamos, nem ficávamos juntos com muita freqüência. Aos poucos, a magia foi desaparecendo.

A pergunta seguinte parecia lógica, pois Jeff adorava crianças.

- Por que vocês não tiveram filhos? Ele deu um sorriso forçado.

- Não é bom para a forma física de uma modelo. Aí, um dia, Roderick Marshall, um dos diretores bambas de Hollywood, mandou chamá-la.

Rachel foi para Hollywood. - Jeff hesitou.

- Ela me ligou uma semana depois para dizer que queria o divórcio.

Achava que tínhamos ficado muito afastados um do outro. Tive de concordar. Dei o divórcio. Logo depois, quebrei o braço.

- E se tornou um comentarista esportivo. E Rachel? Não estourou no cinema?

Jeff fez que não com a cabeça.

- Não, ela não se interessava a sério. Mas está se saindo simplesmente muito bem.

- Vocês continuam amigos? - Uma pergunta carregada.

- Sim. Para falar a verdade, quando ela me telefonou contei sobre nós. Ela quer conhecê-la.

Dana franziu a testa.

- Jeff, não acho que…

- Ela é muito simpática mesmo, querida. Vamos almoçar todos juntos amanhã. Você vai gostar de Rachel.

- Com certeza que vou - concordou Dana.

Como uma bola de neve no inferno, pensou Dana. Mas afinal não tenho hábito de falar com muitas cabeças ocas.

A cabeça oca acabou sendo ainda muito mais linda que Dana temia. Rachel Stevens era alta e esguia, com longos e luminosos cabelos louros, a cútis bronzeada, perfeita, e traços faciais impressionantes. Dana detestou-a à primeira vista.

- Dana Evans, esta é Rachel Stevens.

Não devia ser: Rachel Stevens, esta é Dana Evans?, pensou Dana.

A supermodelo dizia: -…suas transmissões de Sarajevo sempre que eu podia.

Eram incríveis. Dava pra todos nós sentirmos seu coração partido e partilhar de sua dor Como a gente responde a um elogio sincero?

- Obrigada - disse Dana, sem muita entonação.

- Onde gostariam de almoçar? - perguntou Jeff.

Rachel sugeriu:

- Tem um restaurante maravilhoso chamado Estreitos da Malásia. Fica a dois quarteirões de Dupont Circle. - Virou-se para Dana e perguntou: - Você gosta de comida tailandesa? Como se ela realmente se importasse.

- Gosto.

Jeff sorriu.

- Ótimo. Vamos experimentar - Fica só a alguns quarteirões daqui. Vamos a pé? Nesse frio enregelante?

- Claro - disse Dana, disposta a enfrentar qualquer parada. Ela na certa anda nua na neve.

Os três dirigiram-se para Dupont Circle. Dana sentia-se medonha em segundo plano. Arrependia-se amargamente de ter aceitado o convite.

O restaurante acabou se revelando lotado, com uma dezena de pessoas no bar, à espera de mesas. O maitre apressou-se a recebê-los.

- Uma mesa para três - disse Jeff.

- Vocês fizeram reserva?

- Não, mas…

- Lamento, mas… - Reconheceu Jeff. - Sr Connors, é um prazer vê-lo. - Olhou para Dana. - Srta. Evans, é uma honra. - Fez um muxoxo. - Receio que haja um pequeno atraso. - Desviou o olhar para Rachel, e a expressão no rosto iluminou-se. - Srta. Stevens! Li que ia fazer um trabalho na China.

- Fiz, em Somchai. Já voltei.

- Maravilha. - Voltou-se para Dana e Jeff. - Claro que temos uma mesa pra vocês. - Levou-os a uma no centro do restaurante.

Odeio ela, pensou Dana. Odeio mesmo.

Já sentados, Jeff disse:

- Você está fantástica, Rachel. Seja lá o que anda fazendo, tem-lhe feito bem.

E podemos todos adivinhar o quê.’ - Tenho viajado muito. Acho que vou moderar um pouco o ritmo por algum tempo. - Olhou fundo nos olhos de Jeff.

- Lembra aquela noite em que eu e você…

Dana ergueu os olhos do cardápio.