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Um homem de pé junto à mesa disse:

- O embaixador está à sua espera, Srta. Evans. Venha comigo, por favor Ela acompanhou-o, subiu alguns degraus de mármore e entrou numa antesala ao fim de um longo corredor. Quando entrou, uma mulher atraente de quarenta e poucos anos sorriu e exclamou:

- Srta. Evans, é um grande prazer. Sou Lee Hopkins, secretária do embaixador. Pode entrar Dana dirigiu-se ao escritório interno. O embaixador Edward Hardy levantou-se quando ela se aproximou da mesa.

- Bom dia, Srta. Evans.

- Bom dia, embaixador. Obrigada por me receber O embaixador era um homem alto e afetado, com a simpática atitude de um político.

- É um enorme prazer conhecê-la. Posso servir-lhe alguma coisa?

- Não, obrigada.

- Por favor, sente-se.

Dana sentou-se.

- Fiquei encantado quando Roger Hudson me disse que esperasse sua visita. Chegou numa época interessante.

- É?

- Detesto dizer isso, mas, aqui entre nós dois, receio que este país esteja em queda livre. - Suspirou. - Para falar com toda franqueza, Srta. Evans, não faço a mínima idéia do que vai acontecer em seguida aqui. É um país com o dobro do tamanho dos Estados Unidos, com oitocentos anos de história, e a gente o vê escoando pelo esgoto. Os criminosos estão governando a Rússia.

Dana olhou-o, curiosa.

- Que quer dizer?

O embaixador recostou-se na cadeira.

- A lei aqui diz que nenhum membro da Duma, a câmara baixa do Parlamento, pode ser processado por crime algum. O resultado é que a Duma está cheia de homens procurados por todos os tipos de delitos… gângsteres que já cumpriram tempo na prisão e criminosos em vias de cometer crimes. Nenhum deles pode ser tocado.

- Isso é incrível - disse Dana.

- Pois é. - Ele examinou-a por algum tempo. - bem, em que posso ajudá-la, Srta. Evans?

- Eu queria Lhe fazer algumas perguntas sobre Taylor Winthrop. Estou fazendo uma matéria sobre a família.

O embaixador Hardy balançou a cabeça, pesaroso.

- Parece uma tragédia grega, não?

- Sim. - Mais uma vez a mesma frase.

O embaixador Hardy olhou para Dana, curioso.

- O mundo ouviu essa história repetidas vezes. Acho que não há muito mais o que dizer.

- Quero contá-la de um ângulo mais pessoal - disse Dana, cuidadosa. - Quero saber como era mesmo Taylor Winthrop, que tipo de homem era ele, quem eram seus amigos aqui, se tinha inimigos…

- Inimigos? - Ele pareceu surpreso. - Não. Todo mundo adorava Taylor Provavelmente, foi o melhor embaixador que já tivemos aqui.

- Trabalhou com ele?

- Sim. Fui vice-presidente da missão durante um ano.

- Embaixador Hardy, sabe se Taylor Winthrop trabalhava em alguma coisa em que… - interrompeu-se, sem saber como pôr em palavras -…todas as peças tinham se encaixado? O embaixador Hardy franziu o cenho.

- Refere-se a algum acordo comercial ou governamental?

- Não sei ao certo a que me refiro - confessou Dana.

O embaixador Hardy pensou por um momento.

- Eu também não. Não, não faço a mínima idéia do que poderia ser Ela perguntou:

- Algumas das pessoas que trabalham hoje aqui na embaixada… também trabalharam para ele?

- Ah, sim. Na verdade, minha secretária Lee era secretária de Taylor.

- O senhor se incomodaria se eu falasse com ela?

- De modo algum. Aliás, vou Lhe dar uma lista das pessoas que poderiam ser úteis.

- Ah, seria maravilhoso. Obrigada.

Ele levantou-se.

- Tome cuidado enquanto estiver aqui, Srta. Evans. Tem havido muitos crimes nas ruas.

- Foi o que me disseram.

- Não beba água da torneira. Nem os russos bebem. Oh, e quando comer fora especifique sempre chisti stol… quer dizer, mesa limpa… do contrário vai encontrar sua mesa cheia de tiragostos que não quer. Quando fizer compras, a Arbat é o melhor lugar. As lojas lá têm de tudo. E seja cuidadosa nos táxis. Tome os mais velhos, caindo aos pedaços. Os artistas dos golpes sujos dirigem os novos.

- Obrigada. - Dana sorriu. - Vou me lembrar Cinco minutos depois, Dana conversava com Lee Hopkins, a secretária do embaixador, as duas sozinhas numa pequena sala fechada.

- Quanto tempo trabalhou para o embaixador Winthrop?

- Um ano e meio. Por que quer saber?

- O embaixador Winthrop fez algum inimigo quando esteve aqui? Lee Hopkins olhou para Dana, surpresa.

- Inimigos? “ - Sim. Num trabalho desses; imagino que se tenha que dizer “não” a pessoas que podem ficar ressentidas. Tenho certeza que o embaixador Winthrop não podia agradar a todos.

Lee Hopkins balançou a cabeça.

- Não sei o que está procurando, Srta. Evans, mas, se pretende escrever coisas ruins sobre Taylor Winthrop, veio buscar ajuda com a pessoa errada. Ele era o homem mais bondoso e atencioso que já conheci.

Lá vamos nós mais uma vez, pensou Dana.

Nas duas horas seguintes, Dana conversou com mais cinco pessoas que haviam trabalhado na embaixada durante a gestão de Taylor Winthrop.

Ele era um homem brilhante…

Ele gostava mesmo das pessoas…

Desviava de seu caminho para nos ajudar…

Inimigos? Não Taylor Winthrop…

Estou perdendo meu tempo, pensou. Foi mais uma vez procurar o embaixador Hardy.

- Conseguiu o que queria? - perguntou ele. Parecia menos amistoso.

Dana hesitou.

- Não exatamente - respondeu, com honestidade.

Ele curvou-se.

- E acho que não vai conseguir, Srta. Evans. Não se estiver à procura de coisas negativas sobre Taylor Winthrop. Você aborreceu todo mundo aqui.

Eles adoravam o homem. Eu também. Não tente desenterrar esqueletos que não existem. Se foi para isso que veio aqui, pode partir.

- Obrigada - disse Dana. - Eu vou.

Não tinha a menor intenção de partir O Clube Nacional VIP bem diante do Kremlin e da praça Manej, era um restaurante e cassino privado. Tim Drew a esperava ali quando ela chegou. - bem-vinda - disse. - Acho que vai gostar daqui. Este restaurante recebe a nata dos badaladores e poderosos da alta sociedade moscovita. Se uma bomba caísse aqui, acho que o governo se dissolveria.

O jantar foi delicioso. Começaram com blini e caviar, seguido de borscht, esturjão da Geórgia com molho de castanha d’água, estrogonofe com arroz siouhom, e, de sobremesa, tartelettes vatrushki de queijo.

- Mas é esplêndida mesmo - disse Dana. - bem que me disseram que a comida russa era fantástica.

- É - confirmou Tim Drew - Mas isso não é a Rússia.

É um pequeno oásis especial.

- Como é viver aqui? - perguntou Dana.

Tim Drew pensou por um momento.

- É como estar parado junto a um vulcão, esperando que entre em erupção.

A gente nunca sabe o que vai acontecer. Os caras no poder estão roubando bilhões do país e a população está passando fome. Foi isso que desencadeou a última revolução. Deus sabe o que vai acontecer agora. Para ser justo, esse é apenas um lado da história. A cultura aqui é incrível. Eles têm o Teatro Bolshoi, o grande Hermitage, o Museu Pushkin, o balé russo, o Circo de Moscou… a lista continua, infindável. A Rússia produz mais livros que o resto do mundo junto, e o russo médio lê três vezes mais livros por ano que o cidadão médio nos Estados Unidos.

- Talvez estejam lendo os livros errados - disse Dana desanimada.

- É possível. Nesse momento, as pessoas se acham colhidas no meio do capitalismo e do comunismo, e nenhum dos dois está funcionando. A administração pública é péssima, os custos estão inflacionados e o crime grassa por todo o país. Ele olhou para Dana. - Espero não estar deixando você deprimida.

- Não. Me diga uma coisa, Tim, você conheceu Taylor Winthrop?

- Entrevistei-o algumas vezes.

- Por acaso ouviu alguma coisa sobre um grande projeto em que ele estava envolvido?

- Ele estava envolvido em muitos projetos. Afinal, era nosso embaixador.