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- No Sevastopol. Só preciso de alguns minutos…

Ele fez uma anotação.

- Alguém entrará em contato com você. Dobry dyen.

- Mas… - Ela percebeu a expressão do guarda. - Dobrydyen.

Dana ficou no quarto do hotel a tarde toda esperando um telefonema. Às seis horas, ligou para Tim Drew.

- Foi ver Shdanoff? - perguntou ele.

- Não. Eles vão telefonar para mim.

- Não fique ansiosa, Dana. Está lidando com uma burocracia de outro planeta.

No início da manhã seguinte, Dana voltou ao Departamento Internacional de Desenvolvimento Econômico. Encontrou o mesmo guarda à mesa.

- Dobry dyen - ela disse.

Ele ergueu os olhos, impassível.

- Dobry dyen.

- O Comissário Shdanoff recebeu meu recado ontem?

- Seu nome?

- Dana Evans.

- Você deixou um recado ontem?

- Deixei - disse ela, desanimada. - Com você.

O guarda fez que sim com a cabeça.

- Então ele recebeu. Todos os recados são recebidos.

- Posso falar com a secretária do comissário Shdanoff?

- Tem hora marcada?

Dana respirou fundo.

- Não.

O guarda deu de ombros.

- Izvinitye, nyet.

- Onde posso…?

- Alguém vai Lhe telefonar.

A caminho de volta para o hotel, Dana passou pela Detsky Mir, uma loja de departamentos infantil, entrou e olhou em volta.

Viu uma seção dedicada a jogos. Num canto, havia uma prateleira de jogos de computador. Kemal vai gostar de um daqueles, pensou. Comprou um jogo e ficou surpresa com o preço caro.

Voltou para o hotel a fim de esperar o telefonema. Às seis horas, perdeu as esperanças. Já ia descer para jantar quando o telefone tocou.

- Dana? - Era Tim Drew - Sim, Tim.

- Não teve sorte ainda?

- Receio que não. - bem, enquanto estiver em Moscou, não deve perder o que é maravilhoso aqui. O balé é hoje à noite. Vão apresentar Giselle. Está interessada?

- Muitíssimo, obrigada.

- Passo aí para pegá-la daqui a uma hora.

O balé realizou-se no Palácio dos Congressos, com seis mil lugares, dentro do Kremlin. Foi uma noite mágica. A música era linda, a dança fantástica e o primeiro ato passou voando.

Quando as luzes se acenderam para o intervalo, Tim levantou-se.

- Siga-me. Rápido.

Um bando de pessoas punha-se a subir correndo a escadaria.

- Que está acontecendo?

- Você vai ver Ao chegarem ao último andar, foram saudados pela visão de meia dúzia de mesas cheías de tigelas com caviar e vodca no gelo. Os que haviam chegado ali primeiro serviam-se azafamados.

Dana voltou-se para Tim.

- Eles sabem mesmo como fazer um espetáculo aqui.

- Assim é como vive a classe alta. Lembre-se que trinta por cento da população vivem abaixo da linha de pobreza.

Dana e Tim foram para junto das janelas, afastando-se da multidão.

As luzes começaram a piscar - Hora do segundo ato.

O segundo ato foi encantador, mas a mente de Dana não parou de repassar trechos de conversas.

TaylorWinthrop era scheisse. Inteligente, muito inteligente. Ele armou uma cilada para mim…

Foi um acidente infeliz. Gabriel era um rapaz maravilhoso…

Taylor Winthrop acabou com o futuro da família Mancino…

Quando o balé terminou e os dois entraram no carro, Tim Drew perguntou:

- Gostaria de tomar uma saideira no meu apartamento? Ela virou-se para olhá-lo de frente. Atraente, inteligente e charmoso. Mas não era Jeff. O que acabou dizendo foi:

- Obrigada, Tim. Mas não.

- Oh. - Foi visível a decepção de Tim. - Quem sabe amanhã?

- Eu adoraria, mas tenho de estar pronta de manhã bem cedo. - E estou loucamente apaixonada por outra pessoa.

Bem cedo na manhã seguinte, Dana chegava mais uma vez no Departamento Internacional de Desenvolvimento Econômico.

O mesmo guarda estava atrás da escrivaninha.

- Dobry dyen.

- Dobry dyen.

- Sou Dana Evans. Se não der para eu ver o comissário, posso ver o assistente dele?

- Tem hora marcada?

- Não. Eu…

Ele entregou-lhe um formulário.

- Preencha isto…

Assim que Dana chegou de volta ao quarto do hotel, o celular começou a tocar, e o coração a disparar - Dana…

- Jeff!

Os dois gostariam de dizer tanta coisa um ao outro. Mas Rachel se interpunha entre eles como uma sombra fantasmagórica, por isso não puderam dizer o que de mais importante lhes passava pela mente: a doença dela. A conversa foi contida.

O telefonema do escritório do comissário Shdanoff chegou de forma inesperada às oito horas da manhã seguinte. Uma voz com um forte sotaque disse:

- Dana Evans?

- Sim.

- Aqui é Yerik Karbava, assistente do comissário Shdanoff.

Você gostaria de vê-lo?

- Sim! - Ela ficou meio esperando que o assistente Lhe perguntasse se tinha hora marcada. Mas, em vez disso, disse apenas:

- Esteja no Departamento Internacional de Desenvolvimento Econômico daqui a exatamente uma hora.

- Está bem. Muito obrigada… - A linha caiu.

Uma hora depois, ela entrava mais uma vez no saguão do imenso prédio de tijolos. Foi até o mesmo guarda sentado atrás da escrivaninha.

Ele ergueu os olhos.

- Dobry dyen.

Ela forçou um sorriso.

- Dobry dyen. Sou Dana Evans, e vim ver o comissário Shdanoff.

Ele encolheu os ombros.

- Lamento. Sem hora marcada…

Dana conteve a irritação.

- Tenho hora marcada.

Ele olhou-a, cético.

- Da? - Pegou um telefone e falou por um momento.

Virou-se para ela. - Terceiro andar - disse, relutante. Alguém vai recebê-la lá.

O escritório do comissário Shdanoff era enorme, velho, e parecia como se houvesse sido decorado no início da década de 1920. Dentro da sala, dois homens sentados levantaram-se assim que ela entrou. O mais velho apresentou-se:

- Sou o comissário Shdanoff.

Sasha Shdanoff parecia ter cinqüenta e poucos anos. Era baixo e compacto, com ralos cabelos grisalhos, o rosto redondo, pálido, e olhos castanhos inquietos que não paravam de lançar-se por toda a sala como se à procura de alguma coisa.

Ele falava com um sotaque pesado. Usava um terno marrom largo e sapatos pretos surrados. Indicou o segundo homem.

- Este é meu irmão, Boris Shdanoff.

Boris Shdanoff sorriu.

- Como vai, Srta. Evans?

Era completamente diferente do irmão. Parecia dez anos mais moço, com um nariz aquilino e queixo firme. Usava um terno Armani com uma gravata cinza Hermès. E quase não tinha sotaque.

Sasha Shdanoff disse, orgulhoso:

- Boris está de visita, veio dos Estados Unidos. É adido da embaixada russa no Congresso, em Washington.

- Tenho admirado seu trabalho, Srta. Evans - disse Boris Shdanoff.

- Obrigada.

- Que posso fazer por você? - perguntou Sasha Shdanoff.

- Está com algum tipo de problema?

- Não, em absoluto - respondeu ela. - Eu queria fazer algumas perguntas sobre Taylor Winthrop.

Ele lançou-lhe um olhar perplexo.

- Que quer saber sobre Taylor Winthrop?

- Sei que trabalhou com ele, e que se viam de vez em quando, socialmente.

Sasha Shdanoff disse, cauteloso:

- Da.

- Eu queria que me desse sua opinião pessoal sobre ele.

- Que posso dizer? Acho que foi um bom embaixador para o seu país.

- Sei que ele era muito popular aqui e…

Boris Shdanoff interrompeu-a.

- Ah, sim. As embaixadas em Moscou dão muitas festas e Taylor Winthrop estava sempre…

Sasha Shdanoff censurou o irmão.

- Dovolno! - Voltou-se para Dana. - O embaixador às vezes ia às festas de embaixada. Gostava de pessoas. O povo russo gostava dele.

Boris Shdanoff interrompeu mais uma vez.

- Na verdade, ele me disse que se pudesse…

Sasha Shdanoff cortou-o, irritado.