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- Cesar! Preciso falar com o Sr Hudson. - A voz saiu engasgada.

- Srta. Evans?

- Depressa, Cesar, depressa!

Um minuto depois, ouvia a voz de Roger Hudson.

- Dana?

- Roger! - Lágrimas escorriam-lhe pelas faces. - Ele… ele está morto. Eles o as… assassinaram e à sua amiga.

- Como? Meu Deus, Dana. Não sei o que… Você está ferida?

- Não… mas eles estão tentando me matar - Agora, escute com muita atenção. Tem um avião da Air France que parte para Washington à meia-noite. Vou conseguir uma reserva para você nele.

Não se deixe ser seguida até o aeroporto. Não tome um táxi aí. Vá direto para o Hotel Metropol. O hotel tem ônibus direto até o aeroporto que sai regularmente. Pegue um. Misture-se à multidão. Estarei à sua espera quando chegar a Washington. Pelo amor de Deus, se cuide!

- Vou me cuidar, Roger. Obr… obrigada.

Desligou o telefone. Ficou ali parada por um instante, incapaz de mover-se.

Não conseguia tirar da mente as sangrentas imagens de Shdanoff e sua amiga. Sorveu um longo hausto de ar, retirou-se da cabine, passou pelo recepcionista desconfiado e saiu para a noite congelante.

Um táxi parou na curva perto dela, e o motorista disse-lhe algo em russo.

- Nyet - respondeu Dana. Pôs-se a correr pela rua. Precisava primeiro voltar ao seu hotel.

Depois que desligou o telefone, Roger Hudson foi correndo ao quarto onde Pamela se vestia para o jantar - Dana acabou de ligar de Moscou. Descobriu por que os Winthrops foram assassinados. Ela está em apuros.

Pamela disse:..

- Então temos de cuidar dela já. - Ficou pensativa por um momento e acrescentou em seguida: - Roger.. diga-Lhes que façam parecer um acidente.

Em Raven Hill, na Inglaterra, uma placa de PROIBIDA A ENTRADA em letras vermelhas e uma alta cerca de ferro excluíam o mundo dos hectares florestais da sucursal da FRA no Reino Unido. Atrás da base estreitamente vigiada, uma série de antenas rastreadoras por satélite monitorava as comunicações a cabo e de ondas curtas que passavam pela Grã-Bretanha.

Numa casa de concreto, no centro do complexo industrial, quatro homens olhavam com atenção uma grande tela.

- Amplie a imagem dela, Scotty Eles viram quando a imagem da televisão transferiu-se de um apartamento em Brighton enquanto a antena se movia. Um momento depois, surgiu na tela grande uma imagem de Dana entrando em seu quarto no Hotel Soyuz.

- Ela voltou. - Viram-na lavar apressada as mãos para tirar o sangue e começar a despir-se.

- Ei, lá vamos nós de novo - disse um dos homens, abrindo um largo sorriso.

Ficaram todos de olhos grudados em Dana tirando a roupa.

- Cara, com certeza eu gostaria de dar uma bimbada naquilo.

Outro homem entrou esbaforido na sala.

- Acho que não, a não ser que você agora esteja metido em necrofilia, Charlie.

- De que é que está falando?

- Ela vai sofrer um acidente fatal.

Dana terminou de vestir-se e conferiu as horas no relógio de pulso. Ainda tinha muito tempo para pegar o ônibus do Metropol para o aeroporto. Com ansiedade cada vez maior, desceu correndo a escada até o vestíbulo. A mulher gorda não estava em nenhum lugar à vista.

Saiu para a rua. Parecia impossível, mas o frio ficara ainda mais intenso. O vento era um misterioso e implacável espírito feminino com seus lamentos uivantes. Um táxi parou diante dela.

- Taksi?

Não tome um táxi aí. Vá direto para o Hotel Metropol. O hotel tem ônibus direto até o aeroporto que sai regularmente.

- Nyet.

Saiu andando pela rua glacial. Multidões passavam aos empurrões por ela, apressando-se para o calor de suas casas ou escritórios. Ao aproximar-se de uma esquina movimentada, esperando para atravessar, ela sentiu um violento tranco por trás e saiu voando para a rua diante de um caminhão que vinha em sua direção. Escorregou num pedaço de gelo e caiu de costas, erguendo os olhos horrorizada enquanto o imenso caminhão acelerava para cima dela.

No último segundo, o motorista de rosto lívido conseguiu girar o volante para que o meio exato na parte mais alta debaixo do caminhão passasse acima de Dana. Ela ficou deitada ali na escuridão por um momento, os ouvidos ensurdecidos pelo rugido do motor, e as correntes estrondosas batendo nos imensos pneus.

De repente, voltou a ver o céu. O caminhão tinha ido. Sentou-se, grogue.

Pessoas ajudaram-na a levantar-se. Ela olhou em volta à procura de quem a empurrara, mas podia ter sido qualquer um na multidão. Inspirou profundamente e tentou recuperar o controle. Pessoas a cercavam e gritavam-lhe em russo. Começaram a pressioná-la, fazendo com que entrasse em pânico.

- Hotel Metropol? - disse Dana, esperançosa.

Um grupo de rapazes tinha se aproximado.

- Claro. A gente leva você até lá.

O saguão do Metropol estava abençoadamente quente, cheio de turistas e homens de negócios. Misture-se às multidões. Estarei a sua espera quando chegar a Washington.

Dana perguntou a um mensageiro:

- A que horas sai o próximo ônibus para o aeroporto?

- Em trinta minutos.

- Obrigada.

Sentou-se numa poltrona, ofegante, tentando varrer o horror indizível da mente. Sentia-se tomada de pavor. Quem estava tentando matá-la e por quê? E Kemal estava seguro?

O mensageiro aproximou-se e avisou que o ônibus tinha chegado.

Foi a primeira a entrar. Ocupou um assento nos fundos e examinou os rostos dos passageiros. Havia turistas de meia dúzia de países; europeus, asiáticos, africanos e alguns americanos. Um homem num assento da outra fileira a fitava.

Ele parece conhecido, pensou Dana. Será que está me seguindo? Começou a sentir falta de ar.

Uma hora depois, quando o ônibus parou no SheremetyevoII, Dana foi a última a desembarcar. Entrou correndo no prédio do terminal e foi para o balcão da Air France.

- Posso ajudá-la?

- Tem uma reserva para Dana Evans? - perguntou, prendendo a respiração.

Diga sim, diga sim, diga sim…

A funcionária folheou alguns papéis.

- Sim. Aqui está sua passagem. Paga com antecedência.

Abençoado Roger.

- Obrigada.

- O avião está no horário. É o vôo 220. Partirá dentro de uma hora e dez minutos.

- Tem algum salão de espera onde eu possa descansar? E Dana quase acrescentou: Com um monte de gente?

- No fim do corredor, à direita.

- Obrigada.

O salão estava cheio. Nada ali parecia fora do comum ou ameaçador. Dana sentou-se numa poltrona. Em pouco tempo, estaria a caminho dos Estados Unidos e da segurança.

- Todos os passageiros do vôo 220 da Air France para Washington devem se dirigir agora para o Portão 3. Por favor, tenham à mão seus passaportes e tíquetes de embarque.

Dana levantou-se e foi para o Portão 3. Um homem que a vigiava de um balcão da Aerollot falou no telefone celular - O alvo está se dirigindo para o portão de embarque.

Roger Hudson pegou o telefone e ligou para um número.

- Ela está no vôo 220 da Air France. Quero que a peguem no aeroporto.

- Como deseja que a gente a liquide, senhor?

- Eu sugeriria um acidente de atropelamento e fuga.

Eles seguiam por um céu de brigadeiro, num vôo suave e regular, a 13.500m. Não havia uma única poltrona vazia no avião.

Um americano sentara-se junto a Dana.

- Gregory Price - ele se apresentou. - Trabalho no ramo de madeiras. - De seus quarenta anos, tinha um longo rosto aquilino, luminosos olhos cinzentos e um bigode. - Mas que país esse que acabamos de deixar, hem?

O único propósito da existência de Krasnoyarsk-26 é fazer plutônio, o ingrediente básico nas armas atômicas.

- Com certeza, os russos são diferentes de nós, mas a gente se acostuma com eles depois de algum tempo.

Cem mil cientistas e técnicos moram e trabalham aqui.

- Claro que não cozinham como os franceses. Quando venho para cá a negócios, trago meu próprio pacote de guloseimas.