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- Não se preocupe - disse Matt, implacável. - Vamos encontrá-lo.

Enquanto isso, temos de arranjar um lugar para você se esconder onde ninguém possa encontrar Abbe Lasmann ofereceu-se.

- Pode usar meu apartamento. Ninguém vai procurar você lá.

- Obrigada. - Dana virou-se para Matt. - Sobre Kemal…

- Vamos pôr o FBI nisso já. Mandarei o motorista levar você ao apartamento de Abbe. Agora a coisa está sob nosso controle, Dana. Tudo vai ficar bem. Telefono para você assim que souber de alguma coisa.

Kemal pedalava pelas ruas cobertas de gelo, ansioso, olhando para trás sem parar. Nenhum sinal do homem que o agarrara.

Preciso chegar até Dana, pensava, desesperadamente. Não posso deixar que eles a machuquem. O problema era que o estúdio ficava no outro extremo do centro da cidade.

Quando chegou a um ponto de ônibus, desceu da bicicleta e largou-a na grama. Ao ver um ônibus se aproximando, apalpou os bolsos e se deu conta de que não tinha um tostão.

Virou-se para um passante.

- Com licença, poderia me dar um…

- Suma daqui, garoto.

Kemal tentou uma mulher que se aproximava.

- Com licença, preciso de dinheiro para a passagem e… - A mulher apertou o passo e afastou-se.

Kemal ficou ali no frio, sem sobretudo, tremendo. Ninguém parecia ligar.

Tenho de arranjar o dinheiro da passagem, pensou.

Arrancou o braço artificial e estendeu-o no gramado. Quando o homem seguinte passou, Kemal estendeu o toco e disse:

- Com licença, senhor. Poderia me dar o dinheiro para uma passagem de ônibus?

O homem parou.

- Claro, filho - e estendeu um dólar a Kemal.

- Obrigado.

Quando o homem se afastou, Kemal pôs rápido o braço de volta. Um ônibus aproximava-se, a apenas um quarteirão do ponto. Consegui, ele pensou, jubiloso. Nesse momento, sentiu uma fisgada na nuca. Ao começar a voltar-se para ver o que ocorrera, tudo ficou obscuro. Dentro de sua cabeça, uma voz gritava: Não! Não! Kemal desabou no chão, inconsciente.

Os passantes iam-se juntando.

- Que foi que houve?

- Ele desmaiou?

- Ele está bem?

- Meu filho é diabético - disse o homem. - Vou cuidar dele. - Levantou Kemal e carregou-o para uma limusine à espera.

O apartamento de Abbe Lasmann ficava na parte noroeste de Washington.

Era grande e confortavelmente decorado com móveis e tapetes brancos.

Sozinha no apartamento, andando de um lado para o outro em pânico, Dana esperava o telefone tocar. Kemal deve estar bem. Não há motivo algum para o machucarem. Ele vai ficar ótimo. Onde está? Por que não consigo encontrá-lo?

Quando o telefone tocou, assustou-a. Ela pegou-o num salto.

- Alô.

Caiu a ligação.

Tocou mais uma vez e Dana percebeu que era o celular Sentiu uma repentina sensação de alívio. Apertou o botão.

- Jeff?

A voz de Roger Hudson saiu com toda a calma:

- Temos andado à sua procura, Dana. Estou com Kemal aqui.

Ela ficou imobilizada, sem poder falar. Acabou sussurrando.

- Roger..

- Receio não poder controlar os homens aqui por muito mais tempo. Eles querem cortar o braço bom de Kemal. Devo deixar que façam isso?

- Não! - Foi um grito estridente. - Que… que é que você quer?

- Só quero falar com você - disse Roger Hudson, ponderado. - Quero que venha até aqui em casa, e que venha sozinha. Se trouxer alguém, não me responsabilizarei pelo que acontecer a Kemal.

- Roger..

- Espero-a aqui em meia hora. - A ligação caiu.

Dana ficou ali, entorpecida de medo. Nada pode acontecer a Kemal. Nada pode acontecer a Kemal. Socou as teclas do número do telefone de Matt Baker. A voz gravada dele surgiu no aparelho.

- Você ligou para o escritório de Matt Baker. No momento não estou, mas deixe um recado que ligarei de volta o mais rápido possível.

Veio o ruído de um sinal eletrônico.

- Matt, eu… eu acabei de receber um telefonema de Roger Hudson. Ele está com Kemal preso em sua casa. Leve a polícia.

Depressa!

Dana desligou o celular e dirigiu-se à porta.

Abbe Lasmann punha algumas cartas na mesa de Matt Baker quando viu a luz de recados piscando na secretária dele. Apertou o botão para ouvir a gravação de Dana. Ficou ali um momento, prestando atenção. Depois sorriu e apertou o botão APAGAR MENSAGENS.

Assim que o avião pousou no Aeroporto Dulles, Jeff telefonou para Dana.

Durante todo o vôo, não tirara da cabeça aquele tom estranho na voz dela, aquele perturbador “Se alguma coisa me acontecer”. O telefone celular dela continuava tocando.

Nada. Em seguida, Jeff tentou o apartamento. Nenhuma resposta. Decidiu entrar num táxi e deu ao motorista o endereço da WTN.

Quando ia entrar no escritório de Matt, Abbe lhe disse:

- Ora, Jeff! Que bom vê-lo de novo.

- Obrigado, Abbe. - E entrou no escritório de Matt Baker.

- Então está de volta - disse Matt. - Como vai Rachel? A pergunta desviou Jeff por um instante.

- Vai bem - disse ele, desligado. - Onde está Dana? Não está respondendo ao celular, nem ninguém atendeu no apartamento.

- Meu Deus, você não sabe o que ela tem sofrido, sabe?

- Me diga - disse Jeff, veemente.

No escritório da recepção, Abbe encostou o ouvido na porta fechada. Só conseguia ouvir trechos da conversa… atentados contra a vida dela…

Sasha Shdanoff… Krasnoyarsk…

Kemal… Roger Hudson…”

Abbe tinha ouvido o bastante. Foi correndo à sua mesa e pegou o telefone.

Um instante depois, falava com Roger Hudson.

Dentro do escritório, Jeff ouvia atento tudo que Matt lhe dizia, estupidificado.

- Não dá para acreditar nisso…

- É tudo verdade - garantiu-lhe Matt Baker. - Dana está no apartamento de Abbe. Vou mandar Abbe telefonar para lá de novo. -Apertou o botão do telefone interno, mas, antes que pudesse falar, ouviu a voz de Abbe. -…e Jeff Connors está aqui. À procura de Dana. Acho que seria melhor você tirá-la do meu apartamento. Eles na certa devem ir para lá… Certo.

Cuidarei disso, Sr Hudson. Se…

Abbe ouviu um ruído e voltou-se. Parados no limiar da porta, Jeff Connors e Matt Baker a encaravam, chocados.

- Sua filha da mãe… - disse Matt.

Jeff virou-se para Matt, frenético.

- Tenho de chegar correndo à casa de Hudson. Preciso de um carro.

Matt Baker olhou pela janela.

- Jamais chegará lá a tempo. O tráfego está de pára-choque contra párachoque.

Do heliporto no telhado, ouviram o som do helicóptero da WTN pousar.

Os dois homens entreolharam-se.

Dana conseguiu parar um táxi diante do apartamento de Abbe Lasmann, mas o percurso até a casa de Hudson parecia durar uma eternidade. O tráfego nas ruas escorregadias era horrendo. A idéia de que se atrasaria e chegaria tarde demais aterrorizava-a.

- Depressa - implorou ao motorista.

Ele lançou-Lhe um olhar pelo espelho retrovisor - Senhora, não sou um avião.

Dana recostou-se, cheia de ansiedade, pensando no que a aguardava adiante. A essa altura Matt teria recebido seu recado e chamado a polícia.

Quando eu chegar lá, a polícia também deverá estar. Se ainda não estiver, posso ganhar tempo até chegarem. Abriu a bolsa. Ainda guardava a lata de aerossol de pimenta. Que bom. Não pretendia dar moleza a Roger e Pamela. À medida que o táxi se aproximava da casa dos Hudsons, Dana lançava olhares pela janela, à procura de alguma atividade policial. Nada.

Quando chegaram e subiram a entrada para carros, ela viu tudo deserto. O medo a sufocava.

Lembrou-se da primeira vez em que tinha ido ali. Como Roger e Pamela lhe haviam parecido maravilhosos. E no entanto eram monstros traidores, assassinos. Tinham Kemal. Um ódio superpoderoso inundou-a.

- Quer que eu espere? - perguntava-Lhe o motorista do táxi.

- Não. - Dana pagou, subiu os degraus diante da casa e tocou a campainha, o coração disparado. Cesar abriu a porta. Quando a viu, seu rosto iluminou-se.