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- Não podemos fazer isso. Vamos ficar à mercê do cara.

- Desligue.

Norman Bronson olhou para Jeff.

- Tem certeza que sabe o que está fazendo?

- Não.

O piloto suspirou e desligou a ignição. As imensas pás do helicóptero começaram a diminuir a velocidade da rotação até pararem.

Cesar abrira a porta de trás da limusine.

- Seu amigo está tentando nos causar problema - disse a Dana. - Curvou-se e, com o punho fechado, desferiu o primeiro golpe, acertando-lhe o queixo.

Ela caiu de costas no assento, inconsciente. Cesar levantou-se e partiu para cima do helicóptero.

- Aí vem ele - disse Norman Bronson, nervoso. - Meu Deus, esse cara é um gigante!

Cesar aproximava-se do helicóptero, o rosto cheio de expectativa.

- Jeff; ele deve ter um revólver. Vai nos matar Jeff berrou pela janela:

- Você e seus chefes vão para a prisão, idiota.

Cesar começou a apertar mais o passo.

- Acabou tudo pra vocês. Faria melhor desistindo.

Cesar estava a dez metros do helicóptero.

- Vai virar boi de piranha na cadeia.

Cinco metros.

- Vai adorar isso, não, Cesar?

Cesar agora corria. Dois metros.

Jeff apertou com força o polegar no botão do arranque e as imensas pás do helicóptero puseram-se a girar devagar. Cesar não prestou atenção, pois tinha os olhos fixos em Jeff, o rosto cheio de ódio. As lâminas começaram a girar cada vez mais rápido. Quando Cesar lançou-se para a porta do helicóptero, compreendeu de repente o que acontecia, embora fosse tarde demais. Ouviu-se um alto chape, e Jeff fechou os olhos. As partes externa e interna do helicóptero ficaram no mesmo instante cobertas de sangue.

- Vou vomitar - disse Norman Bronson. Desligou a ignição.

Jeff deu uma olhada no corpo decapitado no chão, saltou do helicóptero e saiu disparado para a limusine. Abriu a porta.

Dana estava inconsciente.

- Dana… Querida…

Ela abriu lentamente os olhos. Viu Jeff e murmurou:

- Kemal…

A limusine ainda estava a mais de três quilômetros da Escola Preparatória Lincoln quando Jeff berrou:

- Olhem. - Diante deles, à distância, viram a fumaça começando a escurecer o céu.

- Eles estão pondo fogo na escola - disse Dana, com um grito agudo. - Kemal está lá. No porão. Oh, meu Deus.

Momentos depois, a limusine alcançou a escola. Do prédio erguia-se uma densa nuvem de fumaça. Vários bombeiros trabalhavam para debelar o fogo.

Jeff saltou do carro e dirigiu-se para a escola. Um bombeiro deteve-o.

- Não pode se aproximar mais, senhor.

- Tem alguém dentro? - perguntou Jeff.

- Não. Acabamos de arrombar a porta da frente.

- Tem um garoto no porão.

Antes que alguém pudesse impedi-lo, Jeff correu em direção à porta da frente arrombada e entrou a toda. No corredor cheio de fumaça, tentou berrar o nome de Kemal, mas só saiu uma tosse. Pôs um lenço no nariz e atravessou às pressas o corredor até a escada que levava ao porão. A fumaça era acre e densa. Jeff desceu tateando pela escada e apoiando-se no corrimão.

- Kemal! - gritou. Nenhuma resposta. - Kemal! Silêncio. Jeff vislumbrou uma forma vaga no outro lado do porão. Seguiu para lá, tentando não respirar, os pulmões ardendo.

Quase tropeçou e caiu sobre Kemal. Sacudiu-o. - Kemal! O garoto estava inconsciente. Com um enorme esforço, Jeff pegou-o no colo e pôs-se a carregá-lo para a escada. Cambaleava, como se embriagado, pela rodopiante nuvem negra, levando Kemal nos braços. Quando chegou à escada, meio o carregava e meio o arrastava. Sufocado e cego pela fumaça, ouviu vozes distantes, perdeu os sentidos.

O general Booster falava ao telefone com Nathan Novero, o administrador do Aeroporto Nacional de Washington.

- Roger Hudson guarda seu avião aí?

- Sim, general. Na verdade, a aeronave se encontra aqui agora. Acho que acabaram de liberar a pista para eles decolarem.

- Aborte.

- Como?

- Chame a torre e aborte.

- Sim, senhor - Nathan Novero chamou a torre. Torre, aborte a decolagem do Gulfstream R3487.

O controlador do tráfego aéreo disse:

- Eles já estão taxiando na pista.

- Cancele a desobstrução para decolagem.

- Sim, senhor - O controlador do tráfego aéreo pegou o microfone. -Torre para Gulfstream R3487. Sua decolagem foi abortada. Retorne ao terminal.

Roger Hudson entrou na cabine.

- Que diabo é isso?

- Deve ser algum tipo de adiamento - disse o piloto. Teremos de retornar ao…

- Não! - interrompeu Pamela Hudson. - Prossiga.

- Com todo o devido respeito, Sra. Hudson, eu perderia meu brevê de piloto se…

Jack Stone aproximou-se do piloto com uma arma apontada para sua cabeça.

- Decole. Vamos para a Rússia.

O piloto sorveu um longo hausto de ar - Sim, senhor.

O avião acelerou e deslizou a grande velocidade pela pista; vinte segundos depois, estava no ar. O administrador do aeroporto viu, consternado, o Gulfstream elevar-se cada vez mais céu afora.

- Meu Deus! Ele violou as…

Ao telefone, o general Booster perguntava, insistente.

- Que está acontecendo? Você os deteve?

- Não, senhor. Eles… eles simplesmente acabaram de levantar vôo. Não temos como fazê-los…

E, naquele momento, o céu explodiu. Sob os olhos da equipe de terra horrorizada, partes do Gulfstream começaram a despencar pelas nuvens em pedaços incandescentes. Parecia continuar explodindo por toda a eternidade.

Na ponta extrema do campo, Boris Shdanoff olhou atento por um longo tempo. Por fim, voltou-se e afastou-se.

A mãe de Dana deu uma mordida numa fatia do bolo de casamento.

- Doce demais. Excessivamente doce. Quando eu era mais jovem e cozinhava, meus bolos derretiam na boca. Não é verdade, querida? “Se derretiam na boca” talvez fosse a última frase que passaria pela mente de Dana, mas não era importante.

- Com certeza, mãe - disse ela, com um sorriso afetuoso.

A cerimônia de casamento foi realizada por um juiz na Prefeitura. Dana convidou a mãe na última hora, após um telefonema.

- Querida, acabei não me casando com aquele homem medonho. Você e Kemal tinham razão sobre ele, por isso voltei para Las Vegas.

- Que aconteceu, mãe?

- Descobri que ele já era casado. A esposa também não gostava dele.

- Sinto muito, mãe.

- Pois é, aqui estou eu mais uma vez sozinha.

Solidão era a insinuação. Por isso Dana a convidou para o casamento.

Vendo a mãe conversar com Kemal e até se lembrar de seu nome, ela sorriu. Ainda vamos transformá-la numa avó. Sua felicidade parecia imensa demais para absorver.

Estar casada com Jeff era um abençoado milagre, mas havia mais.

Após o incêndio, Jeff e Kemal haviam ficado um breve período no hospital para tratamento de inalação de fumaça. Enquanto estiveram lá, uma enfermeira contou a uma repórter as aventuras de Kemal e a matéria foi captada pela mídia. O retrato dele apareceu em todos os jornais e sua história foi contada na televisão. Escreviam um livro sobre suas experiências e falava-se até em uma série de televisão.

- Mas só se for estrelada por mim - insistiu Kemal, que se tornou o herói da escola.

Quando se realizou a cerimônia de adoção, metade dos colegas de escola de Kemal esteve presente para aplaudi-lo.

- Agora sou mesmo adotado, hem?

- Você é adotado mesmo - disseram Dana e Jeff. - Pertencemos um ao outro.

- Jóia. Espere até Ricky Underwood saber disso. Ah-ah! O terrível pesadelo do mês anterior foi aos poucos se dissipando. Os três agora eram uma família, e o lar, um porto seguro.

Não preciso mais de aventuras, pensou Dana. Já tive o suficiente para durar o resto da vida. Certa manhã, anunciou:

- Acabei de achar um apartamento esplêndido para nós quatro.

- Quer dizer nós três - corrigiu-a Jeff.