Uma fita de Julie esquiando…
Gary inaugurando uma fundação para ajudar jovens artistas plásticos…
Mais uma vez o Salão Oval. Do lado de fora, a imprensa em peso. Ao lado do presidente, Taylor Winthrop, grisalho, e a mulher.
- Acabei de nomear Taylor Winthrop nosso novo embaixador na Rússia.
Sei que todos vocês já conhecem os inúmeros serviços prestados ao país por Winthrop e muito me alegra que ele tenha aceitado esse cargo em vez de passar seus dias jogando golfe. - A imprensa riu.
Taylor Winthrop retrucou com uma piada.
- Porque ainda não me viu jogando golfe, Sr Presidente.
Mais risos…
E depois vinha a série de desastres.
Dana introduziu uma nova fita. A cena externa mostrava uma casa incendiada em Aspen, no Colorado. Uma repórter apontava para a casa destruída.
- O chefe da polícia de Aspen confirmou que o embaixador Winthrop e sua mulher Madeline morreram nesse terrível incêndio. O corpo de bombeiros foi avisado nas primeiras horas da manhã e chegou em quinze minutos, embora tarde demais para salvá-los. Segundo o chefe Nagel, o incêndio foi causado por um problema elétrico. O embaixador e a Sra.
Winthrop eram conhecidos mundialmente por sua filantropia e dedicação a serviço do governo.
Dana pôs outra fita. A cena era a Grand Corniche, na Riviera Francesa.
Uma repórter disse:
- Aqui fica a curva onde o carro de Paul Winthrop derrapou, saiu da estrada e despencou pela encosta da montanha.
Segundo o gabinete do prefeito, ele foi morto instantaneamente pelo impacto. Não havia passageiros. A polícia está investigando a causa do acidente. A terrível ironia é que, apenas dois meses atrás, a mãe e o pai de Paul Winthrop morreram num incêndio no chalé da família, em Aspen, no Colorado.
Dana pegou outra fita. Uma pista de esqui numa montanha em Juneau, no Alasca. Um repórter coberto de agasalhos: -…e esta é a cena do trágico acidente de esqui que ocorreu ontem à noite.
As autoridades não sabem ao certo por que Julie Winthrop, uma esquiadora campeã, esquiava sozinha à noite nessa pista em particular que estava fechada, mas estão investigando. Em setembro, apenas seis meses atrás, Paul, irmão de Julie, morreu num acidente de carro na França e, em julho do mesmo ano, seus pais, o embaixador Taylor Winthrop e a mulher morreram num incêndio. O presidente enviou condolências.
A fita seguinte. A casa de Gary Winthrop na seção noroeste de Washington, D. C. Repórteres enxameavam em volta da propriedade.
Diante da fachada, uma repórter dizia:
- Numa trágica e inacreditável reviravolta de acontecimentos, Gary Winthrop, o último remanescente da amada família Winthrop, foi baleado e morto por ladrões. Hoje de manhã cedo, um guarda de segurança percebeu que a luz do alarme estava desligada, entrou na casa e encontrou o corpo do Sr. Winthrop. Ele foi atingido por dois disparos. Aparentemente os ladrões procuravam pinturas valiosas e foram interrompidos.
Gary Winthrop foi o quinto e último membro da família a sofrer morte violenta em um ano.
Dana desligou o monitor de televisão e ficou ali sentada por um longo tempo. Quem ia querer eliminar uma família maravilhosa como aquela?
Quem? E seria dinheiro o motivo? Dana marcou uma entrevista com o senador Perry Leff, no novo prédio de escritórios do Senado. Leff era um homem sério e entusiasta, de cinqüenta e poucos anos.
Levantou-se, quando Dana foi conduzida ao seu escritório.
- Que posso fazer por você, Srta. Evans?
- Senador, pelo que sei, o senhor trabalhou intimamente com Taylor Winthrop, não?
- Sim. Fomos nomeados pelo presidente para servir juntos em vários comitês.
- Conheço a imagem pública dele, senador Leff; mas como ele era como pessoa?
O senador Leff examinou Dana por um momento.
- Muito me alegra lhe dizer. Taylor Winthrop foi um dos melhores homens que já conheci na vida. O mais admirável nele era a maneira como se relacionava com as pessoas. Importava-se mesmo com elas. Desviou-se de seu caminho para tornar este um mundo melhor. Sempre sentirei sua falta, e o que aconteceu com sua família é simplesmente terrível demais. Só em pensar Dana conversava com Nancy Patchin, uma das secretárias de Taylor Winthrop, de seus sessenta anos, com um rosto enrugado e olhos tristes.
- Trabalhou muito tempo para o Sr Winthrop?
- Quinze anos.
- Nesse período, imagino que passou a conhecer bem o Sr Winthrop.
- Sim, claro.
- Estou tentando obter uma imagem do tipo de homem que ele era na convivência diária. Era…
Nancy Patchin interrompeu-a.
- Posso lhe dizer exatamente que tipo de homem ele era, Srta.
Evans. Quando descobrimos que meu filho tinha a doença de Iou Gehrig, Taylor Winthrop levou-o aos seus próprios médicos e pagou todas as contas. Quando meu filho morreu, o Sr Winthrop arcou com as despesas do enterro e me mandou à Europa para me recuperar - Os olhos encheram-se de lágrimas. - Ele foi o cavalheiro mais maravilhoso, mais generoso, que já conheci.
Dana conseguiu marcar uma entrevista com o general Victor Booster, diretor da FRA, a Agência Federal de Pesquisa que Taylor presidira. A princípio, Booster se recusara a falar com ela, mas quando lhe disse sobre quem queria conversar concordou em recebê-la.
No meio da manhã, Dana pegou o carro e foi dirigindo para a Agência Federal de Pesquisa, perto de Fort Mead, Maryland.
Os prédios da sede da agência ocupavam 32 hectares fortemente guardados. Não se via sinal algum da floresta de discos de satélite ocultos atrás da área densamente arborizada.
Dana seguiu por uma cerca anticiclone de 2,50m de altura, encimada por arame farpado. Deu seu nome ao chegar, mostrou a carteira de motorista a um guarda armado na guarita e recebeu permissão para entrar. Um minuto depois, aproximou-se de um portão eletrificado fechado, com uma câmera de vigilância. Disse mais uma vez seu nome e o portão abriu-se automaticamente.
Seguiu pela entrada de carros até o enorme prédio branco da diretoria.
Um homem à paisana recebeu-a do lado de fora.
- Eu a levarei ao escritório do general Booster, Srta. Evans.
Eles tomaram um elevador, subiram cinco andares e atravessaram um longo corredor até um conjunto de escritórios no fim do pavimento.
Entraram num grande escritório de recepção com duas escrivaninhas de secretárias. Uma delas disse:
- O general está à espera, Srta. Evans. Queira entrar, por favor -Apertou um botão e, com um estalido, a porta de acesso ao escritório interno abriu-se.
Dana viu-se num escritório espaçoso, os tetos e as paredes com pesado revestimento à prova de som. Foi recebida por um homem alto, magro, atraente, de seus quarenta anos. Ele estendeu a mão para Dana e disse, cordiaclass="underline"
- Sou o major Jack Stone, ajudante-de-ordens do general Booster - Indicou o homem sentado atrás de uma escrivaninha. - Este é o general Booster.
Victor Booster era um negro com um rosto talhado a cinzel e olhos duros de obsidiana. A cabeça raspada brilhava sob as luzes do teto.
- Sente-se - disse ele. Tinha a voz grossa e grave.
Dana sentou-se.
- Obrigada por me receber, general.
- Você disse que era sobre Taylor Winthrop?
- Sim. Eu queria…
- Vai fazer uma matéria sobre ele, Srta. Evans?
- Bem, eu…
Booster endureceu a voz.
- Vocês, porras de jornalistas, não podem deixar os mortos em paz? São todos um bando de coiotes, que vivem investigando e denunciando corrupção política e administrativa, roendo cadáveres…
Dana ficou sentada ali, absorvendo o choque.
Jack Stone parecia sem graça.
Dana controvou seu temperamento.
- General Booster, garanto-Lhe que não estou interessada em investigar, nem denunciar alguma corrupção. Conheço a lenda de Taylor Winthrop.