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— Onde está Pycelle? Onde está Pycelle? — Virou-se para os guardas. — Puckens, traga aqui o Grande Meistre Pycelle. Ele tem de ver Lorde Tywin.

— Ele já o viu, Vossa Graça — disse Puckens. — Veio, viu e foi-se, para chamar as irmãs silenciosas.

Foram me buscar em último lugar. Perceber daquilo deixou-a quase demasiado furiosa para falar. E Pycelle corre a enviar uma mensagem em vez de sujar as suas mãos moles e enrugadas. O homem é um inútil. —

Encontre o Meistre Ballabar — ordenou. — Encontre o Meistre Frenken.

Qualquer um dos dois. — Puckens e o Orelha-Curta correram a obedecer.

— Onde está o meu irmão?

— Lá em baixo no túnel. Há um poço, com degraus de ferro presos à pedra. Sor Jaime foi ver até que profundidade chega.

Ele só tem uma mão, quis gritar-lhes. Devia ter sido um de vós a ir.

Ele não tem nada que andar a trepar escadas. Os homens que assassinaram o pai podem estar lá em baixo, à espera dele.

O gêmeo sempre fora demasiado impetuoso, e, segundo parecia, nem mesmo perder uma mão o ensinara a ter cautela. Apressava a ordenar aos guardas para descerem à sua procura e o trazerem de volta quando Puckens e o Orelha-Curta regressaram com um homem de cabelo grisalho entre os dois.

— Vossa Graça — disse o Orelha-Curta — este diz que era um meistre. — O homem fez uma profunda vénia.

— Como posso servir Vossa Graça?

O rosto do homem era-lhe vagamente familiar, embora não fosse capaz de o situar. Velho, mas não tão velho como Pycelle. Este ainda tem em si alguma força. Era alto, embora tivesse as costas ligeiramente tortas, e mostrava rugas em volta dos ousados olhos azuis. Tem a garganta nua.

— Não usais corrente de meistre.

— Foi-me tirada. O meu nome é Qyburn, se aprouver a Sua Graça.

Tratei a mão do vosso irmão.

— O seu coto, quereis vós dizer. — Agora se lembrava dele. Viera com Jaime de Harrenhal.

— Não consegui salvar a mão de Sor Jaime, é verdade. As minhas artes salvaram-lhe o braço, porém, e talvez mesmo a vida. A Cidadela tirou-me a corrente, mas não puderam tirar-me os conhecimentos.

— Talvez sejais suficiente — decidiu. — Se me falhar vai perder mais do que uma corrente, garanto. Tire o dardo da barriga do meu pai e prepare-o para as irmãs silenciosas.

— Às ordens da minha rainha. — Qyburn dirigiu-se à cama, fez uma pausa, olhou para trás.

— E como é que lido com a garota, Vossa Graça?

— Garota? — Cersei não reparara no segundo corpo. Aproximou-se a passos largos da cama, atirou para o lado a pilha de colchas ensangüentadas e lá estava ela, nua, fria, e rosada… exceto a cara, que se tornara tão negra como a de Joff no banquete de casamento. Uma corrente de mãos de ouro ligadas umas às outras estava meio enterrada na carne da sua garganta, torcida com tanta força que lhe rasgara a pele. Cersei silvou como uma gata irritada.

— Que está ela a fazer aqui?

— Encontramos ela ali, Vossa Graça — disse o Orelha-Curta. — É a rameira do Duende. — Como se isso explicasse porque estava ela ali.

O senhor meu pai não tinha nenhuma utilidade a dar a rameiras, pensou. Depois da nossa mãe morrer, nunca tocou numa mulher. Deitou ao guarda um olhar gelado.

— Isto não é… quando o pai de Lorde Tywin morreu, ele regressou a Rochedo Casterly e foi encontrar uma… uma mulher desta espécie…

adornada com as jóias da senhora sua mãe, usando um dos seus vestidos. Ele arrancou-lhes, e arrancou tudo o mais também. Durante uma quinzena, ela foi obrigada a desfilar nua pelas ruas de Lanisporto, para confessar a todos os homens que encontrasse que era ladra e meretriz. Era assim que o Lorde Tywin Lannister lidava com rameiras. Ele nunca… esta mulher estava aqui para outro fim qualquer, não para…

— Talvez sua senhoria estivesse a interrogar a garota acerca da sua ama — sugeriu Qyburn. — Sansa Stark desapareceu na noite em que o rei foi assassinado, segundo ouvi dizer.

— É verdade. — Cersei adotou avidamente a sugestão. — Estava a Interroga-la com certeza. Não pode haver qualquer dúvida. — Conseguia ver Tyrion a olhá-la de esguelha, com a boca torcida num esgar de macaco sob as ruínas do nariz. E que melhor maneira de a interrogar do que nua, com as pernas bem abertas? S ussurrou o anão. Também é assim que eu gosto de a interrogar.

A rainha virou as costas à cena. Não olharei para ela. De súbito, até estar na mesma sala da morta era demasiado. Passou por Qyburn com um empurrão e saiu para o salão. Sor Osmund estava em companhia dos irmãos Osney e Osfryd.

— Há uma mulher morta no quarto da Mão — disse Cersei aos três Kettleblack. — Ninguém deverá saber que ela estava aqui.

— Sim, senhora. — Sor Osney tinha tênues arranhões no rosto, onde outra das rameiras de Tyrion o tinha esgatanhado.

— E o que faremos com ela?

— De aos seus cães. Mantenha a como companheira de cama. Que me importa? Ela nunca esteve aqui. Mandarei cortar a língua de qualquer homem que se atreva a dizer que esteve. Me compreendem?

Osney e Osfryd trocaram um olhar.

— Sim, Vossa Graça.

Seguiu-os de volta ao quarto e ficou os vendo enrolarem a garota nos cobertores ensanguentados do pai. Shae, o nome dela era Shae. A última vez que tinham conversado fora na noite anterior ao julgamento por combate do anão, depois daquele dornês sorridente se ter oferecido como seu campeão.

Shae inquirira acerca de umas jóias que Tyrion lhe oferecera, e de certas promessas que Cersei poderia ter feito, uma mansão na cidade e um cavaleiro que a desposasse. A rainha tornara claro que a rameira não obteria nada dela até que lhes dissesse para onde fora Sansa Stark.

— Era a aia dela. Espera que eu acredite que não sabia nada de seus planos? — dissera. Shae partira lavada em lágrimas.

Sor Osfryd pôs o cadáver entrouxado ao ombro.

— Quero aquela corrente — disse Cersei. — Assegure-se de não riscar o ouro. — Osfryd acenou com a cabeça e dirigiu-se à porta.

— Não, pelo pátio não. — Gesticulou para a passagem secreta. — Há um poço que vai dar às masmorras. Por ali.

Quando Sor Osfryd se apoiou num joelho à frente da lareira, a luz lá dentro tornou-se mais brilhante, e a rainha ouviu ruídos. Jaime emergiu, dobrado sobre si próprio como uma velha, com as botas a fazer voar nuvenzinhas de fuligem do último fogo de Lorde Tywin.

— Sai da minha frente — disse aos Kettleblack. Cersei correu para ele.

— Encontrou? Encontrou os assassinos? Quantos eram? — Decerto que teriam sido mais do que um. Um homem sozinho não poderia ter morto o pai deles.

O rosto do gêmeo trazia um ar descomposto.

— O poço desce até uma câmara onde se encontram meia dúzia de túneis. Estão fechados por portões de ferro, acorrentados e trancados. Tenho de encontrar chaves. — Lançou um relance pelo quarto. — Quem quer que tenha feito isto pode ainda estar escondido nas paredes. Aquilo ali é um labirinto, e escuro. — Cersei imaginou Tyrion a gatinhar entre as paredes como uma ratazana monstruosa. Não. Está sendo tola. O anão está na sua cela.

— Arrebenta as paredes com martelos. Põe esta torre abaixo, se tiver de ser. Quero-os encontrados. Quem quer que tenha feito isto. Quero-os mortos. Jaime abraçou-a, com a mão boa a apertar-lhe o fundo das costas.

Ele cheirava a cinza, mas tinha o sol da manhã no cabelo, dando-lhe um brilho dourado. Desejou puxar a cara dele para a sua e beija-lo. Mais tarde, disse a si própria, ele mais tarde virá ter comigo, para me confortar.