Como um lagarto, pode subir e descer as paredes mais íngremes, ocultando-se nas mais diminutas fendas das pedras. Assumindo uma forma incorpórea, o vampiro vira fumaça, mas de maneira nenhuma nesse estado consegue atravessar um espelho ou uma parede; no entanto, pode atravessar o mais diminuto orifício. Essas faculdades de transformação corporal permitem ao vampiro conhecer o linguajar dessas bestas, podendo comunicar-se com elas a distância de quilômetros, para pedir sua ajuda quando assim necessitar. É comum nas regiões onde habitam vampiros, ouvir-se uivos intermináveis que cessam repentinamente sem a menor explicação possível. Esses animais noturnos encontram nos vampiros uma espécie de proteção contra depredadores humanos que os caçam na noite. Vale ressaltar, no entanto, que esse pacto ó é possível graças à interferência do demônio, que desde o início dos tempos se aproveita da bestialidade irracional das feras.
A Evocação Ritual do Vampiro
Levando-se em conta que o vampiro é um sacerdote ordenado diretamente por Satanás, a sua evocação só é possível através dos ritos secretos do Sabá. Essa prática tem as suas origens nos primórdios da Idade Média, quando antigos fiéis ligados à Igreja Católica, descontentes com a discriminação de classes dos sacerdotes católicos que protegiam aos poderosos em detrimento dos menos favorecidos, e submetiam as sociedades da época a um credo, e a onipotência de apenas um Deus, resolveram se rebelar abjurando tudo aquilo que pregava o catolicismo. No início a reunião desses hereges tinha como objetivo a prática de todo o tipo de libertinagem que pudesse contrariar a moral cristã vigente. Entregavam-se assim, durante a madrugada, a práticas carnais, inimagináveis até mesmo ao Marquês de Sade. Gradualmente foram se encontrando com o mestre posicionado no extremo oposto da santidade, até a presença real do anticristo que, através dos seus adeptos, iniciou a propagação do satanismo.
A reverência málima dessa força diabólica passou a ser cultuada e evocada nos sabás ou missas negras, que consistiam em ritos sacrílegos, que visavam profanar as litúrgias da Santa Missa Católica, realizando o ofício de maneira oposta ao escrito nas Sagradas Escrituras. As orações eram entoadas de maneira contrária, o sinal da cruz feito ao inverso, enquanto todos se entregavam a um transbordamento de luxúria, vícios, arrebatações sadômicas e sáficas, uniões incestuosas, tudo presidido pelo próprio demônio, que possuía uma virgem oferecida pelos infiéis no ápice da ritualização.
Essa virgem era preparada durante um longo período, quando tinha que renegar as vicissitudes de Deus, cuspir sobre as imagens sagradas da Igreja e se rebatizar numa pia em forma de caveira, com urina e sangue menstrual de uma cortesã impura. Depois, com o missal negro, feito da pele de um crente morto sem, ter recebido as águas do batismo, uma sacerdotiza fazia a virgem jurar obediência eterna ao Rei das Trevas e às suas legiões de Íncubus e Súcubos. Após essa preparação, a virgem era levada ao altar, onde era despida e untada por toda pele de uma mistura afrodisíaca. Depois, colocada de quatro, com a cabeça para baixo, como se fosse uma vaca, e sobre seu corpo atiradas sementes de trigo dedicadas «aos que moram na terra e fazem germinar os meses».
O representante do demônio com uma cabeça de bode, penetrava a iniciada e o sangue gerado pelo desvirginamento era colocado numa taça de ouro para ser sorvido pelos participantes. Todo o ato se realizava de maneira a parecer uma cópula entre dois animais para exaltar os primitivos instintos da «besta».
O Sabá prosseguia então com um banquete onde todos se fartavam com o vício da gula, para depois se entregarem a um bacanal sacrílego, onde se permitiam realizar o coito sexual das mais hediondas formas.
Procurando uma fecundação do útero com um rio de esperma e pela devassidão entre homens e mulheres, parentes e não parentes, profanando o sentido a união reprodutiva pregada pela igreja, o ritual era levado a um extremo de loucura erótica e sadômica, que os membros da seita chegavam a devorar uns aos outros. A virgem possuída pelo diabo participava da orgia como a sua verdadeira esposa, fecundada pelos turbilhões de luxúria, para gerar mais um ser com a marca do demônio. Com a chegada do amanhecer todos fugiam do templo para não serem descobertos pelas autoridades da Santa Inquisição.
No caso da evocação do vampiro, o ritual é quase o mesmo, mas com a diferença que precisará haver uma vítima de sangue, para que o nosferatu possa saciar sua sede causada pelo tempo em que se encontrou preso à morte. Também o sabá é realizado numa capela abandonada, ou num lugar que já houvesse sido santificado, e por algum motivo depois amaldiçoado, para que possa subverter até o infinito a ordem das coisas regidas pela Santidade.
O vampiro chega em forma etérea diante dos súditos de satã e só se materializa depois que é derramado o sangue da vítima, que apesar de imolada, morre temporariamente, para renascer como mortaviva ao lado do espírito vampiresco evocado, tornando-se também um ser sedento por sangue. Aqueles que trazem o nosferatu de volta à noite se tornam seus súditos, estando obrigados a servi-los, para que possa realizar sua tarefa de esvaziamento da alma humana por obra do próprio demônio. Também o vampiro traz as ordens do diabo, para a propagação de ritos sacrílegos por outras regiões, contaminando mais o ar com o vírus da imortalidade diabólica.
Do Combate ao Vampiro de Sangue
É difícil destruir aquilo que já está morto. E o vampiro é antes de tudo um ser em eterno processo de ressurreição noturna. Nesse período possui poderes capazes de dominar qualquer criatura humana, tanto no plano físico como psicológico. Por isso, quando está com vida para saciar sua sede de sangue, o máximo que se pode conseguir é afugenta-lo, com o uso de objetos sagrados como a cruz, a hóstia, a Bíblia, os paramentos eclesiásticos, a água benta, etc. Apesar desses símbolos poderem causar a sua destruição, durante a noite fatalmente ele fugirá da presença deles, utilizando seus poderes de mutação animal, e sua capacidade de iludir uma pessoa através da hipnose. Isso lhe garante rapidez e agilidade para escapar de qualquer local, por mais hermeticamente fechado que seja. Portanto, tem que ser levado em conta a diferença entre as coisas que protegem momentaneamente de seus ataques e aquelas que são capazes de destruí-lo definitivamente.
Um vampiro não suporta o cheiro do alho; por isso, quando pressentir a presença dele no ar, imediatamente se afastará do local impregnado por essa substância. Também os espinhos das rosas podem ser letais para a sua eternidade caso o firam. É obvio então, que ao ver as flores, imediatamente procurará se afastar.
Portanto, o momento propício para a sua destruição é quando os raios solares estão mais intensos e o vampiro repousa no seu esquife, normalmente escondido num local de difícil acesso, e muitas das vezes protegido por um dos seus servos. Depois de se conseguir localiza-lo, normalmente numa câmara mortuária, deve se retirar a tampa do caixão e, com uma estaca pontiaguda, transpassar seu coração com a ajuda de um martelo. Para se realizar essa operação é necessário, no entanto, Ter nervos de aço, pois se houver ruídos, o vampiro pode despertar e contra-atacar com a fúria dos demônios. Além disso, apesar de estar repousando, o seu rosto tem uma expressão capaz de causar terror em qualquer ser humano, e também é possível que outros vampiros repousem no mesmo local, e possam despertar com o grito daquele que se converte em pó.
Outra maneira para destruí-lo é esperar o anoitecer, escondido próximo a sua cripta, quando ele sair à procura de suas vítimas, aproximar-se do seu caixão e retirar a terra natal que está dentro, e substituí-la por água benta ou hóstia consagrada. Quando o ser noturno retornar à sua tumba com os primeiros cantos do galo, não poderá descansar, e no desespero, terá que sair a céu aberto, onde os raios do sol o secarão até transforma-lo em carcaça. Também outro elemento capaz de destruí-lo completamente é a água corrente de um rio. Mas para isso é necessário fazer com que caia dentro da corrente. Nesse caso será necessário fazer com que caia dentro da corrente. Nesse caso será necessário atraí-lo para a beira de um rio, e um grupo de pessoas cercá-lo, empunhando objetos sagrados e rezando em voz alta esconjuros, para que acuado não tenha outra alternativa a não ser lançar-se nas águas que se encarregarão do resto.