Todo tipo de elemento que se renova constantemente, envolvido pelo poder do criador, é letal para o vampiro; a transparência é uma terrível inimiga, pois a sua energia vem das raízes que frutificam o mal. Dessa forma, todas as nascentes da natureza representam as forças opostas ao seu domínio, a explicação é que tudo que brota naturalmente na terra, o faz para transformar-se, depois de um tempo, em outro tipo de matéria, o que significa a morte. O vampiro luta exatamente contra essa renovação. Para ele, a eternidade significa a preservação do seu corpo, através da sucção de outros, o que representa poder de vencer o tempo que envelhece a matéria. Dessa maneira, irá adquirindo sabedoria capaz de eternizar o mal, modificando para o seu benefício as leis que regem o planeta, onde pretende reinar absorto sobre todas as coisas.
Portanto, um curandeiro que domina os elementos primitivos da vida, poderá evocá-los e concentra-lo num recipiente que se aberto pelo vampiro, o varrerá com a fúria dos séculos. Era dessa maneira que agiam os feiticeiros, maias, astecas e incas, quando notavam que dentro da comunidade alguém estava contaminado pelos fluídos do vampiro. Com o poder das montanhas eles o convertiam em pó, pronunciando ao vento, as palavras mágicas que varrem as sementes do mal sobre a terra. Todas as culturas do mundo conhecem os símbolos que contem as forças criativas da natureza; portanto, seja uma cruz, um ídolo de bronze, ou uma estrela, se glorificando a perpetuação positiva do universo, terá o poder de combater o vampiro.
De como salvar alguém em já andiantado estado de vampirização
Quando tivermos a certeza que uma pessoa está sendo vítima de vampirização, de acordo com o comportamento descrito no capítulo anterior, a primeira providência a se tomar é conseguir alguém que lhe faça a vigília durante a noite, não permitindo que por nenhum momento ela permaneça sozinha. Todas as janelas do quarto devem ser trancadas com cadeados, e ninguém, além da família e dos amigos mais íntimos, deve saber o que está acontecendo. Para que seja possível um salvamento eficaz, é necessário que se combata o estado anêmico da vítima para que ela possa sobreviver aos primeiros contatos com aquele que lhe rouba as energias. Nesse caso, deve ser solicitada a presença de um médico para que este lhe faça uma completa transfusão de sangue. Vale frisar que o doador de sangue deve ser jovem e, de preferência, que não seja da família. Com a renovação do nas suas veias, o enfermo provavelmente vai se mostrar reanimado, e num primeiro momento, pode-se pensar que vencida a anemia já está salvo da enfermidade. Mas isso não é verdade, porque conseguiu vencer apenas a primeira etapa do tratamento, sendo que a causa do mal continua a existir.
Para que se afaste completamente o mal, todas as noites devemos fazer com que o doente tome uma forte dose de chá de alho, de preferência que tenha sido colhido naquele mesmo dia. Todos sabemos que o alho sempre foi empregado homeopaticamente desde a idade média, e que suas virtudes terapêuticas estão mais do que provadas pela homeopatia e outras ciências que estudam o uso das plantas no tratamento de doenças. Acender incenso indiano e defumador de pau d’alho no quarto do vampirizado ajuda a espantar os fluidos negativos gerados pelo vampiro, melhorando o astral da vítima. Também o perfume das rosas ajudam nesse processo, sobretudo se for dada por alguém que está amando. Depois de todas essas providências, havendo uma melhora do paciente, deve-se coloca-lo exposto aos raios solares matinais, mas esse procedimento deve ser devidamente dosado, ou seja, os banhos de sol devem ir aumentando gradativamente de acordo com a recuperação do vampirizado, pois uma exposição inicial muito exagerada pode lhe ocasionar uma secagem da pele ao ponto de levá-lo a morte.
Caso haja marcas no pescoço da pessoa, revelando que os seus contatos estão sendo feitos com um vampiro de sangue, deve se colocar nos ferimentos uma faca de prata benzida com água benta. Também um colar feito com as flores do alho em torno do pescoço da vítima pode evitar novos contatos com o vampiro.
Nesses casos, todo o tipo de objeto que tenha conotação sagrada pode ajudar. Coloca-se hóstias sagradas sob o travesseiro daquele que dorme, cruzes espalhadas e velas votivas acesas pelo quarto. A fechadura da janela deve ser lacrada com um terço benzido por um sacerdote, e antes da pessoa dormir devem ser lidas em voz alta as orações e esconjuros que serão encontradas num dos capítulos deste livro. Depois de todo esse ritual, realizado durante sete dias e sete noites, o ser vampirizado deve se dirigir a um templo sagrado, ajoelhar-se e dizer em voz alta: «Eu te arrenego anjo mau, que tenta com tua sede de sangue contaminar-me com a imortalidade dos infernos. Afasta-te de mim, em nome do Criador, pois a minha alma só quer trilhar os caminhos iluminados da luz divina. Fizeste-me padecer, mas com a ajuda do Onipotente te esconjuro para que voltes às trevas, e por todos os tempos e tempos, jamais, jamais possa novamente tocar meu espírito, com tuas artimanhas de sedução. Amém».
Depois de rezar a oração a pessoa deve fazer o sinal da cruz sobre o peito três vezes e tocar a face no solo sagrado. Agindo dessa forma, o vampiro jamais se atreverá a se aproximar novamente. No entanto, deve se prevenir, que tanto no caso do vampiro astral, como no de sangue, aquele que quer livrar-se da sua influência deve colocar em todos os seus procedimentos o mais alto teor de fé, pois, caso contrário, os ataques poderão se repetir, principalmente se a vítima despertar algum tipo de interesse especial no vampiro.
No entanto, vale frisar também, que nem todos desejam realmente se livrar completamente da possessão, havendo aqueles que se deixam seduzir pela possibilidade da eternidade. Nesses casos, nenhum tipo de atitude deve ser tomada, mas os que o rodeiam devem se afastar, pois passado um tempo esse também sairá à procura de suas vítimas.
Dos famosos casos de vampirismo
Na antiga Rússia dos Czares vivia um poderoso nobre, proprietário de um enorme feudo na região de Kiev. Os camponeses que trabalhavam em suas terras praticamente não o conheciam porque não era visto a luz do dia. Todas as ordens eram dadas pelo seu capataz, um homem rude e violento, que tratava os empregados como escravos. Qualquer falta era motivo para cruéis castigos executados a frente de todos para que ficasse o exemplo. Os faltosos eram presos a grilhões e depois de açoitados permaneciam sangrando durante dias e noites, sendo que em muitos casos morriam de inanição ou pela excessiva perda de sangue.
Esses acontecimentos criavam um clima de terror e mistério entre os habitantes da região. Quando alguma família mais rebelde resolvia fugir da infuência da estranha figura, apareciam completamente destroçados como que atacados por uma matilha de lobos.
Ao anoitecer todas as passagens que levavam ao castelo onde vivia o nobre eram fechadas por seu pequeno exército de soldados. Os mais curiosos que ousavam se aproximar contavam que as luzes permaneciam acesas até o amanhecer e que estranhas canções eram entoadas, acompanhadas de batidas de tambores, rituais primitivos das tribos da Sibéria. Podia se ver ao longe, as gigantescas nuvens de fumaça que subiam do pátio do castelo formando imagens de pessoas e animais, alimentadas pelo clarão de uma fogueira.