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- Esta substitui engrenagens gastas. Este sistema de transmissão há uns tempos que está estandardizado. A vantagem dos sistemas de transmissão frontal é que podemos obter várias multiplicações sem afetar o desempenho do velocímetro. Percebeste?

É swahili. Concluí.

- Claro que sim.

- Bom, agora vou mostrar-te o teu departamento. Levou-me ao departamento de pequenas encomendas, do qual eu ia ficar encarregue.

As máquinas que me tinham sido apresentadas eram gigantescas e tinham sido construído para responderem a grandes encomendas dos construtores de automóveis, meio milhão de peças ou mais de cada vez. O departamento das pequenas encomendas tinha três máquinas muito menores.

Otto Karp explicou:

- Se alguém encomendar cinco ou dez peças, não nos podemos dar ao luxo de ligar uma das grandes máquinas para uma encomenda tão pequena. Mas estas máquinas aqui estão concebidas para produzirem quantidades tão pequenas como uma ou duas peças. Assim que entra uma encomenda pequena, tu tomas conta dela e é imediatamente tratada.

- E como é que faço isso?

- Primeiro, dão-te uma ordem de compra. A encomenda pode ser de uma a uma dúzia de engrenagens. Em seguida, passas a ordem de compra ao maquinista. Quando as peças estão prontas, tens de levá-las para o departamento de têmpera, onde vão ser endurecidas. A paragem seguinte é a inspeção e, por fim, o departamento de embalagem.

Parecia razoavelmente fácil.

Fiquei a saber que o meu antecessor só dava aos homens que trabalhavam no departamento de pequenas encomendas seis encomendas por dia. As restantes guardavam-as e os homens ficavam por ali sentados metade do dia, sem fazerem nada. Quanto a mim, era um desperdício. Ao fim de um mês, conseguira aumentar a nossa capacidade de resposta em cinquenta por cento. Por altura do Natal, recebi a minha recompensa. Otto Karp deu-me um cheque de catorze dólares e disse:

- Aqui tens. Bem mereces. Tens um dólar de aumento.

Otto andava na estrada, Natalie trabalhava seis dias por semana numa loja de roupas e Richard ia à escola. Os meus dias na Stewart Warner a trabalhar no monótono ambiente da fábrica, rodeado por máquinas irreais, tinham-se tornado entorpecedores. As minhas noites eram igualmente más. Apanhava o El para o Loop, ia a pé até ao hotel onde estava a trabalhar e passava as horas seguintes a receber e a entregar casacos. A minha vida transformara-se numa rotina cinzenta e feia e não havia saída à vista.

Uma noite em que regressava já tarde a casa no El vindo do trabalho, um anúncio no The Chicago Tribune chamou-me a atenção.

Paul Ash patrocina concurso amador. Inicie a sua carreira no mundo do espetáculo.

Paul Ash, regente de um grupo musical conhecido em todo o país, ia estar no teatro Chicago. O anúncio foi como mel para mim. Não fazia idéia de qual era o concurso amador, mas sabia que queria entrar.

No sábado, antes de ir trabalhar na drugstore, parei no teatro Chicago e pedi para falar com Paul Ash. O empresário dele saiu de um gabinete.

- O que posso fazer por si?

- Gostava de entrar no concurso amador. Respondi. Ele consultou um papel.

- Ainda não temos um apresentador. Acha que é capaz?

- Oh, sim! Claro que sim!

- Ótimo. E qual é o seu nome?

Qual era o meu nome? Schechtel não era um nome apropriado para o mundo do espetáculo. As pessoas estavam sempre a escrevê-lo mal e a pronunciarem-no mal. Precisava de um nome que fosse fácil de recordar. As hipóteses passaram rapidamente pela minha mente. Gabble, Cooper, Grant, Stewart, Powett...

O homem olhava para mim.

- Não sabe como se chama?

- Claro que sei! - Respondi imediatamente - É Sidney Sh... Sheldon. Sidney Sheldon.

Ele anotou-o.

- Muito bem, Sheldon, esteja cá no próximo sábado. As seis em ponto. Vai transmitir do estúdio numa estação da WGN.

Fosse lá o que isso fosse.

- Certo.

Corri para casa para dar a notícia aos meus pais e ao meu irmão Richard. Ficaram muito excitados. Havia mais uma coisa que eu tinha de lhes dizer.

- Vou usar um nome diferente.

- Que queres dizer com isso?

- Bom, Schechtel não é um bom nome para o espetáculo. De agora em diante serei Sidney Sheldon.

Olharam um para o outro e encolheram os ombros.

- Está bem.

Tive dificuldade em dormir nas noites que se seguiram. Sabia que aquilo seria o princípio. Eu ia ganhar o concurso. Paul Ash dar-me-ia um contrato para viajar com ele pelo país. Sidney Sheldon ia viajar pelo país com ele.

Quando sábado relutantemente entrou no calendário, regressei ao teatro Chicago e fui conduzido a um pequeno estúdio, juntamente com mais outros jovens concorrentes. Havia um comediante, um cantor, uma pianista e um tocador de acordeão.

O diretor disse, dirigindo-se a mim:

- Sheldon...

Senti um arrepio. Era a primeira vez que alguém me chamava pelo meu novo nome.

- Diga, senhor?

- Assim que eu apontar na tua direção dirige-te ao microfone e dás início ao programa. Vais dizer Boa noite, minhas senhoras e meus senhores. Sejam bem vindos ao Concurso para Amadores Paul Ash. Eu sou o vosso apresentador e chamo-me Sidney Sheldon. Este vai ser um programa emocionante, por isso não saiam daí. Percebeste?

- Sim, senhor.

Quinze minutos mais tarde, o diretor olhou para o relógio do estúdio que estava na parede e ergueu o braço.

- Silêncio, todos.

E começou a contar. Apontou para mim, e eu estava preparado. Nunca antes em toda a minha vida estivera tão calmo, porque sabia que isto era o início de uma carreira maravilhosa. E ia começar com o meu novo nome artístico.

Com grande compostura, aproximei-me do microfone, respirei fundo e disse na minha melhor voz de locutor:

- Boa noite, minhas senhoras e meus senhores. Sejam bem-vindos ao Concurso para Amadores Paul Ash. Eu sou o vosso apresentador, Sidney Schechtel.

CAPÍTULO 6

Consegui recompor-me a tempo de apresentar os outros concorrentes. O espetáculo correu bem. O tocador de acordeão executou uma alegre melodia, seguido pelo comediante, que cumpriu o seu papel como um verdadeiro profissional. O cantor cantou lindamente. Nada correu mal até que chegou a vez da última concorrente, a pianista, ser apresentada. Assim que anunciei o seu nome, ela entrou em pânico, começou a chorar e fugiu apressadamente, deixando-nos com três minutos de tempo de antena vazio. Sabia que tinha de preencher este tempo. Eu era o apresentador.

Aproximei-me do microfone.

- Senhoras e senhores, todos nós começamos na vida como amadores, mas, à medida que vamos avançando, tornamo-nos profissionais.

Fiquei tão embrenhado nas minhas próprias palavras que continuei a falar até que o diretor me fez sinal para parar.

Saímos do ar. Eu sabia que salvara o espetáculo e que todos me ficariam gratos por isso. Talvez me oferecessem um emprego como...

O diretor aproximou-se de mim.