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- Querido... Era o seu cumprimento habitual para toda a gente, incluindo os desconhecidos.

- Olá, Zsa Zsa e trocámos o Hollywoodesco beijo no ar. Ela virou-se para a jovem que a acompanhava.

- Quero apresentar-lhe a Jorja Curtright. É uma atriz maravilhosa. Este é Sidney Sheldon.

Jorja acenou com a cabeça.

- Olá.

- Querido, sente-se. Sentei-me. Virei-me para Jorja.

- Então, é atriz? O que foi que já fez? Ela respondeu de forma vaga.

- Várias coisas.

Fiquei espantado. Normalmente as atrizes não perdiam a oportunidade de debitarem aos produtores todos os seus créditos.

Olhei para ela com mais atenção. Tinha algo de magnético. Era uma beldade, com traços clássicos e olhos castanhos, profundos e inteligentes, cheios de promessas veladas. A voz era rouca e diferente.

- Porque é que não vêm as duas ao meu gabinete depois do vosso almoço? Sugeri.

- Temos muito gosto, querido. Jorja não disse nada.

No caminho para o meu gabinete, parei para falar com Jerry Davis, o meu amigo pessoal, que era escritor contratado.

- Jerry, acabei de conhecer a mulher com quem me vou casar.

- E quem é ela? Quero conhecê-la.

- Ah, não, ainda não. Não quero competição.

Quinze minutos mais tarde, Zsa Zsa ejorja entravam no meu gabinete.

- Por favor, sentem-se. Pedi.

Conversamos disto e daquilo durante alguns minutos, por fim eu disse a Jorja:

- Se não anda a sair com ninguém, porque não jantamos juntos uma noite destas? - E peguei numa caneta. - Qual é o seu número de telefone?

- Desculpe, mas estou muito ocupada. Respondeu Jorja. Zsa Zsa olhou para ela, horrorizada.

- Querida, não seja tonta. O Sidney é produtor...

- Desculpe, -Insistiu Jorja - mas não estou interessada... Zsa Zsa adiantou-se e deu-me o número de telefone de Jorja. Ela olhou-a fixamente, obviamente aborrecida.

- É só um jantar disse eu a Jorja. Depois lhe telefono.

Ela levantou-se.

- Tive muito prazer em conhecê-lo, senhor Sheldon. Sentia-se o gelo na sala.

Fiquei a olhar enquanto as duas se afastavam. Isto não vai ser fácil, pensei para comigo.

Fui ver os créditos de Jorja Curtright. Eram impressionantes. Aparecera na televisão, em filmes e na Broadway. Acabara de fazer uma tournée desempenhando o papel de Stella, num êxito da Broadway chamado A Street Car Named Desire. As críticas eram entusiásticas.

O New York Times dizia:

”Como Stella, Jorja Curtright é soberba, enérgica e decidida na sua análise do papel, e brilha com afetividade, piedade e compreensão.”

Ela recebera também excelentes críticas pelo filme Whistle Stop e por uma dúzia de importantes programas de televisão.

Na manhã seguinte, telefonei a Jorja e convidei-a para jantar.

- Desculpe, mas estou muito ocupada. Respondeu. Telefonei-lhe nos quatro dias seguintes e tive sempre o mesmo resultado. No quinto dia, telefonei e disse:

- Na sexta-feira vou dar um jantar. Vão lá estar muitos produtores e realizadores importantes. Penso que seria bom para a sua carreira encontrar-se com eles.

Fez-se uma longa, longa pausa.

- Muito bem.

Fiquei com a sensação de que aceitara porque não estaríamos a sós.

Agora tinha de inventar um jantar com produtores e realizadores muito importantes.

Não sei como, mas consegui. Alguns dos produtores e realizadores que apareceram conheciam o trabalho de Jorja e foram muito simpáticos.

Quando a noite acabou, perguntei-lhe:

- Divertiu-se esta noite?

- Sim. Muito obrigada.

- Vou levá-la a casa.

Ela abanou a cabeça.

- Trouxe o meu carro. Muito obrigada por esta noite tão agradável.

E começou a dirigir-se para a porta.

- Espere aí. Quer jantar comigo uma destas noites? Perguntei. Pensou por uns segundos.

- Está bem.

Sentia-se uma notória falta de entusiasmo na voz dela.

Na manhã seguinte liguei-lhe de novo:

- Hoje à noite está livre para jantar? Pela primeira vez, ela respondeu:

- Estou.

- Passo para apanhá-la às sete e meia. E foi o início.

Jantamos no Chasen’s. Pela minha experiência, quando se estava com atrizes a conversa normalmente consistia em: “E então eu disse ao realizador que...” e ”Eu disse ao operador de câmara que...” e “O ator principal...” Jantar com uma atriz tinha sempre a ver com a indústria. Com Jorja, a indústria nem sequer foi mencionada. Ela falou da família e dos amigos. Vinha de uma terra pequena Mena, no Arkansas e mantinha as suas raízes de terra pequena. Era a antítese de qualquer actriz que alguma vez conheci.

Quando nos aproximávamos do fim do jantar, perguntei:

- Jorja, porque é que estava tão relutante em sair comigo?

Ela hesitou.

- Quer uma resposta honesta?

- Claro.

- Porque tem a reputação de sair com muitas mulheres e eu não tenho qualquer intenção de fazer parte da sua lista.

- A Jorja não é só mais uma na lista. Porque não me dá a possibilidade de lho demonstrar?

Estudou-me por momentos.

- Está bem. Veremos.

E comecei a sair com Jorja todas as noites. Quanto mais a via, mais sabia que estava apaixonado. Ela tinha um sentido de humor mordaz e rimo-nos imenso. Fomo-nos aproximando.

Ao fim de três meses, tomei-a nos meus braços e perguntei:

- Vamos casar.

Fugimos para Las Vegas no dia seguinte.

Consegui arranjar forma de Natalie e Marty virem a Hollywood e conhecerem Jorja e todos se deram lindamente. Natalie fez-lhe um milhão de perguntas e no fim concluiu que estava muito feliz por mim.

Planeei uma lua de mel à Europa. Comprara uma pequena casa perto de Coldwater Canyon, em Beverly Hills.

Otto e a mulher, Ann, viviam em Los Angeles e, quando lhe contei as novidades sobre Jorja, ele deu-me um abraço e disse:

- Isso é maravilhoso. Já sei o que vou fazer. Como presente de casamento, vou revestir a tua casa.

A última ocupação de Otto era revestir casas, forrando-as com alumínio. Era uma prenda generosa, porque o revestimento era muito caro.

- Que bom. Muito obrigado.

Informei Kenneth McKenna de que ia tirar três meses de licença e partimos para a Europa. Foi uma lua de mel de sonho, que incluiu uma visita a Londres, Paris, Roma e a um dos meus locais preferidos no mundo, Veneza. Jamais estivera tão feliz. A nuvem negra fazia parte do passado.

Por fim, chegou a altura de regressarmos a casa. Quando chegamos a Los Angeles, Otto estava à nossa espera. Seguíamos de carro a caminho de casa quando ele disse:

- Acho que vão adorar isto.

E tinha razão. A casa estava maravilhosa, completamente revestida por alumínio brilhante.

-... E eu digo-vos o que vou fazer - Acrescentou, magnânimo - Dou-vos isto a preço de custo.