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- Gosto muito de você, Leslie. Acho que seríamos maravilhosos juntos. Adoraria fazer amor com você.

Leslie pegou a mão dele entre as suas e murmurou:

- Também gosto de você, Henry, mas a resposta é não.

Tinham um almoço marcado no dia seguinte. Henry telefonou para Leslie.

- Por que não vem me buscar no Star? Quero que conheça o jornal.

- Eu adoraria.

Era por isso que Leslie estava esperando. Havia dois outros jornais em Phoenix, o Arizona Republic e o Phoenix Gazette. O jornal de Henry, o Star, era o único que dava prejuízo.

A redação e as oficinas do Phoenix Stay eram menores do que Leslie imaginara. Henry levou-a numa excursão por todo o jornal e Leslie pensou: Um jornal como este não vai derrubar um governador ou um presidente. Mas era um trampolim. Ela tinha planos para usá-lo.

Leslie mostrou-se interessada por tudo o que viu. Fez inúmeras perguntas a Henry, que sempre as transferia para Lyle Bannister, o editor-executivo. Ela ficou espantada pelo pouco que Henry parecia saber sobre o jornal, com o seu desinteresse. O que a deixou ainda mais determinada a aprender tudo o que pudesse.

Aconteceu no Borgata, um restaurante que parecia um castelo, num cenário de velha aldeia italiana. Jantaram bisque de lagosta, medalhões de vitela com sauce béarnaise, aspargos ao vinagrete e um suflê ao Grand Marnier. Henry Chambers era uma companhia encantadora e fácil, e a noite fora das mais agradáveis.

- Adoro Phoenix - comentou ele. - difícil acreditar que há apenas cinqüenta anos a população da cidade era de sessenta e cinco mil habitantes. Agora passa de um milhão.

Leslie estava curiosa sobre uma coisa.

- O que o fez decidir deixar o Kentucky e se mudar para cá, Henry?

Ele deu de ombros.

- No fundo, não foi uma decisão minha. O problema foi dos meus pulmões. Os médicos não sabiam quanto tempo mais de vida eu teria. Disseram que o Arizona seria o melhor clima para mim. Por isso, resolvi passar o resto da minha vida... o que quer que isso signifique... vivendo aqui. - Henry sorriu.

- E aqui estamos. - Ele pegou a mão de Leslie.

- Quando disseram que seria bom para mim, nem podia imaginar o quanto. Não acha que estou velho demais para você, não é? Havia ansiedade na voz dele. Leslie sorriu.

- É muito jovem... jovem demais.

Henry fitou-a em silêncio por um longo momento.

- Falo sério. Quer casar comigo?

Leslie fechou os olhos. Podia ver a placa de madeira pintada a mão na trilha no Breaks Interstate Park: LESLIE, QUER CASAR COMIGO?... Não posso prometer que vai casar com um governador mas sou um bom advogado. Ela abriu os olhos e fitou Henry.

- Quero, sim.

Mais do que qualquer outra coisa no mundo. Casaram duas semanas depois.

Quando a notícia do casamento saiu no Lexington Herald Leadey, o senador Todd Davis contemplou-a por um longo momento. Lamento incomodá-lo, senador, mas será que poderíamos nos encontrar? Preciso de um favor... Conhece Henry Chambers?... Agradeceria muito se quisesse me apresentar a ele.

Se isto é tudo o que ela quer, não haveria qualquer problema.

Se é tudo o que ela quer...

Leslie e Henry foram a Paris na lua-de-mel. Aonde quer que fossem, ela especulava se Oliver e Jan haviam visitado aqueles mesmos lugares, andado por aquelas ruas, jantado aqui, feito compras ali. Imaginava os dois juntos, fazendo amor, Oliver sussurrando no ouvido de Jan as mesmas mentiras que dissera para ela. Mentiras pelas quais ele ainda haveria de pagar caro.

Henry amava-a com sinceridade e fazia tudo o que pudesse para torná-la feliz. Em outras circunstâncias, Leslie poderia ter se apaixonado por ele, mas algo em seu íntimo morrera para sempre. Nunca mais posso confiar em qualquer homem.

Poucos dias depois de voltarem a Phoenix, Leslie surpreendeu Henry ao anunciar:

- Henry, eu gostaria de trabalhar no jornal.

Ele riu.

- Por quê?

- Acho que seria interessante. Fui executiva numa agência de propaganda. Talvez possa ajudá-lo nessa área.

Ele protestou, mas no final acabou cedendo.

Henry notou que Leslie lia o Lexington Heyald-Leader todos os dias.

- Acompanhando o noticiário sobre o pessoal da cidade natal? - zombou ele.

- De certa forma, sim.

Leslie sorriu. Lia avidamente tudo o que se escrevia sobre Oliver. Queria que ele fosse feliz e bem-sucedido.

Quanto maiores eles são...

Quando Leslie ressaltou que o Star estava dando prejuízo, Henry soltou uma risada.

- Meu bem, é uma gota num balde. Recebo dinheiro de lugares de que você nunca ouviu falar. Não tem a menor importância.

Mas tinha para Leslie. E muita. À medida que se tornava mais e mais envolvida na direção do jornal, concluiu que o motivo para o prejuízo estava no movimento sindical. A gráfica do Phoenix Star estava superada, mas os líderes sindicais se recusavam a permitir que o jornal adquirisse novos equipamentos, alegando que isso custaria muitos empregos a gráficos sindicalizados. Estavam no momento negociando um novo contrato com o Star. Quando Leslie abordou a situação, Henry disse:

- Por que nos incomodarmos com essas coisas? Vamos tratar de apenas nos divertir.

- Estou me divertindo - garantiu Leslie.

Leslie teve uma reunião com Craig McAllister, o advogado do Star.

- Como vão as negociações?

- Eu gostaria de ter notícias melhores, sra. Chambers, mas receio que a situação não seja nada boa.

- Ainda estamos negociando, não é?

- Aparentemente. Mas Joe Riley, o líder do sindicato dos gráficos, é um obstinado filho da... um homem obstinado. Não quer ceder um centímetro. O contrato coletivo dos gráficos termina dentro de dez dias. Riley garante que se o sindicato não tiver assinado um novo contrato até lá, os gráficos entrarão em greve.

- Acredita nele?

- Acredito. Não gosto de ceder aos sindicatos, mas a verdade é que sem isso não teremos jornal. Eles podem nos fechar. Mais de uma publicação já quebrou por tentar desafiar os sindicatos.

- O que eles estão pedindo?

- O de sempre. Horário menor, aumentos, proteção contra futura automação...

- Eles estão nos pressionando, Craig. Não gosto disso.

- Não é uma questão emocional, sra. Chambers. É uma questão prática.

- Então seu conselho é ceder?

- Creio que não temos opção.

- Por que não me deixa ter uma conversa com Joe Riley?

A reunião foi marcada para as duas horas da tarde, e Leslie se atrasou na volta do almoço. Ao entrar na ante-sala, deparou com Riley à sua espera, conversando com a secretária, Amy, uma jovem bonita, de cabelos escuros.

Joe Riley era um irlandês de aparência rude, com quarenta e poucos anos. Era gráfico há mais de quinze. Três anos antes, assumira o comando de seu sindicato e conquistara a reputação de ser um negociador dos mais duros. Leslie ficou parada ali por um momento, observando-o flertar com Amy. Riley dizia:

- ...e foi então que o homem se virou para ela e disse: é fácil para você falar isso, mas como eu vou voltar?

Amy riu.

- Onde ouviu essa, Joe?

- Circulando por aí, querida. Que tal jantar comigo esta noite?

- Eu adoraria.

Foi nesse instante que Riley viu Leslie.

- Boa tarde, sra. Chambers.

- Boa tarde, sr. Riley. Vamos entrar?

Riley e Leslie foram sentar na sala de reunião do jornal.

- Aceita um café? - ofereceu Leslie.

- Não, obrigado.

- Alguma coisa mais forte?

Ele sorriu.

- Sabe que é contra os regulamentos beber durante o horário de trabalho, sra. Chambers.

Leslie respirou fundo.

- Queria conversar com você porque soube que é um homem muito justo.

- Tento ser.

- Quero que saiba que simpatizo com o seu sindicato. Acho que vocês têm direito a alguma coisa, mas o que estão pedindo não é razoável. Alguns de seus hábitos estão nos custando milhões de dólares por ano.