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- Só votaram contra mim porque não levam seu sindicato a sério. Se querem evitar uma greve prolongada, e talvez a morte do jornal, devem demonstrar que não podem ser desdenhados.

- Como assim?

Leslie disse, um tanto nervosa:

- O que vou lhe dizer é confidencial, mas é a única maneira de conseguirem o que querem. Eles pensam que vocês estão blefando. Não acreditam que estejam determinados. Precisam provar o contrário. O contrato de vocês termina à meia-noite desta sexta-feira.

- Isso mesmo...

- Eles esperam que vocês paralisem o trabalho calmamente. - Leslie inclinou-se para a frente.

- Pois não façam isso! - Riley escutava com toda atenção, enquanto ela continuava:

- Provem que eles não podem fazer o jornal sem vocês. Não se limitem a deixar o trabalho como cordeiros. Causem alguns danos.

Os olhos de Riley se arregalaram.

- Não seria nada muito grave - ressaltou Leslie. Apenas o suficiente para demonstrar que vocês não estão para brincadeira. Cortem alguns cabos, deixem uma ou duas rotativas fora de ação. Deixem que eles aprendam que precisam de vocês para operar as máquinas. Tudo poderá ser reparado em um ou dois dias, mas até lá vocês os terão assustado o bastante para que recuperem o bom senso. Eles finalmente saberão com quem estão lidando.

Joe Riley permaneceu em silêncio por um longo tempo, estudando Leslie.

- Você é uma mulher extraordinária.

- Nem tanto. Pensei bastante no assunto. Minhas opções eram simples. Vocês podem causar alguns danos, que possam ser reparados com facilidade, e obrigar o conselho a retomar as negociações, ou podem deixar o trabalho em paz e se resignarem a uma greve prolongada, da qual o jornal talvez nunca se recupere. Minha única preocupação é proteger o jornal.

Um lento sorriso iluminou o rosto de Riley.

- Deixe-me lhe pagar um café, sra. Chambers.

- Estamos em greve!

Na noite de sexta-feira, um minuto depois da meia-noite os gráficos atacaram, sob o comando de Joe Riley. Retiraram peças de máquinas, viraram mesas cheias de equipamentos, atearam fogo a duas rotativas. Um guarda que tentou detê-los foi brutalmente espancado. Os gráficos, que pretendiam de início apenas deixar algumas máquinas fora de uso, foram se animando cada vez mais na empolgação e tornaram-se mais e mais destrutivos.

- Vamos mostrar aos desgraçados que não podem fazer conosco o que bem quiserem! - gritou um dos homens.

- Não há jornal sem o nosso trabalho!

- Nós somos o Star!

Soaram gritos de aclamação. Os homens ficaram ainda mais violentos. As oficinas gráficas logo estavam em destroços. Em meio ao tumulto generalizado, refletores se acenderam subitamente nos quatro cantos. Os homens pararam, olhando ao redor, aturdidos. Perto das portas, câmeras de televisão registravam o tumulto e a destruição. Havia também repórteres do Arizona Republic e Phoenix Gazette, assim como de agências noticiosas. E pelo menos uma dúzia de policiais e bombeiros.

Joe Riley contemplou a cena, chocado. Como haviam chegado ali tão depressa? Enquanto os policiais se adiantavam e os bombeiros acionavam suas mangueiras, a resposta ocorreu de repente a Riley e ele experimentou a sensação de que alguém desferira um chute em seu estômago. Leslie Chambers armara tudo! Quando fossem divulgadas as imagens da destruição promovida pelo sindicato, não haveria mais qualquer simpatia por eles. A opinião pública viraria contra o movimento. A desgraçada planejara aquilo desde o início...

As imagens foram ao ar pela televisão uma hora depois, enquanto as emissoras de rádio divulgavam detalhes da destruição irresponsável. As agências noticiosas despacharam o relato do incidente para o mundo inteiro, descrevendo como empregados violentos se voltaram contra a mão que os alimentava. Foi um triunfo de relações públicas para o Phoenix Star.

Leslie preparara tudo muito bem. Antes, enviara secretamente alguns executivos do Star ao Kansas para aprender como operar as novas máquinas e ensinar a empregados não-sindicalizados. Logo depois do incidente da sabotagem, dois outros sindicatos em greve, dos distribuidores e dos fotogravadores, chegaram a um acordo com o Star.

Com os sindicatos derrotados e o caminho aberto para modernizar a tecnologia do jornal, os lucros começaram a surgir. Da noite para o dia, a produtividade aumentou em vinte por cento.

Na manhã seguinte à greve, Amy foi despedida.

Ao final de uma tarde de sexta-feira, dois anos depois de seu casamento, Henry teve um princípio de indigestão. Na manhã de sábado, começou a sentir dores no peito e Leslie chamou uma ambulância, que o levou às pressas para o hospital. No domingo, Henry Chambers morreu.

Deixou toda a sua fortuna para Leslie.

Na segunda-feira depois do funeral, Craig McAllister foi falar com Leslie.

- Preciso tratar de algumas questões legais com você, mas se achar que é cedo demais...

- Não - disse Leslie. - Estou bem.

A morte de Henry a afetara mais do que ela esperava. Era um homem gentil e terno, e ela o usara porque precisava de sua ajuda para a vingança contra Oliver. E, de alguma forma, na mente de Leslie, a morte de Henry tornara-se mais uma razão para destruir Oliver.

- O que você quer que eu faça com o Star? - perguntou McAllister. - Não imagino que vai querer passar seu tempo a dirigi-lo.

- É exatamente o que tenciono fazer. Vamos expandi-lo.

Leslie pediu um exemplar de Managing Editor, a revista que relaciona os corretores de jornais dos Estados Unidos. Escolheu Dirks Van Essen &Associates, de Santa Fé, Novo México.

- Aqui é a sra. Henry Chambers. Estou interessada em adquirir outro jornal, e gostaria de saber qual é o disponível...

Era o Sun, de Hammond, Oregon.

- Eu gostaria que você voasse até lá e desse uma olhada - pediu Leslie a McAllister.

Dois dias depois, McAllister telefonou para Leslie.

- Pode esquecer o Sun, sra. Chambers.

- Qual é o problema?

- O problema é que Hammond é uma cidade de dois jornais. A circulação diária do Sun é de quinze mil exemplares.

O outro jornal, o Hammond Chronicle, tem uma circulação de vinte e oito mil exemplares, quase o dobro. E o dono do Sun está pedindo cinco milhões de dólares. O negócio não faz o menor sentido.

Leslie pensou por um momento.

- Espere por mim - disse a ele. - Estou indo para aí.

Leslie passou os dois dias seguintes examinando o jornal e estudando seus livros contábeis.

- Não há a menor possibilidade do Sun competir com o Chronicle - assegurou McAllister. - O Chronicle continua a crescer. A circulação do Sun vem caindo a cada ano, durante os últimos cinco anos.

- Sei disso - murmurou Leslie. - Mas vou comprá-lo.

O advogado fitou-a, aturdido.

- Vai o quê?

- Vou comprá-lo.

O negócio foi fechado em três dias. O dono do Sun ficou deliciado em se livrar do jornal.

- Tirei vantagem da dona neste negócio - gabou-se ele. - Ela me pagou cinco milhões de dólares.

Walt Meriwether, o proprietário do Hammond ChronicLe, foi visitar Leslie.

- Soube que você é minha nova concorrente - disse ele, num tom gentil.

Ela acenou com a cabeça.

- É verdade.

- Se as coisas não correrem bem para você aqui, talvez esteja interessada em me vender o Sun.

Leslie sorriu.

- E se tudo correr bem, talvez você esteja interessado em me vender o Chyonicle.

Meriwether riu.

- Claro. Eu lhe desejo muita sorte, sra. Chambers. Ele voltou para o Chronicle e declarou, confiante:

- Dentro de seis meses possuiremos o Sun.

Leslie voltou a Phoenix e conversou com Lyle Bannister, o editor-executivo do Star.

- Você vai comigo para Hammond, Oregon. Quero que dirija o jornal até que fique de pé.

- Conversei com o sr. McAllister - disse Bannister.- O jornal não tem base. Ele comentou que é um desastre ambulante.

Leslie estudou-o por um momento.