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- Avise ao sr. Baker que há uma jovem...

O elevador chegou. Dana entrou e apertou o três. No terceiro andar, a atividade parecia ter aumentado, se é que isso era possível. Repórteres se agitavam, tentando cumprir os prazos de fechamento do jornal. Dana ficou parada ali, olhando ao redor, frenética. Acabou por avistar o que queria. Num cubículo com uma placa verde, em que se lia a palavra JARDINAGEM, havia uma mesa vazia. Dana foi até lá e sentou-se. Olhou para o computador à sua frente, depois começou a bater. Ficou tão absorta no texto que escrevia que perdeu a noção do tempo. Quando terminou, apertou o botão de imprimir e as laudas começaram a sair. Estava reunindo-as quando sentiu uma sombra por cima de seu ombro.

- O que está fazendo aqui? - perguntou Matt Baker.

- Procurando por um emprego, sr. Baker. Escrevi esta reportagem e pensei...

- Pois pensou errado! - explodiu Baker.

- Não pode entrar aqui e ocupar a mesa de qualquer um! E agora saia daqui antes que eu chame a segurança e mande prendê-la!

- Mas...

- Fora daqui!

Dana levantou-se. Com toda a dignidade possível, pôs as laudas na mão de Matt Baker e encaminhou-se para o elevador.

Matt Baker sacudiu a cabeça em incredulidade. Mas o que vai acontecer com o mundo? Havia uma cesta de papel por baixo da mesa. Ao se adiantar em sua direção, ele leu as primeiras linhas do texto de Dana: "Stacy Taylor, o rosto todo machucado, cheio de equimoses, alegou hoje em seu leito de hospital que se encontrava ali porque seu marido, Tripp Taylor, o famoso astro do rock, a espancou. Cada vez que fico grávida, ele me dá uma surra. Não quer ter filhos. Matt leu mais adiante, aturdido. Levantou os olhos, mas Dana desaparecera.

Com as laudas na mão, ele correu para os elevadores, esperando encontrá-la antes que sumisse. Ao virar o canto do corredor, esbarrou nela. Dana estava encostada na parede, esperando.

- Como conseguiu essa reportagem? - indagou ele.

Dana respondeu com a maior simplicidade:

- Eu lhe disse. Sou uma repórter.

Matt respirou fundo.

- Vamos para a minha sala.

Eles estavam sentados de novo na sala de Matt Baker.

- É uma boa reportagem - admitiu ele, relutante.

- Obrigada! - exclamou Dana, excitada.

- Não tenho palavras para descrever o quanto aprecio isso. Vou ser a melhor repórter que já teve. O que quero mesmo é ser correspondente estrangeira, mas estou disposta a me empenhar até chegar a esse ponto, mesmo que leve um ano. - Ela viu a expressão de Matt Baker e apressou-se em acrescentar: Ou talvez dois.

- Não há nenhuma vaga no Tribune, e temos uma longa lista de espera.

Dana se mostrou espantada.

- Mas presumi...

- Um repórter não tem que presumir nada, está entendido?

- Sim, senhor.

- Ótimo.

Matt pensou por um momento, depois tomou uma decisão.

- Costuma assistir à WTE? É a emissora de televisão do Tribune Enterprises.

- Não, senhor. Não posso dizer que...

- Pois vai conhecer agora. Está com sorte. Há uma vaga ali. Um dos redatores acaba de sair. Pode ficar no lugar dele.

- Fazendo o quê? - perguntou Dana, hesitante.

- Escrevendo texto para a televisão.

Ela murchou.

- Texto para a televisão? Não sei nada sobre...

- É muito simples. O produtor do noticiário lhe entrega o material de todos os serviços noticiosos. Você escreve um texto resumido e põe no teleponto para os âncoras lerem.

Dana ficou calada.

- O que foi?

- Nada. Acontece... que sou uma repórter.

- Temos quinhentos repórteres aqui, e todos passarão anos para ganharem suas promoções. Vá até o Prédio Quatro. Peça para falar com o sr. Hawkins. Se tem de começar por algum lugar, a televisão não é tão ruim assim. Matt Baker pegou o telefone.

- Vou ligar para Hawkins.

Dana suspirou.

- Está bem. Obrigada, sr. Baker. Se algum dia precisar...

- Fora.

Os estúdios da televisão WTE ocupavam todo o sexto andar do Prédio Quatro. Tom Hawkins, o produtor do noticiário noturno, levou Dana para sua sala.

- Alguma vez já trabalhou em televisão?

- Não, senhor. Trabalhei em jornais.

- Dinossauros. São o passado. Nós somos o presente. E quem sabe o que será o futuro? Deixe-me mostrar a redação.

Havia duas dúzias de pessoas trabalhando em mesas e monitores. Notícias enviadas por meia dúzia de serviços noticiosos apareciam em computadores.

- As notícias e reportagens são recebidas aqui, enviadas do mundo inteiro - explicou Hawkins.

- Eu decido quais delas vamos explorar. A chefia de reportagem

envia equipes para cobrir esses acontecimentos. Nossos repórteres de campo remetem suas matérias por microondas ou transmissores. Além dos serviços noticiosos, temos cento e sessenta canais da polícia, repórteres com telefones celulares, scanners, monitores. Cada notícia é planejada em cada segundo. Os redatores trabalham com editores de imagens para terem o tempo certo. A notícia média dura entre um minuto e meio e um minuto e quarenta e cinco segundos.

- Quantos redatores trabalham aqui? - perguntou Dana.

- Seis. Há também um coordenador de vídeo, editores de notícias, produtores, diretores, repórteres, âncoras... ele parou. Um homem e uma mulher se aproximavam.

- Por falar em âncoras, quero que conheça Julia Brinkman e Michael Tate.

Julia Brinkman era uma mulher deslumbrante, com cabelos castanhos, lentes de contato coloridas que proporcionavam a seus olhos um verde ardente, e um sorriso experiente e envolvente. Michael Tate tinha uma aparência atlética, com um sorriso afável e uma atitude extrovertida.

- Nossa nova redatora - anunciou Hawkins. - Donna Evanston.

- Dana Evans.

- O que for. Vamos ao trabalho.

Ele levou Dana de volta à sua sala. Acenou com a cabeça para um quadro de missões na parede.

- Essas são as matérias entre as quais escolherei as que vamos pôr no ar. Temos dois noticiários por dia. O de meio dia à uma da tarde, e o noturno, de dez às onze horas. Quando eu lhe disser que matérias quero apresentar, você junta todas as informações e escreve um texto emocionante, para que os espectadores não mudem de canal. O editor de imagem lhe mostrará as cenas, você as inclui no texto, indicando onde devem entrar.

- Certo.

- Às vezes temos algum acontecimento sensacional, e neste caso interrompemos nossa programação regular para uma apresentação ao vivo.

- Parece interessante - murmurou Dana.

Ela nem imaginava que um dia isso iria salvar sua vida.

O programa da primeira noite foi um desastre. Dana pôs as indicações das notícias no meio e não no princípio, o que fez com que Julia Brinkman se descobrisse a ler os textos de Michael Tate, e vice-versa. Terminado o noticiário, o diretor disse a Dana:

- O sr. Hawkins quer falar com você em sua sala. Agora. Hawkins estava sentado por trás de sua mesa, com uma expressão sombria.

- Já sei - murmurou Dana, contrita.

- Foi uma nova falha na televisão, e a culpa foi toda minha.

Hawkins apenas a observava. Dana tentou de novo:

- A boa notícia, Tom, é que daqui por diante só pode melhorar. Certo?

Ele continuou calado.

- E nunca mais vai acontecer, porque... - Dana interpretou a expressão dele. - ...estou despedida.

- Não - disse Hawkins, ríspido.

- Isso seria deixá-la escapar fácil demais. Vai continuar a fazer até acertar. E estou me referindo ao noticiário do meio-dia amanhã. Fui bem claro?

- Muito.

- Ótimo. Quero você aqui às oito horas da manhã.

- Certo, Tom.

- E já que vamos trabalhar juntos... você pode me chamar de sr. Hawkins.

O noticiário do meio-dia transcorreu sem problemas. Tom Hawkins tinha razão, concluiu Dana. Era apenas uma questão de se acostumar ao ritmo. Receba a missão... escreva o texto... trabalhe com o editor de imagens... arme o teleponto para os âncoras lerem.