Выбрать главу

Daquele momento em diante, tornou-se rotina.

A oportunidade de Dana surgiu oito meses depois de ela começar a trabalhar na WTE. Acabara de passar para o teleponto os textos do noticiário noturno, às quinze para as dez, e se preparava para ir embora. Quando entrou no estúdio, para se despedir, deparou com o caos. Todos falavam ao mesmo tempo. Rob Cline, o diretor, gritou:

- Onde ela se meteu?

- Não sei.

- Alguém a viu?

- Não.

- Telefonou para o apartamento dela?

- A secretária eletrônica atendeu.

- Isso é maravilhoso! Vamos entrar no ar... - ele olhou para o relógio. - ...dentro de doze minutos!

- Talvez Julia tenha sofrido um acidente - sugeriu Michael Tate. - Pode estar morta.

- Isso não é desculpa. Ela deveria ter telefonado.

Dana interveio:

- Com licença...

O diretor olhou para ela, impaciente.

- O que é?

- Se Julia não aparecer, posso apresentar o noticiário.

- Esqueça. - Ele tornou a se virar para seu assistente. - Ligue para a segurança e verifique se ela já se encontra no prédio.

O assistente pegou o telefone.

- Julia Brinkman já passou por aí?... Pois quando ela aparecer, mande que suba depressa.

- Mande reservar um elevador para ela. Entramos no ar... - o diretor olhou para o relógio de novo. - ...dentro de sete minutos.

Dana continuou parada ali, observando o pânico crescente. Michael Tate sugeriu:

- Eu poderia fazer as duas partes.

- Não! - exclamou o diretor, ríspido.

- Precisamos de duas pessoas lá na frente. - Ele olhou para o relógio mais uma vez. - Três minutos. Droga! Como ela pôde fazer isso conosco? Temos de entrar no ar e...

Dana interrompeu-o:

- Conheço todos os textos. Fui eu que escrevi. O diretor lançou-lhe um olhar rápido.

- Você está sem maquilagem. E vestida da maneira errada.

Uma voz veio da cabine de controle de som:

- Dois minutos. Ocupem seus lugares, por favor.

Michael Tate deu de ombros e foi se instalar em seu lugar, na

plataforma diante das câmeras.

- Em seus lugares, por favor! Dana sorriu para o diretor.

- Boa noite, sr. Cline.

Ela se encaminhou para a porta.

- Espere um instante! - Ele esfregava a mão na testa. - Tem certeza de que pode fazer isso?

- Experimente.

- Não tenho opção, não é mesmo? - lamentou o diretor. - Muito bem, vá sentar lá na frente. Oh, Deus, por que não segui o conselho de minha mãe e me tornei um médico?

Dana seguiu apressada para a plataforma e sentou-se ao lado de Michael Tate.

- Trinta segundos... vinte... dez... cinco...

O diretor fez um sinal com a mão, e a luz vermelha na câmera acendeu.

- Boa noite - disse Dana, a voz suave.

- Sejam bem-vindos ao noticiário das dez horas da WTE. Temos um triste acontecimento na Holanda. Houve uma explosão numa escola de Amsterdã esta tarde e...

O resto do noticiário transcorreu sem qualquer problema.

Na manhã seguinte, Rob Cline foi à sala de Dana.

- Má notícia. Julia sofreu um acidente de carro ontem à noite. Seu rosto... - ele hesitou. - ...ficou desfigurado.

- Sinto muito - murmurou Dana. preocupada.

- É grave?

- Muito grave.

- Mas hoje em dia a cirurgia plástica pode...

Ele sacudiu a cabeça.

- Não desta vez. Julia não vai voltar.

- Eu gostaria de vê-la. Onde ela está?

- Vão levá-la para a casa da família no Oregon.

- Uma coisa terrível.

- Você vence algumas, perde outras. - Cline estudou Dana por um momento.

- Você se saiu muito bem ontem à noite. Vamos mantê-la até encontrarmos alguém permanente.

Dana foi falar com Matt Baker.

- Viu o noticiário ontem , a noite? - perguntou ela.

- Vi, sim - resmungou ele.

- Pelo amor de Deus, tente se maquilar e usar um vestido mais apropriado.

Dana sentiu que murchava.

- Certo.

Quando ela se virou para sair, Matt Baker acrescentou relutante:

- Você não se saiu mal.

Partindo dele, era um grande elogio.

Na quinta noite, o diretor comunicou a Dana:

- O chefão mandou dizer para mantê-la.

Ela especulou se o chefão era Matt Baker.

Em seis meses, Dana tornou-se uma figura conhecida no cenário de Washington. Era jovem e atraente, com uma inteligência evidente. Ao final do ano, recebeu um aumento e passou a ter programas especiais. Um deles, Aqui e Agora, entrevistas com celebridades, disparou no índice de audiência. Suas entrevistas eram pessoais e simpáticas. Celebridades que hesitavam em comparecer a outros programas pediam para aparecer no de Dana.

Revistas e jornais passaram a entrevistá-la. Ela estava se tornando uma celebridade por si mesma.

De noite, Dana assistia ao noticiário internacional. Invejava os correspondentes estrangeiros. Eles faziam alguma coisa importante. Relatavam a história, informando o mundo sobre os acontecimentos importantes que ocorriam nos pontos mais diversos do globo. Ela sentia-se frustrada.

O contrato de dois anos de Dana com a WTE estava chegando ao fim. Philip Cole, o chefe dos correspondentes, conversou com ela.

- Está fazendo um trabalho sensacional, Dana. Todos nos orgulhamos de você.

- Obrigada, Philip.

- É tempo de discutirmos o seu novo contrato. Em primeiro lugar...

- Vou embora.

- Como?

- Quando meu contrato acabar, não vou mais fazer o jornal.

Ele a fitava com absoluta incredulidade.

- Por que iria embora? Não gosta daqui?

- Gosto muito. Gostaria de continuar na WTE, mas quero ser correspondente estrangeira.

- É uma vida miserável, Dana. Por que gostaria de fazer isso?

- Porque estou cansada de ouvir o que celebridades querem cozinhar para o jantar e como conheceram seu quinto marido. Há guerras por aí, pessoas sofrendo e morrendo. O mundo não se importa nem um pouco. Quero fazer com que as pessoas se importem. - Ela respirou fundo.

- Sinto muito mas não posso continuar aqui.

Dana levantou-se e encaminhou-se para a porta.

- Ei, espere aí! Tem certeza de que é isso mesmo o que quer fazer?

- É o que sempre quis fazer.

Ele ficou pensativo por um momento.

- Para onde você quer ir?

Dana levou algum tempo para absorver a implicação daquelas palavras. Quando finalmente recuperou a voz, murmurou apenas uma palavra.

- Sarajevo.

Ser governador era ainda mais emocionante do que Oliver Russell imaginara. O poder era uma amante sedutora, e Oliver adorou. Suas decisões influenciavam as vidas de centenas de milhares de pessoas. Tornou-se hábil em manipular o poder legislativo estadual, e seu prestígio e reputação se expandiam cada vez mais. Estou realmente dando minha contribuição, pensava Oliver, feliz. Não esquecia as palavras do senador Davis: Isto é apenas um degrau, Oliver. Tome muito cuidado.

E ele era cuidadoso. Teve diversas ligações amorosas, mas foram todas conduzidas com a maior discrição. Sabia que não podia ser de outra forma.

De vez em quando, Oliver telefonava para o hospital, indagando sobre o estado de Miriam.

- Ela continua em coma, governador.

- Mantenham-me informado.

Um dos deveres de Oliver como governador do Estado era o de oferecer jantares oficiais. Os convidados eram partidários, personalidades do esporte e do show business, pessoas com influência política e autoridades visitantes. Jan era uma anfitriã graciosa e Oliver gostava da maneira como as pessoas reagiam a ela.

Um dia, Jan comunicou a Oliver:

- Acabei de falar com papai. Ele vai oferecer uma recepção em sua casa no próximo fim de semana. Gostaria que fôssemos. Lá estarão algumas pessoas que ele quer apresentar a você.

Naquele sábado, na suntuosa mansão do senador Davis em Georgetown, Oliver viu-se apertando as mãos de algumas das pessoas mais importantes em Washington. Foi uma linda festa e Oliver adorou.