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- Está se divertindo, Oliver?

- Estou, sim. É uma festa maravilhosa. Não poderia desejar nada melhor.

- Por falar em desejos, isso me lembra de uma coisa - disse Peter Tager.

- Outro dia, Elizabeth, minha filha de seis anos, estava rabugenta e não queria se vestir. Betsy começava a ficar desesperada. Elizabeth fitou-a e disse: "Mamãe em que está pensando?" Betsy respondeu: "Meu bem eu apenas desejava que você estivesse de bom humor, que se vestisse logo e comesse o seu desjejum, como uma boa menina." E Elizabeth declarou: "Mamãe, seu desejo não foi concedido!" Não é sensacional? Essas crianças são fantásticas. Até mais tarde, governador.

Um casal passou pela porta nesse instante e o senador Davis foi cumprimentá-lo. O embaixador italiano, Atilio Picone, era uma figura imponente, na casa dos sessenta anos, com feições morenas sicilianas. Sua esposa, Sylvia, era uma das mulheres mais lindas que Oliver já vira. Fora uma atriz antes de casar com Atilio, e ainda era popular na Itália. Oliver podia entender por quê. Tinha olhos castanhos grandes e sensuais, o rosto de uma madona, o corpo voluptuoso de um modelo Ruben. Era 25 anos mais moça do que o marido. O senador Davis levou os dois até Oliver e apresentou-os.

- É um prazer conhecê-los - disse Oliver.

Ele não conseguia desviar os olhos da mulher.

Ela sorriu.

- Tenho ouvido falar muito a seu respeito.

- Nada ruim, espero.

- Eu...

O marido interveio:

- O senador Davis fala muito bem de você.

Oliver lançou um olhar para Sylvia.

- Sinto-me lisonjeado.

O senador Davis afastou-se com o casal. Quando tornou a se encontrar com Oliver, ele comentou:

- Isso está fora dos seus limites, governador. Fruto proibido. Dê uma mordida e poderá dar um beijo de despedida em seu futuro.

- Relaxe, Todd. Eu não estava...

- Falo sério. Você pode alienar dois países ao mesmo tempo.

Ao final da noite, quando Sylvia e o marido foram embora, Atilio disse:

- Foi um prazer conhecê-lo.

- O prazer foi meu.

Sylvia apertou a mão de Oliver e murmurou:

- Aguardamos ansiosos a oportunidade de revê-lo.

Os olhos dos dois se encontraram.

- Eu também.

E Oliver pensou: Devo ter o maior cuidado.

Duas semanas depois, em Frankfort, Oliver trabalhava em seu gabinete quando a secretária avisou pelo interfone:

- O senador Davis está aqui e deseja lhe falar.

- O senador Davis está aqui?

- Sim, senhor.

- Mande-o entrar.

Oliver sabia que o sogro lutava por um projeto importante em Washington, e se perguntou o que o trouxera a Frankfort. A porta foi aberta e o senador entrou. Peter Tager o acompanhava. O senador Todd Davis sorriu e passou o braço pelos ombros de Oliver.

- É um prazer tornar a vê-lo, governador.

- O prazer é todo meu, Todd. - Oliver olhou para Peter Tager. - Bom dia, Peter.

- Bom dia, Oliver.

- Espero não estar incomodando - acrescentou o senador Davis.

- Claro que não. Nem um pouco. Há... alguma coisa errada?

O senador Davis olhou para Tager e sorriu.

- Ora, não creio que se possa dizer que haja alguma coisa errada, Oliver. Ao contrário, eu diria que está tudo bem.

Oliver estudava os dois, perplexo.

- Não estou entendendo.

- Tenho boas notícias para você, filho. Podemos sentar?

- Oh, desculpem! Gostariam de tomar alguma coisa? Café? Uísque?

- Nada. Já estamos bastante estimulados.

Mais uma vez, Oliver se perguntou o que estaria acontecendo.

- Acabo de chegar de Washington. Há um grupo muito influente lá que pensa que você será o nosso próximo presidente.

Oliver sentiu um pequeno arrepio percorrê-lo.

- Eu... é mesmo?

- Para dizer a verdade, vim para cá porque chegou o momento de iniciarmos sua campanha. Faltam menos de dois anos para a eleição.

- É a ocasião oportuna - declarou Peter Tager, com evidente entusiasmo. - Antes de acabarmos, todos no mundo saberão quem é você.

O senador Davis acrescentou:

- Peter vai assumir o comando de sua campanha. Cuidará de tudo para você. Sabe que não poderá encontrar ninguém melhor.

Oliver olhou para Tager e disse, efusivo:

- Concordo plenamente.

- Será um prazer. Vamos nos divertir um bocado, Oliver.

Oliver virou-se para o senador Davis.

- Não vai custar muito dinheiro?

- Não se preocupe com isso. Você irá de primeira classe por todo o percurso. Convenci alguns amigos de que é o homem em quem devem investir seu dinheiro. - Ele inclinou-se para a frente.

- Não se subestime, Oliver. A pesquisa que saiu há dois meses o relacionou como o terceiro mais eficiente governador do país. E você tem uma coisa que e os outros não possuem. Já lhe disse isso antes... carisma. É algo que o dinheiro não pode comprar. As pessoas gostam de você... e votarão em você.

Oliver se sentia cada vez mais excitado.

- Quando começamos?

- Já começamos - respondeu o senador Davis.

- Vamos formar uma grande equipe de campanha, e começaremos a mobilizar delegados em todo o país.

- Em termos realistas, quais são as minhas chances?

- Nas primárias, você vai explodir todos os adversários -

garantiu Tager. - Na eleição geral, o presidente Norton está com o prestígio em alta. Se você tivesse de concorrer contra ele, não seria fácil vencê-lo. A boa notícia é que ele não vai concorrer, já que está no seu segundo mandato. Já o vice-presidente Cannon é uma pálida sombra. Um pouco de sol o fará desaparecer.

A reunião se prolongou por quatro horas. Quando acabou, o senador Davis disse a Tager:

- Peter, pode nos dar licença por um minuto?

- Pois não, senador.

Os dois observaram-no deixar a sala. Só depois é que o senador declarou:

- Tive uma conversa com Jan esta manhã.

Oliver sentiu um calafrio de alarme.

- É mesmo?

O senador Davis fitou-o nos olhos e sorriu.

- Ela está muito feliz.

Oliver deixou escapar um suspiro de alívio.

- Fico contente por isso.

- Eu também, filho, eu também. Mas não deixe de manter o fogo doméstico aceso. Entende o que estou querendo dizer, não é mesmo?

- Não se preocupe com isso, Todd. Eu...

O sorriso do senador Davis se desvaneceu.

- Claro que me preocupo, Oliver. Não posso culpá-lo por ter tesão... mas não deixe que isso o transforme num sapo.

Atravessando o corredor da sede do governo estadual, o senador Davis disse a Peter Tager:

- Quero que comece a recrutar a equipe. Não poupe nas despesas. De saída, vamos instalar escritórios de campanha em Nova York, Washington, Chicago e São Francisco. As primárias começam dentro de doze meses. A convenção será daqui a dezoito meses. Depois disso, devemos ter um vôo tranqüilo. - Eles chegaram ao carro.

- Acompanhe-me até o aeroporto, Peter.

- Ele dará um maravilhoso presidente.

O senador Davis acenou com a cabeça. E eu o terei no meu bolso, pensou ele. Será o meu fantoche. Mexerei os dedos e o presidente dos Estados Unidos falará.

O senador tirou do bolso uma caixa de charutos de ouro.

- Aceita um charuto?

As primárias em todo o país começaram muito bem. O senador Davis estava certo sobre Peter Tager. Era um dos melhores supervisores políticos do mundo, e criou uma organização magnífica. Como Tager era um homem dedicado à família e profundamente religioso, atraía a direita religiosa. Como sabia o que fazia a política funcionar, era também capaz de persuadir os liberais a pôr de lado as divergências e trabalharem juntos. Peter Tager era um brilhante executivo de campanha, e sua venda preta sobre um olho tornou-se uma presença familiar nas redes de televisão.

Tager sabia que para ter êxito Oliver precisaria chegar à convenção com um mínimo de duzentos votos de delegados. Tencionava cuidar para que Oliver o conseguisse.