Выбрать главу

Era uma das posições de maior prestígio na televisão americana. O rosto de Dana se iluminou.

- Claro!

Leslie acenou com a cabeça.

- O lugar é seu.

Dana levantou-se.

- Há... obrigada de novo.

- Boa sorte.

Dana e Matt deixaram a sala.

- Vamos instalá-la logo de uma vez - disse Matt. Ele levou-a para o prédio da televisão, onde toda a equipe a esperava para cumprimentá-la. Dana levou quinze minutos para falar com todo mundo. Depois, Matt anunciou para Philip Cole:

- Esta é a sua nova correspondente na Casa Branca.

- Sensacional! Vou mostrar sua sala.

- Já almoçou? - perguntou Matt a Dana.

- Não. Eu...

- Por que não vamos comer alguma coisa?

O restaurante executivo ficava no quinto andar, espaçoso e arejado, com duas dúzias de mesas. Matt levou Dana para uma mesa no canto.

- A srta. Stewart me pareceu muito simpática - comentou Dana.

Matt fez menção de dizer alguma coisa, mas mudou de idéia.

- É, sim. Vamos pedir.

- Não estou com fome.

- Não almoçou?

- Não.

- Não comeu nada no desjejum?

- Não.

- Dana... quando foi a última vez que você comeu?

Ela sacudiu a cabeça.

- Não me lembro. E não é importante.

- Errado. Não posso permitir que nossa nova correspondente na Casa Branca passe fome até a morte.

O garçom aproximou-se da mesa.

- Está pronto para pedir, sr. Baker?

- Estou, sim. - Ele deu uma olhada no cardápio. Vamos começar bem leve. A srta. Evans vai querer um sanduíche de bacon, alface e tomate. - Matt fez uma pausa, olhou para Dana. - Torta ou sorvete?

- Não que...

- Uma torta da casa. E eu quero um sanduíche de rosbife.

- Pois não, senhor.

Dana olhou ao redor.

- Tudo isto parece irreal. A vida é o que acontece por lá, Matt. É horrível. E ninguém aqui se importa.

- Não diga isso. Claro que nos importamos. Mas não podemos dirigir o mundo, não podemos controlá-lo.

Fazemos o melhor que podemos.

- Não é suficiente! - exclamou Dana, veemente.

- Dana...

Matt não continuou. Ela se encontrava longe dali, ouvindo sons distantes que ele não podia escutar, contemplando cenas macabras que ele não podia ver. Os dois permaneceram em silêncio até que o garçom trouxe a comida.

- Aqui está.

- Matt, não estou realmente com fo...

- Mas vai comer - ordenou ele.

Jeff Connors aproximou-se da mesa.

- Oi, Matt.

- Jeff.

Jeff Connors olhou para Dana.

- Olá.

Matt apresentou:

- Dana, esse é Jeff Connors, editor de esportes do Tribune.

Dana acenou com a cabeça.

- Sou seu grande fã, srta. Evans. Estou contente que tenha escapado de lá sã e salva.

Dana tornou a acenar com a cabeça.

- Gostaria de se juntar a nós, Jeff? - convidou Matt.

- Adoraria. - Ele sentou-se e disse a Dana:

- Eu fazia um esforço para nunca perder suas transmissões. Achava-as brilhantes.

- Obrigada - murmurou Dana.

- Jeff é um dos nossos grandes atletas. Está na Galeria da Fama do Beisebol.

Outro pequeno aceno de cabeça.

- Se por acaso estiver livre na sexta-feira - disse Jeff - o Orioles vai jogar contra o Yankees em Baltimore. É um.

Dana virou a cabeça para fitá-lo pela primeira vez.

- Parece bastante emocionante. O objetivo do jogo rebater a bola e depois correr pelo campo, enquanto o outro lado tenta detê-lo?

Ele fitou-a com uma expressão cautelosa.

- Bom...

Dana levantou-se, a voz trêmula.

- Vi pessoas correndo por um campo... mas corriam por suas vidas, porque alguém atirava contra elas, querendo mata-las! - Ela estava à beira da histeria.

- Não era um jogo e... nada tinha a ver com a estupidez do beisebol!

As outras pessoas no restaurante viraram-se para observá-la.

- Você pode ir para o inferno! - soluçou Dana.

E ela saiu correndo do restaurante. Jeff olhou para Matt.

- Sinto muito. Não tive a intenção...

- Não foi culpa sua. Ela ainda não voltou para casa. E Deus sabe que tem direito a um bom ataque de nervos.

Dana entrou apressada em sua sala e bateu a porta. Sentou-se à mesa, fazendo um esforço para reprimir a histeria. Oh, Deus, banquei a idiota total! Por que ataquei aquele homem? Como fui capaz de fazer uma coisa tão horrível? Não pertenço a este lugar. Não pertenço mais a qualquer lugar. Ela ficou sentada, com a cabeça na mesa, chorando.

Poucos minutos depois, a porta foi aberta e alguém entrou. Dana levantou os olhos. Era Jeff Connors, carregando uma bandeja com um sanduíche de bacon, alface e tomate, além de uma fatia de torta.

- Esqueceu seu almoço - murmurou ele.

Dana removeu as lágrimas, mortificada.

- Eu... quero pedir desculpas. Sinto muito. Não tinha o direito...

- Tinha todo o direito. Além do mais, quem precisa assistir a um estúpido jogo de beisebol?

- Jeff pôs a bandeja na mesa.

- Posso acompanhá-la no almoço? - Ele sentou-se.

- Obrigada, mas não estou com fome.

Jeff suspirou.

- Está me deixando numa situação difícil, srta. Evans. Matt diz que tem de comer. Não quer que eu seja despedido não é?

Dana conseguiu dar um sorriso.

- Não.

Ela pegou metade do sanduíche e deu uma mordida pequena.

- Maior.

Dana deu outra mordida pequena.

- Maior.

Ela fitou-o.

- Vai mesmo me obrigar a comer isto, não é?

- Pode apostar que sim. - Ele observou-a dar uma mordida maior no sanduíche.

- Assim é melhor. Por fala nisso, se não tem nenhum compromisso para a noite de sexta-feira, não sei se já mencionei, mas vai haver um jogo entre o Orioles e o Yankees. Gostaria de ir?

Ela fitou-o nos olhos e acenou com a cabeça.

- Gostaria.

As três horas daquela tarde, quando Dana chegou à Casa Branca, o guarda disse:

- O sr. Tager gostaria de lhe falar, srta. Evans. Pedirei a alguém para levá-la à sala dele.

Poucos minutos depois, um dos guias levou Dana por um longo corredor até a sala de Peter Tager. Ele a esperava.

- Sr. Tager...

- Não imaginava que a veria tão cedo, srta. Evans. Sua emissora não vai lhe dar nenhum tempo de folga?

- Eu não quis - explicou Dana.

- Preciso trabalhar.

- Sente-se, por favor.

Ela sentou-se diante da mesa.

- Posso lhe oferecer alguma coisa?

- Não, obrigada. Acabei de almoçar. - Dana sorriu para si mesma ao recordar Jeff Connors.

- Sr. Tager, quero lhe agradecer e ao presidente Russell por me salvarem. - Ela hesitou.

- Sei que o Tribune não tem sido muito delicado com o presidente e...

Peter Tager ergueu a mão.

- Era uma questão acima da política. Não havia a menor possibilidade do presidente permitir que fizessem uma coisa dessas. Conhece a história de Helena de Tróia?

- Conheço.

Ele sorriu.

- Poderíamos ter iniciado uma guerra por sua causa. É uma pessoa muito importante.

- Não me sinto muito importante.

- Quero que saiba que o presidente e eu ficamos bastante satisfeitos com sua indicação para cobrir a Casa Branca.

- Obrigada.

Tager fez uma pausa.

- É lamentável que o Washington Tribune não goste do presidente Russell, mas não há nada que possamos fazer a respeito. Apesar disso, porém, num nível muito pessoal, se houver alguma coisa que o presidente ou eu possamos fazer para ajudar... ambos temos a maior consideração por sua pessoa.

- Obrigada.

A porta foi aberta nesse instante e Oliver entrou. Dana e Peter Tager se levantaram.

- Sentem-se. - Oliver foi até Dana.

- Seja bem-vinda.

- Obrigada, sr. presidente. De verdade.., muito obrigada.

Oliver sorriu.

- Se você não pode salvar a vida de alguém, qual o sentido de ser presidente? Quero ser franco, srta. Evans, ninguém aqui é fã do seu jornal. Mas todos nós somos seus fãs.