É um anel de turma da Denver High. Tem as iniciais, EY - Ele virou-se para seu parceiro.
- Verifique. Telefone para a escola e descubra quem é ela. Temos de obter uma identificação o mais depressa possível.
O detetive Ed Nelson, um dos técnicos em impressões digitais, aproximou-se do detetive Reese.
- Há uma coisa esquisita aqui, Nick. Estamos encontrando impressões digitais por toda parte, mas alguém se deu ao trabalho de limpar todas as maçanetas.
- O que significa que havia alguém com ela aqui no momento da morte. Por que - ele não chamou um médico? Por que se deu ao trabalho de limpar as impressões digitais?
E o que uma moça tão jovem faz numa suíte tão cara?
Ele virou-se para Robinson.
- Como a suíte foi paga?
- Nossos registros indicam que foi paga em dinheiro. Um mensageiro trouxe o envelope. A reserva foi feita pelo telefone.
A médica-legista interveio:
- Já podemos remover o corpo agora, Nick?
- Só mais um instante. Encontrou marcas de violência?
- Só o trauma na testa. Mas é claro que ainda faremos a autópsia.
- Marcas de picadas?
- Não. Ela tem os braços e pernas limpos.
- A impressão é de que foi estuprada?
- Teremos de verificar.
O detetive Reese suspirou.
- Então o que temos aqui é uma colegial de Denver que vem a Washington e acaba morrendo num dos mais dispendiosos hotéis da cidade. Alguém limpa suas impressões digitais e desaparece. Toda a coisa fede. Quero saber quem alugou esta suíte. - Ele virou-se para a legista.
- Pode levá-la agora. - Reese olhou para o detetive Nelson.
- Verificou as impressões digitais no elevador privativo?
- Verifiquei. O elevador desce da suíte direto para a garagem subterrânea. Só tem dois botões. Ambos foram limpos.
- Examinou a garagem?
- Claro. Não há nada de estranho por lá.
- Quem fez isso teve o maior trabalho para encobrir suas pegadas. Ou é alguém com ficha na polícia, ou um VIP se divertindo com uma colegial. - Ele virou-se para Robinson.
- Quem costuma alugar esta suíte?
Robinson respondeu com evidente relutância:
- É reservada para os nossos hóspedes mais importantes. Reis, primeiros-ministros... - ele hesitou. - presidentes.
- Foi feita alguma ligação deste telefone nas últimas vinte e quatro horas?
Não sei.
O detetive Reese estava começando a se irritar.
- Mas haveria um registro, se foi feita alguma?
- Claro.
O detetive Reese pegou o telefone.
- Telefonista, aqui é o detetive Nick Reese. Quero saber se foi feita alguma ligação da Suíte Imperial nas últimas vinte e quatro horas... Eu espero.
Ele observou os homens de jaleco branco da equipe da médica-legista cobrirem a moça nua com um lençol e ajeitarem o corpo numa maca. Ela nem começara ainda a viver, pensou Reese. Ele ouviu a voz da telefonista:
- Detetive Reese?
- Pois não?
- Houve uma ligação da suíte ontem. Era uma chamada local.
Reese pegou um bloco e uma caneta.
- Qual foi o número?... Quatro-cinco-seis-sete-zero-quatro-um?...
Reese anotou os números, mas parou abruptamente. Ficou olhando aturdido para o bloco.
- Oh, merda!
- Qual é o problema? - perguntou o detetive Nelson.
Reese levantou os olhos.
- Este é o número da Casa Branca.
Na manhã seguinte, ao desjejum, Jan perguntou:
- Onde esteve na noite passada, Oliver?
O coração de Oliver disparou. Mas ela não podia saber o que acontecera. Ninguém podia. Absolutamente ninguém.
- Eu me reuni com...
Jan não o deixou continuar:
- A reunião foi cancelada. Mas você não voltou até três horas da madrugada. Tentei localizá-lo. Onde estava?
- Surgiu um problema. Por quê? Você precisava... ? Houve alguma coisa errada?
- Não tem mais importância agora - disse Jan, cansada.
- Oliver, você não está apenas me magoando, mas também prejudicando a si mesmo. Chegou até aqui. Não quero vê-lo perder tudo porque... porque não consegue...
Os olhos de Jan ficaram marejados de lágrimas. Oliver levantou-se e foi abraçá-la.
- Está tudo bem, Jan. Eu a amo demais.
E amo mesmo, à minha maneira, pensou Oliver. O que aconteceu ontem à noite não foi culpa minha. Foi ela quem me chamou. Mas eu nunca deveria ter atendido. Ele tomara todas as precauções possíveis para não ser visto. Estou são e salvo, concluiu Oliver.
Peter Tager estava preocupado com Oliver. Aprendera que era impossível controlar a libido de Oliver Russell e finalmente fizera um acordo. Em algumas noites, Peter Tager providenciava reuniões fictícias para o presidente comparecer, fora da Casa Branca, e providenciava para que a escolta do Serviço Secreto desaparecesse por umas poucas horas. Quando Peter Tager procurara o senador Davis para se queixar do que estava acontecendo, o senador lhe dissera, calmamente:
- Afinal, Peter, Oliver é um homem de sangue muito quente. As vezes é impossível controlar paixões assim. Admiro profundamente seu senso moral, Peter. Sei o quanto a família significa para você e como o comportamento do presidente lhe deve ser desagradável. Mas não vamos julgá-lo. Apenas continue a providenciar para que tudo seja feito com a maior discrição.
O detetive Nick Reese detestava entrar na sala de autópsia, de paredes brancas, inóspita. Recendia a formol e morte. Quando passou pela porta, a legista, Helen Chuan, uma mulher pequena e atraente, já o esperava.
- Bom dia - disse Reese. - já terminou a autópsia?
- Tenho um relatório preliminar para você, Nick. A moça não morreu do ferimento na cabeça. Tinha sofrido uma parada cardíaca antes de bater na mesa. Morreu de uma overdose de metilenedioximetanfetamina.
Ele suspirou.
- Não faça isso comigo, Helen.
- Desculpe. Nas ruas, é o que se costuma chamar de ecstasy. - Ela estendeu um relatório de autópsia. - Aqui está o que temos até agora.
PROTOCOLO DE AUTÓPSIA.
NOME DA VÍTIMA: IDENTIDADE DESCONHECIDA, FICHA NC-L961
SUMÁRIO ANATÔMICO
I. CARDIOMIOPATIA DILATADA E HIPERTRÓFICA
A. CARDIOMEGALIA (750 GM)
B. HIPERTROFIA VENTRICULAR ESQUERDA, CORAÇÃO (2,3 CM)
C. HEPATOMEGALIA CONGESTIVA (2750 GM)
D. BAÇOMEGALIA (350 MG)
II. INTOXICAÇÃO NARCÓTICA AGUDA
A. CONGESTÃO PASSIVA AGUDA, TODAS AS VÍSCERAS
III. TOXICOLOGIA (VER RELATÓRIO SEPARADO)
IV, HEMORRAGIA CEREBRAL (VER RELATóRIO SEPARADO)
CONCLUSÃO: (CAUSA DA MORTE)
CARDIOMIOPATIA DILATADA E HIPERTRÓFICA
INTOXICAÇÃo NARCÓTICA AGUDA
Nick Reese levantou os olhos.
- Portanto, se tudo isto for traduzido para uma linguagem normal, ela morreu de uma overdose de ecstasy?
- Isso mesmo.
- Foi sexualmente agredida?
Helen Chuan hesitou.
- O hímen foi rompido, havia vestígios de sêmen e um pouco de sangue nas coxas.
- Portanto, foi estuprada.
- Não creio.
- Como assim? - indagou Reese, franzindo o rosto.
- Não havia sinais de violência.
O detetive Reese ficou perplexo.
- O que está querendo dizer?
- Acho que a moça era virgem. Essa foi a sua primeira experiência sexual.
O detetive Reese ficou imóvel, digerindo a informação.
Alguém conseguira persuadir uma virgem a subir para a Suíte Imperial e fazer sexo. Tinha de ser alguém que ela conhecia. Ou alguém famoso ou poderoso.
O telefone tocou. Helen Chuan atendeu.
- Centro de autópsia. - Ela ouviu por um momento, depois estendeu o fone para o detetive.
- É para você.
Nick Reese pegou o telefone.
- Reese. - Seu rosto se animou. - Ah, sim, sra. Holbrook. Obrigado por me telefonar. É um anel de turma da sua escola, com as iniciais PY. Tem alguma aluna com essas iniciais?... Eu agradeceria. Obrigado. Ficarei esperando.