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- Ele olhou para a legista. - Tem certeza de que ela não foi estuprada?

- Não encontrei sinais de violência. Nenhum.

- Ela poderia ter sido penetrada depois que morreu?

- Eu diria que não.

A sra. Holbrook voltou ao telefone.

- Detetive Reese?

- Estou ouvindo.

- Segundo nosso computador, temos uma aluna com as iniciais PY Seu nome é Pauline Ybung.

- Poderia descrevê-la, sra. Holbrook?

- Pois não. Pauline tem dezoito anos, é baixa e corpulenta, cabelos escuros...

- Hum... - A moça errada.

- E é a única?

- A única mulher.

Reese entendeu no mesmo instante.

- Quer dizer que há um rapaz com essas iniciais?

- Isso mesmo. Paul Yerby. E por acaso Paul se encontra em Washington neste momento.

O coração de Reese passou a bater mais depressa.

- Ele está aqui?

- Está, sim. Uma turma de alunos do Denver High foi a Washington para visitar a Casa Branca, o Congresso...

- E todos se encontram na cidade neste momento?

- Isso mesmo.

- Por acaso sabe onde se hospedam?

- No Hotel Lombardy. Deram-nos um desconto especial de grupo ali. Falei com vários outros hotéis, mas não quiseram...

- Muito obrigado, sra. Holbrook. Agradeço a sua cooperação.

Nick Reese desligou e olhou para a legista.

- Pode me avisar quando a autópsia estiver pronta, Helen?

- Claro. Boa sorte, Nick.

Ele acenou com a cabeça.

- Acho que terei.

O Hotel Lombardy fica na Pennsylvania Avenue, a dois quarteirões de Washington Circle e a uma distância de se percorrer a pé da Casa Branca, alguns monumentos e uma estação do metrô. O detetive Reese entrou no saguão antiquado e foi até a recepção.

- Tem um estudante chamado Paul Yérby hospedado aqui?

- Desculpe, mas não damos...

Reese mostrou sua insígnia.

- Estou com pressa, amigo.

- Pois não, senhor. - O recepcionista procurou no registro. - Há um sr. Yerby no quarto 315. Devo ... ?

- Não. Farei uma surpresa. Fique longe do telefone.

Reese entrou no elevador, saltou no terceiro andar, seguiu pelo corredor. Parou diante do quarto 315. Podia ouvir vozes lá dentro. Desabotoou o botão do paletó e bateu na porta. Foi aberta por um rapaz ao final da adolescência.

- Pois não?

- Paul Yerby?

- Não. - O garoto virou-se para alguém no quarto. Paul, tem um homem aqui querendo falar com você.

Nick Reese entrou no quarto. Um rapaz magro, de cabelos desgrenhados, usando jeans e uma suéter, saía do banheiro.

- Paul Yerby?

- Isso mesmo. Quem é você?

Reese mostrou sua insígnia da polícia.

- Detetive Nick Reese. Homicídios.

o garoto ficou pálido.

- Eu... o que deseja?

Nick Reese pôde farejar o medo. Tirou do bolso o anel da moça morta e estendeu-o.

- Já viu este anel antes, Paul?

- Não - respondeu Yerby, depressa demais.

- Eu...

- Tem suas iniciais.

- É mesmo? Há... - ele hesitou. - Talvez seja meu. Devo ter perdido em algum lugar.

- Ou deu a alguém?

O garoto passou a língua pelos lábios.

- Há... É possível.

- Vamos para a delegacia, Paul.

O garoto estava nervoso.

- Vai me prender?

- Algum motivo para isso? - perguntou o detetive Reese.

- Por acaso cometeu um crime?

- Claro que não. Eu... - ele não foi capaz de continuar.

- Então por que eu o prenderia?

- Há... não sei. Também não sei por que quer me levar para a delegacia.

Ele olhava para a porta aberta. O detetive Reese pegou-o pelo braço:

- Vamos quietinho.

O outro rapaz indagou:

- Quer que eu telefone para sua mãe ou para outra pessoa, Paul?

Paul Yerby sacudiu a cabeça, desesperado.

- Não precisa. Não ligue para ninguém. Sua voz era um sussurro.

O Edifício Henry I. Daly, na Indiana Avenue, NW, 300, no centro de Washington, é uma construção despretensiosa de seis andares e serve como chefatura de polícia.

O escritório da Homicídios fica no terceiro andar. Enquanto Paul Yerby era fotografado e tirava as impressões digitais, o detetive Reese foi falar com o capitão Otto Miller.

- Acho que temos uma abertura no caso do Monroe Arins.

Miller recostou-se na cadeira.

- Continue.

- Peguei o namorado da garota. Ele está apavorado. Vamos interrogá-lo agora.

- Quer acompanhar?

O capitão Miller acenou com a cabeça para uma pilha de papéis em sua mesa.

- Estarei ocupado nos próximos meses. Mande-me um relatório.

- Certo. - O detetive Reese encaminhou-se para a porta.

- Nick... não se esqueça de ler os direitos dele.

Paul Yerby foi levado para uma sala de interrogatório. Era pequena, três por quatro metros, com uma mesa escalavrada, quatro cadeiras e uma câmera de vídeo. Havia um espelho de fundo falso, para que policiais pudessem acompanhar o interrogatório da sala ao lado. Paul Yerby fitava Nick Reese e dois outros detetives, Doug Hogan e Edgar Bernstein.

- Sabe que estamos gravando esta conversa em videoteipe? - perguntou Reese.

- Sim, senhor.

Tem direito à presença de um advogado. Se não puder contratá-lo, o Estado designará um para representá-lo.

- Gostaria de ter um advogado presente? - indagou Bernstein.

- Não preciso de um advogado.

- Muito bem. Você tem o direito de permanecer calado. Se renunciar a esse direito, qualquer coisa que disser aqui poderá ser usada contra você no tribunal. Entendido?

- Sim, senhor.

- Qual é o seu nome legal?

- Paul Yerby.

- Endereço.

- Marian Street, 320, Denver, Colorado. Não fiz nada de errado. Eu...

- Ninguém disse que fez. Só estamos tentando obter algumas informações, Paul.

Gostaria de nos ajudar, não é mesmo?

- Claro, mas... Não sei qual é o problema.

- Não tem nenhuma idéia?

- Não, senhor.

- Tem namoradas, Paul?

- Ora, vocês sabem...

- Não, Paul, não sabemos. Por que não nos conta?

- Claro. Saio com garotas...

- Está querendo dizer que marca encontros e sai com garotas a sós?

- Isso mesmo.

- Costuma sair mais com alguma garota em particular? Houve um momento de silêncio.

- Tem uma namorada, Paul?

- Tenho.

- Como ela se chama? - perguntou o detetive Bernstein.

- Chloe.

- Chloe o quê - indagou o detetive Reese.

- Chloe Houston.

Reese escreveu uma anotação.

- Qual é o endereço dela, Paul?

- Oak Street, 602, Denver.

- Como se chamam os pais dela?

- Ela vive com a mãe.

- E o nome da mãe?

- Jackie Houston. Ela é governadora do Colorado.

Os detetives trocaram um olhar. Merda! Isso é tudo o que precisamos!

Reese suspendeu o anel.

- Este anel é seu, Paul?

O rapaz estudou-o por um momento, depois murmurou, relutante:

- É, sim.

- Deu este anel a Chloe?

Ele engoliu em seco, nervoso.

- Eu... acho que sim.

- Não tem certeza?

- Estou lembrando agora. Dei, sim.

- Veio a Washington com alguns colegas, certo? Um grupo da escola?

- Isso mesmo.

- Chloe fazia parte desse grupo?

- Sim.

- Onde está Chloe agora, Paul? - perguntou o detetive Bernstein.

- Eu... não sei.

- Quando a viu pela última vez? - indagou Hogan.

- Acho que há uns dois dias.

- Dois dias? - repetiu Reese.

- Isso mesmo.

- E onde foi? - perguntou Bernstein.

- Na Casa Branca.

Os detetives trocaram um olhar de surpresa.

- Ela esteve na Casa Branca? - indagou Reese.

- Sim, senhor. Fomos até lá numa excursão particular. A mãe de Chloe arrumou.

- E Chloe foi com vocês? - perguntou o detetive Hogan.

- Sim, senhor.