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Dez minutos depois, Frank Lonergan seguia para o aeroporto nacional. Chegou atrasado.

Quando os passageiros desciam do avião, Lonergan avistou Peter Tager se encaminhar para uma loura atraente, na casa dos quarenta anos, e cumprimentá-la. Os dois conversaram por um momento, e depois Tager levou-a para uma limusine à espera.

Observando à distância, Lonergan pensou: Tenho de conversar com aquela mulher.

Ele voltou para a cidade, fazendo ligações pelo telefone do carro. Na terceira ligação, descobriu que a governadora Houston era esperada no Four Seasons Hotel.

Quando Jackie Houston foi introduzida na sala particular, ao lado do Salão Oval, encontrou Oliver Russell à espera. Ele pegou as mãos dela e murmurou:

- Lamento profundamente, Jackie. Não há palavras.

Quase dezessete anos haviam transcorrido desde que ele a vira pela última vez. Tinham se conhecido numa convenção de advogados em Chicago. Ela acabara de sair da faculdade. Era jovem, atraente e ansiosa, os dois tiveram uma ligação breve e ardente. Há dezessete anos. E Chloe tinha dezesseis anos.

Oliver não ousou fazer a Jackie a pergunta que havia em sua mente. Não quero saber. Olharam um para o outro em silêncio e, por um momento, Oliver pensou que ela falaria do passado. Desviou os olhos. Mas Jackie Houston disse:

- A polícia acha que Paul Yerby teve alguma coisa a ver com a morte de Chloe.

- Isso mesmo.

- Não teve.

- Não?

- Paul era apaixonado por Chloe. Nunca lhe faria qualquer mal.

A voz de Jackie tremia.

- Eles... eles iam casar um dia.

- Segundo minhas informações, Jackie, encontraram as impressões digitais do rapaz no quarto de hotel em que ela foi morta.

- Os jornais disseram que aconteceu... na Suíte Imperial do Monroe Arms - murmurou Jackie Houston.

- É verdade.

- Oliver, Chloe recebia uma pequena mesada. O pai de Paul era um escriturário aposentado. De onde Chloe tirou o dinheiro para a Suíte Imperial?

- Eu... eu não sei.

- Alguém precisa descobrir. Não irei embora até saber quem é o responsável pela morte de minha filha. - Ela franziu

o rosto.

- Chloe tinha uma visita a você marcada para aquela tarde. Chegou a vê-la?

- Não... mas bem que gostaria. Infelizmente, surgiu uma emergência e... - houve uma breve hesitação. -...tive de cancelar o encontro.

Num apartamento no outro lado da cidade, deitados na cama, os corpos nus comprimidos, ele pôde sentir a tensão na mulher.

- Você está bem, Joann?

- Estou, sim, Alex.

- Parece longe daqui, meu bem. Em que pensa?

- Nada - respondeu Joann McGrath.

- Nada?

- Para dizer a verdade, eu pensava naquela pobre moça que foi assassinada no hotel.

- Li as notícias. Ela era filha de alguma governadora.

- Isso mesmo.

- A polícia já sabe com quem ela estava?

- Não. Estiveram no hotel, interrogando todo mundo.

- Você também?

- Eu também. Mas só pude falar sobre o telefonema.

- Que telefonema?

- O que alguém na suíte deu para a Casa Branca.

Ele ficou subitamente imóvel. Depois de um instante, comentou em tom casuaclass="underline"

- Isso não significa nada. Todo mundo gosta de ligar para a Casa Branca. Faça isso de novo, meu bem. Tem mais mel para passar?

Frank Lonergan acabara de voltar à sua sala do aeroporto quando o telefone tocou.

- Lonergan.

- Olá, sr. Lonergan. Aqui é Garganta Rasa. - Alex Cooper, um parasita insignificante, que se fantasiava como um informante da categoria de Watergate.

Era sua idéia de uma piada.

- Ainda paga por dicas quentes?

- Depende da temperatura.

- Esta vai queimar seu rabo. Quero cinco mil dólares.

- Adeus.

- Espere um pouco. Não desligue. É sobre a garota que foi assassinada no Monroe Arms.

Frank Lonergan ficou interessado no mesmo instante.

- O que tem sobre ela?

- Podemos nos encontrar em algum lugar?

- Eu o verei no Ricco's dentro de meia hora.

Às duas horas da tarde, Frank Lonergan e Alex Cooper estavam sentados num reservado no Ricco's. Alex Cooper era magro e insidioso, e Lonergan detestava fazer negócios com ele. Não sabia de onde Cooper obtinha suas informações, mas ele já fora

muito útil no passado.

- Espero que não esteja desperdiçando meu tempo, comentou Lonergan.

- Não creio que seja um desperdício de tempo. O que pensaria se eu lhe dissesse que há uma ligação entre a Casa Branca e a moça assassinada?

Havia um sorriso presunçoso na cara de Cooper. Frank Lonergan conseguiu encobrir sua empolgação.

- Continue.

- Cinco mil dólares?

- Mil.

- Dois mil.

- Negócio fechado. Conte tudo.

- Minha garota é telefonista no Monroe Arms.

- Como ela se chama?

- Joann McGrath.

Lonergan escreveu uma anotação.

- E daí?

- Alguém na Suíte Imperial fez uma ligação para a Casa Branca durante o tempo em que a garota estava lá.

Acho que o presidente está envolvido, dissera Leslie Stewart.

- Tem certeza?

- Absoluta.

- Vou verificar. Se for verdade, você receberá seu dinheiro. Mencionou isto para mais alguém?

- Não.

- Melhor assim. Não conte a ninguém. - Lonergan levantou-se. - Ficaremos em contato.

- Há mais uma coisa - murmurou Cooper.

Lonergan parou.

- O que é?

- Tem de me manter fora disso. Não quero que Joann saiba que falei com alguém.

- Não tem problema.

E Alex Cooper ficou sozinho, pensando na maneira como gastaria os dois mil dólares sem que Joann soubesse o que fizera.

A mesa telefônica do Monroe Arins ficava num cubículo por trás da recepção. Quando Lonergan entrou, segurando uma prancheta, Joann McGrath estava de serviço e dizia ao bocaclass="underline"

- Estou ligando para você.

Ela completou a ligação e olhou para Lonergan.

- O que deseja?

- Companhia Telefônica. - Lonergan mostrou uma identificação rapidamente. - Temos um problema aqui. JoAnn McGrath estava surpresa.

- Que tipo de problema?

- Alguém protestou contra a cobrança de ligações que não fez. - Ele fingiu consultar a prancheta. - Dia 15 de outubro. Foi cobrada uma ligação para a Alemanha, e a pessoa alega que não conhece ninguém na Alemanha. Está furiosa.

- Pois não sei de nada a respeito! - protestou Joann, indignada. - Nem me lembro de ter feito qualquer ligação para a Alemanha no mês passado.

- Tem o registro do dia 15?

- Claro.

- Eu gostaria de vê-lo.

- Está bem.

Ela tirou uma pasta de debaixo de uma pilha de papéis e entregou-a. A mesa telefônica zumbia. Enquanto Joann atendia as ligações, Lonergan examinou a pasta. Dia 12 de outubro... 13... 14... 16...

A página do dia 15 estava faltando.

Frank Lonergan esperava no saguão do Four Seasons quando Jackie Houston voltou da Casa Branca.

- Governadora Houston?

Ela virou-se.

- Pois não?

- Frank Lonergan. Trabalho no Washington Tribune. Quero lhe dizer o quanto todos nós lamentamos, governadora.

- Obrigada.

- Será que poderíamos conversar por um minuto?

- Não estou em condições de...

- Talvez eu possa ajudar. - Ele acenou com a cabeça para uma sala ao lado do saguão.

- Não podemos sentar ali por um momento?

Ela respirou fundo.

- Está bem.

Foram para a sala e sentaram.

- Soube que sua filha visitou a Casa Branca no dia em que...

Lonergan não foi capaz de concluir a frase.

- Isso mesmo. Ela... ela fazia uma excursão com colegas da escola. Estava muito empolgada com a perspectiva de conhecer o presidente.

Lonergan manteve a voz casuaclass="underline"

- Ela ia se encontrar com o presidente Russell?

- Ia, sim. Eu arrumei. Somos velhos amigos.

- E ela esteve com o presidente, governadora Houston?