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Tager murmurou, compreensivo:

- São os atributos do cargo.

- É verdade.

- Surgiu algo interessante.

- Sente-se.

Peter Tager sentou-se.

- O que sabe sobre os Emirados Árabes Unidos?

- Não muita coisa - respondeu Oliver. Cinco ou seis Estados árabes se juntaram há cerca de vinte anos e formaram uma coalizão.

- Sete. Uniram-se em 1971. Abu Dhabi, Fujaira, Dubai, Sharjah, Ras al-IKhaimah, Umm al-Qaiwan e Ajman. Quando começaram, não eram muito fortes, mas os Emirados foram extraordinariamente bem administrados. Hoje têm um dos mais altos padrões de vida do mundo. O produto interno bruto no ano passado foi superior a trinta e nove bilhões de dólares.

Oliver disse, impaciente:

- Posso presumir que há um sentido nessa conversa, Peter?

- Claro que pode. O chefe do conselho dos Emirados Árabes Unidos quer uma reunião com você.

- Está bem. Chamarei o secretário da Defesa...

- Hoje. Em particular.

- Fala sério? Eu não poderia...

- Oliver, o Majlis, o conselho deles, é uma das mais importantes influências árabes no mundo. Conta com o respeito de todas as outras nações árabes. Pode ser uma valiosa abertura. Sei que é heterodoxo, mas acho que deve se encontrar com eles.

- O Departamento de Estado teria um ataque se eu...

- Tomarei todas as providências necessárias.

Houve um longo silêncio.

- Onde eles querem se encontrar comigo?

- Eles têm um iate ancorado na baía de Chesapeake, perto de Annapolis. Posso levá-lo até lá com a devida discrição.

Oliver permaneceu calado por algum tempo. Depois, inclinou-se para a frente e apertou o botão do interfone.

- Cancele todos os meus compromissos para esta tarde.

O iate, um Feadship de 212 pés, estava atracado no cais. Estavam à sua espera. Todos os tripulantes eram árabes.

- Seja bem-vindo, senhor presidente. - Era Ali alFulani, o secretário de um dos Emirados Árabes Unidos. Suba, por favor.

Oliver embarcou e Ali al-Fulani fez sinal para um dos homens. O iate se afastou do cais poucos momentos depois.

- Vamos descer?

- Certo.

Onde posso ser assassinado ou seqüestrado. É a coisa mais estúpida que já fiz, refletiu Oliver. Talvez tenham me trazido até aqui para poderem desfechar o ataque contra Israel, deixando-me impossibilitado de ordenar a retaliação. Por que deixei Tager me persuadir a entrar nesta aventura?

Oliver seguiu Ali al-Fulani para o suntuoso salão principal, ornamentado ao estilo do Oriente Médio. Havia quatro árabes musculosos montando guarda no salão. Um homem de aparência imponente, sentado num sofá, levantou-se quando Oliver entrou.

Ali al-Fulani apresentou-o:

- Sr. presidente, sua majestade o rei Hamad de Ajman.

Os dois homens trocaram um aperto de mãos.

- E um prazer, majestade.

- Obrigado por ter vindo, sr. presidente. Aceita um chá?

- Não, obrigado.

- Creio que chegará à conclusão de que esta visita valeu a pena. - O rei Hamad pôs-se a andar de um lado para outro.

- Sr. presidente, ao longo dos séculos, tem sido difícil, se não mesmo impossível, transpor os problemas que nos dividem...

filosóficos, lingüísticos, religiosos, culturais. São esses os motivos pelos quais têm ocorrido tantas guerras em nossa parte do mundo. Se os judeus confiscam a terra de palestinos, ninguém em Omaha ou Kansas é afetado. Suas vidas continuam como sempre. Se uma sinagoga em Jerusalém sofre um atentado a bomba, os italianos em Roma e Veneza não dão a menor atenção.

Oliver se perguntou aonde aquela conversa levaria. Era o aviso de uma guerra iminente?

- Só há uma parte do mundo que sofre com todas as guerras e o derramamento de sangue no Oriente Médio. E essa parte é o Oriente Médio. - Ele sentou-se diante de Oliver.

- É tempo de pormos um paradeiro a esta loucura.

Vai começar, pensou Oliver.

- Os chefes dos Estados árabes e o Majlis me autorizaram a lhe apresentar uma proposta.

- Que tipo de proposta?

- Uma proposta de paz.

Oliver piscou, aturdido.

- Paz?

- Queremos fazer a paz com seu aliado, o Estado de Israel. Seus embargos contra o Irã e outros países árabes têm nos custado incontáveis bilhões de dólares. Queremos acabar com isso. Se os Estados Unidos atuarem como o patrocinador, os países árabes, inclusive Irã, Líbia e Síria, concordarão em sentar-se a uma mesa de reunião e negociar um tratado de paz permanente com Israel.

Oliver estava espantado. Quando recuperou a voz, disse:

- Estão fazendo isso porque...

- Eu lhe asseguro que não é por amor aos israelenses ou aos americanos. É do nosso próprio interesse. Muitos de nossos filhos foram mortos nesta loucura. Queremos que isso acabe. Já foi longe demais. Queremos ter liberdade para vender nosso petróleo ao mundo inteiro outra vez. Estamos dispostos a ir à guerra, se necessário, mas preferimos a paz.

Oliver respirou fundo.

- Acho que gostaria de tomar um chá.

- Eu gostaria que você tivesse participado - disse Oliver a Peter Tager.

- Foi incrível. Eles estão prontos para entrar em guerra, mas não querem. São pragmáticos. Querem vender seu petróleo ao mundo inteiro, e por isso querem a paz.

- É fantástico! - exclamou Tager, entusiasmado. Quando isso for divulgado, você se tornará um herói.

- E posso cuidar de tudo sozinho - comentou Oliver.

- Não preciso pedir a aprovação do Congresso. Terei uma conversa com o primeiro-ministro de Israel. Nós o ajudaremos a fechar um acordo com os países árabes. - Ele fez uma pausa, fitou Tager e acrescentou, pesaroso:

- Por alguns minutos ali, pensei que seria seqüestrado.

- Não havia a menor possibilidade - garantiu Tager.

- Pus um barco e um helicóptero para segui-lo.

- O senador Davis está aqui e deseja vê-lo, sr. presidente. Ele não tem hora marcada, mas diz que é urgente.

- Suspenda minha reunião seguinte e mande o senador entrar.

A porta se abriu e Todd Davis entrou no Salão Oval.

- É uma surpresa e tanto, Todd. Está tudo bem?

O senador Davis sentou-se.

- Está, sim, Oliver. Apenas achei que você e eu deveríamos ter uma conversinha.

Oliver sorriu.

- Eu tinha uma agenda lotada hoje, mas para você...

- Só vai demorar uns poucos minutos. Encontrei com Peter Tager. Ele me falou sobre a reunião com os árabes. Oliver tornou a sorrir.

- Não é maravilhoso? Parece que finalmente teremos paz no Oriente Médio. - Ele bateu com o punho na mesa.

- Depois de tantos anos! Vai ser por isso que minha administração será lembrada, Todd.

O senador Davis perguntou com uma voz suave:

- Pensou bem a respeito, Oliver?

Oliver franziu o rosto.

- Como assim?

- Paz é uma palavra simples, mas tem muitas ramificações. A paz não traz nenhum benefício financeiro. Quando há uma guerra, os países compram bilhões de dólares em armamentos, que são produzidos aqui nos Estados Unidos. Em tempos de paz, não há necessidade de comprar nada. Como o Irã não pode vender seu petróleo, os preços estão altos, e os Estados Unidos se beneficiam disso.

Oliver escutava com uma expressão de incredulidade.

- Todd... esta é a oportunidade única na vida!

- Não seja ingênuo, Oliver. Se realmente quiséssemos promover a paz entre Israel e os países árabes, já o teríamos feito há muito tempo. Israel é um país mínimo.

Qualquer um dos últimos presidentes poderia ter obrigado Israel a fazer um acordo com os árabes, mas todos preferiram manter as coisas como estavam. Não me entenda mal. Os judeus são ótimas pessoas. Trabalho com alguns deles no Senado.

- Não acredito que você possa...

- Acredite no que quiser, Oliver. Um tratado de paz agora não atenderia ao melhor interesse de nosso país. Não quero que leve isso adiante.