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- O jornal é meu, não dele. Mande rodar. Agora.

- Pois não, madame. - Ele pegou o telefone e fez uma ligação. - Vamos rodar.

Às sete e meia daquela noite, Barbara Gatlin e os outros do grupo preparavam-se para voltar à Casa Branca. Barbara Gatlin comentou, com alguma aflição na voz:

- Peço a Deus para que não seja necessário usar, mas, apenas como precaução, estou levando o mandado judicial para a prisão do presidente.

Trinta minutos depois, a secretária de Oliver avisou:

- A procuradora Gatlin e os outros estão aqui.

- Mande-os entrar.

Oliver, muito pálido, observou-os quando entraram no Salão Oval. Jan se postava ao seu lado, apertando sua mão com toda força. Barbara Gatlin perguntou:

- Está pronto para responder às nossas perguntas agora, sr. presidente?

Oliver acenou com a cabeça.

- Estou.

- Sr. presidente, Chloe Houston tinha um encontro marcado para vê-lo no dia 15 de outubro?

- Tinha.

- E recebeu-a?

- Não. Tive de cancelar.

O telefonema ocorrera pouco antes das três horas da tarde.

- Querido, sou eu. Estou sozinha na cabana em Maryland, com muita saudade de você. Neste momento estou na beira da piscina, nua.

- Precisamos tomar uma providência imediata a respeito.

- Quando pode escapar?

- Estarei aí dentro de uma hora.

Oliver virou-se para o grupo.

- Mas se o que estou prestes a lhes dizer sair desta sala, causaria um dano irreparável à presidência e às nossas relações com outro país. Faço isso com a maior relutância, mas vocês não me deixaram opção.

Enquanto o grupo olhava, espantado, Oliver foi até uma porta lateral e abriu-a. Sylvia Picone entrou na sala.

- Esta é Sylvia Picone, a esposa do embaixador italiano. No dia 15 de outubro, a sra. Picone e eu estivemos juntos em sua cabana em Maryland, de quatro horas da tarde até duas horas da madrugada. Não sei absolutamente nada sobre o assassinato de Chloe Houston, ou qualquer das outras mortes.

Dana entrou na sala de Tom Hawkins.

- Tom, estou em cima de um caso muito interessante. Antes de Frank Lonergan ser assassinado, ele esteve na casa de Carl Gorman, um recepcionista no Monroe Arms Hotel. Gorman morreu num suposto acidente de barco. Ele morava com a irmã. Eu gostaria de levar uma equipe até lá e fazer um segmento gravado para o noticiário das dez horas da noite.

- Acha que não foi um acidente?

- Há coincidências demais.

Tom Hawkins pensou por um momento.

- Está bem. Vou providenciar.

- Obrigada. Aqui está o endereço. Vou me encontrar com a equipe lá. Quero passar em casa antes para trocar de roupa.

Ao entrar em seu apartamento, Dana experimentou a súbita sensação de que havia algo errado. Era um sentido que desenvolvera em Sarajevo, um alerta para o perigo.

Alguém estivera ali. Ela circulou pelo apartamento devagar, verificou os armários com a devida cautela. Nada desaparecera. É minha imaginação, disse Dana para si mesma. Mas ela própria não acreditava nisso.

Quando chegou à casa em que morava a irmã de Carl Gorman, Dana encontrou o veículo da emissora já estacionado ali. O ENG era um furgão enorme, com uma antena grande no teto e sofisticados equipamentos eletrônicos no interior. Andrew Wright, o técnico de som, e Vernon Mills, o câmera, esperavam por ela.

- Onde vamos fazer a entrevista? - perguntou Mills.

- Quero fazer dentro da casa. Chamarei vocês quando estivermos prontas.

- Combinado.

Dana foi até a porta da frente e bateu. Marianne Gorman abriu a porta.

- o que deseja?

- Sou...

- Ah, sei quem você é! Já a vi na televisão.

- Podemos conversar um pouco?

Marianne Gorman hesitou.

- Entre.

Dana seguiu-a para a sala de estar. Marianne Gorman ofereceu-lhe uma cadeira.

- É sobre meu irmão, não é? Ele foi assassinado. Tenho certeza.

- Quem o matou?

Marianne Gorman desviou os olhos.

- Não sei.

- Frank Lonergan esteve aqui?

Os olhos da mulher se contraíram.

- Ele me enganou. Eu disse onde poderia encontrar meu irmão e... - os olhos dela se encheram de lágrimas. - Agora Carl está morto.

- Sobre o que Lonergan queria falar com seu irmão?

- Ele disse que era da receita federal.

Dana estudou-a por um instante.

- Será que se importaria se eu fizesse uma pequena entrevista com você para a televisão? Pode apenas dizer umas poucas palavras sobre o assassinato de seu irmão e o que pensa do crime nesta cidade.

Marianne Gorman acenou com a cabeça.

- Acho que não tem problema.

- Obrigada.

Dana foi até a porta da frente, abriu-a e acenou para Vernon Mills. Ele pegou a câmera e encaminhou-se para a casa, seguido por Andrew Wright.

- Nunca fiz nada parecido antes - comentou Marianne.

- Não precisa ficar nervosa. Levará apenas uns poucos minutos.

Vernon entrou na sala com a câmera.

- Onde você quer filmar?

- Faremos tudo aqui mesmo, na sala. - Ela acenou com a cabeça para um canto. - Pode pôr a câmera ali. Vernon ajeitou a câmera no lugar indicado, depois voltou para Dana. Prendeu um pequeno microfone na blusa de cada mulher.

- Podem ligar no momento em que estiverem prontas para começar. - Ele largou o controle em cima de uma mesa.

Marianne Gorman disse:

- Não! Esperem um instante! Sinto muito. Eu... não posso fazer isso.

- Por quê? - perguntou Dana.

- É... é perigoso. Posso falar com você a sós?

- Claro. - Dana olhou para Vernon e Wright. - Deixem a câmera onde está. Eu os chamarei daqui a pouco.

Vernon acenou com a cabeça.

- Ficaremos esperando no carro.

Dana virou-se para Marianne Gorman.

- Por que é perigoso para você aparecer na televisão?

Marianne murmurou, relutante:

- Não quero que eles me vejam.

- Eles quem?

Marianne engoliu em seco.

- Carl fez uma coisa... uma coisa que não deveria ter feito. Foi morto por causa disso. E os homens que o mataram também tentarão me matar. - Ela tremia toda.

- O que Carl fez?

- Oh Deus! - exclamou Marianne. - Supliquei para que ele não fizesse!

- Não fizesse o quê? - insistiu Dana.

- Ele... ele escreveu uma carta de chantagem.

Dana ficou surpresa.

- Uma carta de chantagem?

- Isso mesmo. Acredite em mim, Carl era um homem honesto. Mas acontece que ele gostava... tinha gostos caros, e com seu salário não tinha condição de viver da maneira como queria. Não pude impedi-lo. Ele foi assassinado por causa daquela carta. Sei disso. Descobriram onde ele estava, e agora sabem onde eu moro. Vão me matar. - Marianne chorava agora.

- Vão me matar também.

- Fale-me sobre a carta.

Marianne Gorman respirou fundo.

- Meu irmão ia viajar em férias. Esqueceu um casaco que queria levar na viagem e voltou ao hotel para buscá-lo. Pegou o casaco e já estava em seu carro, na garagem subterrânea, quando a porta do elevador privativo da Suíte Imperial abriu. Carl me disse que viu um homem sair. E se surpreendeu ao vê-lo ali. Ficou ainda mais surpreso quando o homem voltou ao elevador e limpou suas impressões digitais. Carl não podia imaginar o que estava acontecendo. Mas depois... no dia seguinte ele leu sobre o assassinato da pobre moça, e compreendeu que fora aquele homem que a matara.

Marianne hesitou.

- Foi quando ele resolveu mandar a carta para a Casa Branca.

Dana repetiu, devagar:

- Para a Casa Branca?

- Isso mesmo.

- E para quem ele mandou a carta?

- Para o homem que viu na garagem. Sabe quem é... aquele que usa uma venda preta. Peter Tager.

Através das paredes da sala, ele podia ouvir o som do tráfego na Pennsylvania Avenue, fora da Casa Branca, e voltou a ter consciência do lugar em que se encontrava.

Revisou tudo o que estava acontecendo, e concluiu que se achava seguro. Oliver Russell seria preso pelos assassinatos que não cometera, Melvin Wicks, o vice-presidente, assumiria a presidência. o senador Davis não teria qualquer dificuldade para controlar o vice-presidente Wicks. E não há nada para me ligar a qualquer das mortes, pensou Tager.