- Olhe só para isto, Matt! - A voz era exultante.
- Leslie... tenho uma notícia para você. Há...
- Esta é toda a notícia de que preciso. - Ela acenou com a cabeça, presunçosa.
- Eu disse que você voltaria. Não conseguiu ficar longe, não é mesmo? Isto era grande demais para você se afastar, não é? Você precisa de mim, Matt. Sempre vai precisar.
Ele ficou imóvel, olhando para ela, e especulou: o que aconteceu para transformá-la numa mulher assim? Mas ainda não é tarde demais para salvá-la.
- Leslie...
- Não fique constrangido porque cometeu um erro - declarou Leslie, complacente.
- O que queria me dizer?
Matt Baker fitou-a em silêncio por um longo tempo.
- Eu queria dizer adeus, Leslie.
Ela observou-o se virar e sair da sala.
- O que vai acontecer comigo? - perguntou Marianne Gorman.
- Não se preocupe. Você será protegida.
Dana tomou uma decisão rápida.
- Marianne, vamos fazer uma entrevista ao vivo e entregarei a fita ao FBI. Assim que terminarmos a entrevista, eu a tirarei daqui.
Lá fora, um carro parou rangendo os pneus. Marianne foi até a janela.
- Oh, não!
Dana foi postar-se ao lado dela.
- O que foi?
Sime Lombardo saía do carro. Olhou para a casa, depois encaminhou-se para a porta. Marianne balbuciou:
- Aquele... aquele é o homem que esteve aqui... perguntando sobre Carl... no dia em que Carl foi morto. Tenho certeza de que ele esteve envolvido em seu assassinato.
Dana pegou o telefone e fez uma ligação às pressas.
- Gabinete do sr. Hawkins.
- Nadine, tenho de falar com ele imediatamente.
- Ele não está. Deve voltar dentro de...
- Então chame Nate Erickson.
Erickson, o assistente de Hawkins, atendeu um momento depois.
- Dana?
- Nate... preciso de ajuda e depressa. Tenho uma noticia sensacional. Quero que você me ponha ao vivo agora.
- Não posso fazer isso - protestou Erickson. - Tom teria de autorizar.
- Não há tempo para isso! - explodiu Dana.
Pela janela, Dana viu Sime Lombardo se aproximando da porta.
No caminhão da TV, Vernon Mills olhou para seu relógio.
- Vamos fazer essa entrevista ou não? Tenho um compromisso.
Dentro da casa, Dana dizia ao telefone:
- É uma questão de vida e morte, Nate. Você tem de me pôr ao vivo. Pelo amor de Deus, faça isso agora!
Ela bateu o telefone, foi até o aparelho de televisão e ligou no Canal Seis. Estava transmitindo um seriado melodramático. Um homem mais velho falava com uma moça.
- Você nunca me compreendeu de verdade, não é, Kristen?
- A verdade é que eu o compreendo bem demais. E por isso que quero o divórcio, George.
- Existe outro?
Dana seguiu apressada para o quarto e ligou o aparelho de televisão ali.
Sime Lombardo bateu na porta da frente.
- Não abra! - advertiu Dana a Marianne.
Ela verificou se o microfone estava funcionando. As batidas na porta tornaram-se mais altas.
- Vamos sair daqui! - sussurrou Marianne. - Pelos fundos...
Nesse momento, a porta da frente foi arrombada e Sime Lombardo avançou pela sala. Ele fechou a porta e olhou para as duas mulheres.
- É muita sorte ter encontrado as duas juntas...
Desesperada, Dana olhou para o aparelho de televisão.
- Se há outro, George, a culpa é sua.
- Talvez eu seja mesmo culpado, Kristen.
Sime Lombardo tirou do bolso uma pistola semi-automática calibre 22 e começou a atarraxar um silenciador no cano.
- Não! - gritou Dana. - Você não pode...
Sime ergueu a arma.
- Cale a boca! Para o quarto... vamos logo!
Marianne balbuciou:
- Oh, meu Deus!
- Escute... - disse Dana. - Podemos...
- Eu mandei calar a boca. E agora mexa-se. Dana olhou para o aparelho de televisão.
- Sempre acreditei numa segunda chance, Kristen. Não quero perder o que tivemos... o que podemos ter de novo. As mesmas vozes ecoavam do aparelho no quarto.
- Eu mandei irem para o quarto! - gritou Sime. Vamos acabar logo com isso!
Enquanto as duas mulheres em pânico davam um passo hesitante na direção do quarto, uma luz vermelha acendeu de repente na câmera no canto. As imagens de Kristen e George sumiram da tela e um locutor disse:
- Interrompemos este programa para transmitir ao vivo um acontecimento extraordinário na área de Wheaton.
A cena do seriado deu lugar na tela à sala de estar da casa dos Gormans. Dana e Marianne apareceram em primeiro plano, com Sime ao fundo. Sime parou, confuso, ao se ver na tela da televisão.
- Mas... mas o que é isso?
No caminhão, os técnicos viram quando a nova imagem surgiu na tela.
- Ei, estamos ao vivo! - gritou Vernon Mills.
Dana olhou para a tela e fez uma prece silenciosa. Virou-se para a câmera.
- Aqui é Dana Evans, transmitindo ao vivo da casa de Carl Gorman, que foi assassinado há poucos dias. Estamos entrevistando um homem que tem informações sobre esse assassinato.
Ela virou-se para Sime Lombardo.
- Muito bem... pode nos contar o que aconteceu exatamente?
Lombardo estava paralisado, vendo-se na tela da TV, a passar a língua pelos lábios.
- Ei!
Ele ouviu sua imagem dizer na tela: "Ei!" Também viu sua imagem se mover, quando avançou para Dana.
- Mas... o que está fazendo? Que truque é esse?
- Não há truque algum. Estamos no ar, ao vivo. Dois milhões de espectadores assistem a nós.
Lombardo viu sua imagem na tela se apressar em guardar a pistola no bolso. Dana lançou um olhar para Marianne Gorman, depois fitou Sime Lombardo nos olhos:
- Peter Tager está por trás do assassinato de Carl Gorman, não é mesmo?
No Edifício Daly, Nick Reese estava em sua sala quando um assistente entrou correndo.
- Depressa! Dê uma olhada nisso! Eles estão na casa de Gorman!
O assistente ligou a televisão no Canal Seis e a imagem surgiu na tela.
- Peter Tager mandou você matar Carl Gorman?
- Não sei do que está falando. Desligue a porra desse aparelho de televisão antes que eu...
- Antes que você o quê? Vai nos matar na frente de dois milhões de pessoas?
- Essa não! - gritou Nick Reese. - Mande algumas radiopatrulhas para lá o mais depressa possível!
Na Sala Azul, na Casa Branca, Oliver e Jan assistiam à transmissão da WTE, perplexos.
- Peter? - murmurou Oliver. - Não posso acreditar!
A secretária de Peter Tager entrou apressada em sua sala.
- Sr. Tager, acho que é melhor ligar a televisão no Canal Seis.
Ela fitou-o com evidente nervosismo e tornou a sair. Peter Tager ficou aturdido.
Pegou o controle remoto e apertou um botão, ligando o aparelho de televisão. Dana estava dizendo:
- E Peter Tager não foi também o responsável pela morte de Chloe Houston?
- Não sei de nada sobre isso. Terá de perguntar a Tager. Peter Tager olhou para a tela em total incredulidade. Isto não pode estar acontecendo! Oh, Deus, não faça isso comigo!
Ele se levantou de um pulo e se encaminhou apressado para a porta.
- Não deixarei que me peguem! Vou me esconder!
Mas ele logo parou.
- Onde? Onde posso me esconder?
Tager voltou devagar para trás da mesa, arriou na cadeira. Esperando.
Em sua sala, Leslie Stewart assistia à entrevista, em choque. Peter Tager? Não! Não! Não! Leslie pegou o telefone e apertou um número.
- Lyle, suspenda a edição do jornal! Não deve sair! Está me ouvindo?
Mas ela ouviu-o dizer pelo telefone:
- Srta. Stewart, a edição saiu para as ruas há meia hora. Disse...
Lentamente, Leslie repôs o fone no gancho. Olhou para a manchete do Washington Tribune: MANDADO DE PRISÃO POR HOMICÍDIO APRESENTADO AO PRESIDENTE RUSSELL. Depois, olhou para a primeira página emoldurada na parede: DEWEY DERROTA TRUMAN. Será ainda mais famosa do que é agora. O mundo inteiro vai conhecer seu nome. No dia seguinte, ela seria alvo do escárnio do mundo.