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Mas não preciso disso, assegurou Oliver a si mesmo. De jeito nenhum. Vou casar com uma mulher maravilhosa. E faremos um ao outro felizes. Muito felizes.

Quando Oliver chegou na base da TransAir ExecuJet, no aeroporto Le Bourget, em Paris, encontrou uma limusine à espera.

- Para onde vamos, sr. Russell? - perguntou o motorista.

Ah, antes que eu me esqueça, reservei um quarto para você no Ritz. Jan estava no Ritz. Seria mais sensato se eu fosse para um hotel diferente, o Plaza Athénée ou o Meueice, pensou Oliver.

O motorista continuava a fitá-lo, aguardando a instrução.

- O Ritz - respondeu Oliver.

O mínimo que podia fazer era pedir desculpas a Jan.

Ele telefonou para Jan do saguão.

- Sou eu, Oliver. Estou em Paris.

- Eu já sabia - respondeu Jan.- Papai me ligou.

- Estou no saguão. Gostaria de cumprimentá-la, se você...

- Suba.

Quando entrou na suíte de Jan, Oliver ainda não sabia direito o que dizer. Jan o esperava na porta. Permaneceu parada ali por um momento, sorrindo, depois o abraçou e apertou com força.

- Papai me contou que você viria para cá. Não imagina como estou contente!

Oliver ficou imóvel, desorientado. Teria de falar sobre Leslie, mas precisava encontrar as palavras certas. Sinto muito pelo que aconteceu conosco... Nunca tive a intenção de magoá-la... Eu me apaixonei por outra... mas sempre vou...

- Eu... tenho de lhe contar uma coisa - murmurou ele, contrafeito.

- A verdade é que... E enquanto fitava Jan, Oliver pensou nas palavras do pai dela: Eu lhe prometi uma ocasião que poderia se tornar presidente dos Estados Unidos. Pois saiba que falei a sério, que você poderia mesmo ser. E pense sobre esse poder Oliver, ser o homem mais importante do mundo, dirigindo o país mais poderoso do mundo. Não acha que vale a pena sonhar com isso?

- O que é, querido?

E as palavras se despejaram como se tivessem vida própria.

- Cometi um erro terrível, Jan. Fui um tolo. Eu a amo. E quero casar com você.

- Oliver!

- Quer casar comigo?

Não houve hesitação.

- Claro que quero, meu amor!

Ele pegou-a no colo, carregou-a para a cama. Momentos depois, estavam nus e Jan dizia:

- Não imagina como senti saudade de você, querido.

- Devo ter perdido o juízo...

Jan comprimiu-se contra ele e balbuciou:

- Ah, como é maravilhoso...

- Isso acontece porque pertencemos um ao outro.

Oliver sentou-se na cama.

- Vamos dar a notícia a seu pai.

Ela fitou-o nos olhos, surpresa.

- Agora?

- Isso mesmo.

E eu terei de contar a Leslie.

Quinze minutos depois, Jan estava falando com o pai.

- Oliver e eu vamos casar!

- É uma notícia maravilhosa, Jan. Eu não poderia ficar mais surpreso ou satisfeito. Por falar nisso, o prefeito de Paris é um velho amigo meu. Está esperando seu telefonema. Ele os casará na prefeitura. Cuidarei para que tudo seja acertado.

- Mas...

- Ponha Oliver na linha.

- Só um instante, papai. - Jan estendeu o fone para Oliver - Ele quer falar com você.

Oliver atendeu.

- Todd?

- Você me deixou muito feliz, meu rapaz. Fez a coisa certa.

- Obrigado. Sinto a mesma coisa.

- Estou providenciando para que você e Jan casem em Paris. E quando voltarem, terão um grande casamento na igreja aqui. Na Capela do Calvário.

Oliver franziu o rosto.

- Na Capela do Calvário? Eu... hã... acho que não é uma boa idéia, Todd. Era ali que Leslie e eu...

- Por que não...?

A voz do senador Davis tornou-se fria.

- Você envergonhou minha filha, Oliver, e tenho certeza que quer compensar essa situação. Estou certo?

Houve uma longa pausa.

- Claro que está, Todd.

- Obrigado, Oliver. Espero vocês aqui em poucos dias. Temos muito que conversar sobre... a eleição para governador...

O casamento em Paris foi uma breve cerimônia civil no gabinete do prefeito. Quando acabou, Jan olhou para Oliver e disse:

- Papai quer nos oferecer um casamento religioso na Capela do Calvário.

Oliver hesitou, pensando em Leslie e no que isso representaria para ela. Mas fora longe demais para recuar agora.

- Como ele quiser.

Oliver não conseguia tirar Leslie dos pensamentos. Leslie nada fizera para merecer o que ele estava lhe fazendo. Vou telefonar para ela e explicar. Mas cada vez que pegava no telefone, ele pensava: Como posso explicar? O que posso dizer a ela? E ele não tinha resposta. Finalmente tomou coragem para ligar, mas a imprensa a alcançara primeiro e ele se sentiu ainda pior depois.

No dia seguinte ao retorno de Oliver e Jan a Lexington, a campanha eleitoral de Oliver recuperou todo o vigor anterior. Peter Tager acionou a máquina e Oliver tornou-se outra vez uma presença constante na televisão, rádio e jornais. Falou para uma enorme multidão no Kentucky Kingdom Thrill Park, comandou um comício na fábrica da Toyota em Georgetown. Falou no vasto centro comercial em Lancaster. E isso foi apenas o começo.

Peter Tager organizou um ônibus de campanha para levar Oliver por todo o Estado. Ele foi de Georgetown para Stanford, parou em Frankfort... Versailles... Winchester... Louisville. Falou na Feira do Kentucky e no Centro de Exposições. Em homenagem a Oliver, serviram burgoo, o tradicional ensopado do Kentucky feito de galinha, vitela, carne de boi, cordeiro e porco, uma ampla variedade de legumes frescos, tudo cozinhado num enorme caldeirão, sobre uma fogueira.

Os índices de Oliver nas pesquisas não paravam de subir. A única interrupção na campanha foi causada por seu casamento. Ele avistou Leslie no fundo da igreja e sentiu alguma apreensão. Conversou a respeito com Peter Tager.

- Não acha que Leslie tentaria fazer alguma coisa para me prejudicar, não é?

- Claro que não. E mesmo que ela quisesse, o que poderia fazer? Esqueça-a.

Oliver sabia que Tager tinha razão. Tudo corria às mil maravilhas. Não havia razão para se preocupar. Nada poderia detê-lo agora. Absolutamente nada.

Na noite da eleição, Leslie Stewart sentou sozinha em seu apartamento, diante da tevê, acompanhando a apuração. Distrito por distrito, a vantagem de Oliver se ampliava cada vez mais. Finalmente, quando faltavam cinco minutos para a meia-noite, o governador Addison apareceu para fazer seu discurso de reconhecimento da derrota. Leslie desligou a televisão. Levantou-se e respirou fundo.

Não chore mais, minha dama, Oh, não chore mais por hoje! Vamos cantar pelo velho Kentucky, a nossa terra, o nosso lar distante.

Estava na hora.

O senador Todd Davis estava tendo uma manhã movimentada. Voara da capital para Louisville para passar o dia, a fim de participar de uma venda de puros-sangues.

- É preciso manter as linhagens - explicou ele para Peter Tager, enquanto observavam os esplêndidos cavalos entrando e saindo da enorme arena. - É isso o que conta, Peter.

Uma linda égua estava sendo levada para o centro da arena.

- Aquela é Sail Away - murmurou o senador - Eu a quero.

O leilão foi concorrido, mas dez minutos depois, quando acabou, Sail Away pertencia ao senador Davis. O telefone celular tocou. Peter Tager atendeu.

- Alô?

Ele escutou por um momento, depois virou-se para o senador.

- Quer falar com Leslie Stewart?

O senador Davis franziu o rosto. Hesitou por um momento, depois pegou o telefone que Tager estendia.

- Como vai, srta. Stewart?

- Lamento incomodá-lo, senador Davis, mas será que poderíamos nos encontrar? Preciso de um favor.