Выбрать главу

Assim, era isso o que ele desejava fazer. Hagen notou a mudança em Don Corleone. Este recebeu Brasi como um rei que saúda um súdito que lhe prestou um enorme serviço, jamais com familiaridade, mas com um respeito real. Por meio de cada gesto, de cada palavra, Don Corleone tornava claro a Laca Brasi que ele tinha valor. Nem por um momento mostrou-se surpreso pelo fato de lhe ser entregue pessoalmente o presente de casamento. Ele compreendia.

O dinheiro contido no envelope era certamente mais do que qualquer outra pessoa teria dado. Brasi gastara muitas horas decidindo sobre a quantia, comparando-a com que os outros convidados deveriam oferecer. Ele queria ser o mais generoso para mostrar que era o que tinha mais respeito, e esse o motivo por que ele entregara o envelope pessoalmente a Don Corleone, uma gafe que este perdoava por meio de sua própria enternecida frase de agradecimento. Hagen viu o rosto de Laca Brasi perder a sua máscara de fúria, pleno de orgulho e prazer. Brasi beijou a mão de Don Corleone, antes de sair pela porta que Hagen mantinha aberta. Hagen prudentemente apresentou um sorriso amistoso a Brasi a que o homem atarracado correspondeu esticando delicadamente os seus lábios descorados.

Quando a porta se fechou Dou Corleone deu um pequeno suspiro de alivio. Brasi era o único homem no mundo que podia fazê-lo ficar nervoso. Ele era como urna força natural e sem autocontrole. Tinha de ser manejado tão cautelosamente como dinamite. Don Corleone deu de ombros. Podia-se explodir inofensivamente até dinamite se surgisse a necessidade. E olhou interrogadoramente para Hagen.

— Bonasera é o único que falta? — Hagen balançou a cabeça afirmativamente. Don Corleone franziu as sobrancelhas pensativamente. — Antes de trazê-lo — continuou — diga a Santino que venha aqui. Ele precisa aprender algumas coisas.

Saindo para o jardim, Hagen começou a procurar ansiosamente Sonny Corleone. Pediu a Bonasera que fosse paciente e esperasse mais um pouco, depois se dirigiu a Michael Corleone e sua pequena.

— Você viu Sonny por aí? — perguntou ele.

Michael balançou a cabeça negativamente. Diacho, pensou Hagen, se Sonny estivesse trepando com a dama de honra esse tempo todo, ia haver uma complicação danada. A mulher dele, a família da moça; seria um desastre. Ansiosamente ele se dirigiu às pressas para a entrada pela qual vira Sonny desaparecer quase meia hora antes.

Vendo Hagen entrar na casa, Kay Adams perguntou a Michael Corleone:

— Quem é aquele? Você o apresentou como seu irmão, mas o nome dele é diferente e certamente não parece italiano.

— Tom viveu conosco desde os doze anos de idade — respondeu Michael. — Os pais morreram e ele estava vagando pelas ruas com uma horrível inflamação no olho. Sonny o trouxe para uma noite e ele aí ficou. Não tinha lugar para onde ir. Viveu conosco até casar.

Kay Adams estava emocionada.

— Isto é realmente romântico — disse ela. — O seu pai deve ser um homem bondoso. Adotar alguém assim, quando já tem tantos filhos dele mesmo!

Michael não se preocupou em explicar que os imigrantes italianos consideravam quatro filhos uma família pequena

— Tom não foi adotado. Ele apenas vivia conosco — disse simplesmente.

— Oh! — exclamou Kay. — Por que vocês não o adotaram? — perguntou ela com curiosidade.

Michael riu.

— Porque meu pai disse que seria desrespeitoso para Tom mudar o nome dele. Desrespeitoso para os próprios pais dele.

Então viram Hagen empurrar Sonny, atrás da porta de vidro, para o escritório de Don Corleone e depois chamar com o dedo Amerigo Bonasera.

— Por que eles incomodaram o seu pai com negócios num dia como esse? — indagou Kay.

Michael riu novamente.

— Porque eles sabem que por tradição nenhum siciliano pode recusar um pedido no dia do casamento da filha. E nenhum siciliano deixa escapar uma oportunidade como essa.

Lucy Mancini levantou o longo vestido cor-de-rosa para não arrastar no chão e subiu a escada correndo. O rosto carregado de cupido de Sonny Corleone, avermelhado, obsceno e com luxúria de vinho, assustava-a, mas ela o provocara durante a última semana justamente para esse fim. Em dois casos de amor na escola, ela nada sentira e nenhum deles durou mais de uma semana. Ao brigar com seu segundo amor, ele resmungara algo acerca de ser ela “muito larga” Lucy entendera e pelo resto do período escolar recusara sair com qualquer outro rapaz.

Durante o verão, ao participar dos preparativos para o casamento de sua melhor amiga, Connie Corleone, Lucy ouvira as histórias murmuradas a respeito de Sonny. Uma tarde de domingo, na cozinha de Corleone, a esposa de Sonny, Sandra, falou francamente. Sandra era uma mulher rústica, de bom temperamento, que nascera na Itália, mas fora trazida para a América quando ainda muito pequena. Tinha uma compleição robusta, com seios enormes, e já tivera três filhos em cinco anos de casada. Sandra e as outras mulheres atormentavam Connie contando os terrores do leito nupcial.

— Meu Deus — falava Sandra rindo — quando vi a vara de Sonny pela primeira vez e sabendo que ele ia meter aquilo em mim, gritei com medo. Depois do primeiro ano, minhas entranhas estavam tão moles como macarrão que cozinhou durante uma hora. Quando eu soube que ele andava com outras moças, fui à igreja e acendi uma vela.

Todas elas riram, mas Lucy sentira sua carne contorcendo-se entre as pernas.

Agora, à medida que ela subia a escada em direção a Sonny, um tremendo ardor de desejo percorria-lhe o corpo. No patamar, Sonny agarrou-a e empurrou-a pelo corredor para um quarto vazio. As pernas dela fraquejaram quando a porta se fechou atrás deles. Ela sentiu a boca de Sonny na sua, os lábios dele com gosto de fumo queimado, amargo. Abriu a boca. Nesse momento, ela sentiu a mão dele subindo por baixo do seu vestido, ouviu o ruído de material cedendo, sentiu a mão quente dele entre as suas pernas, rasgando- lhe as calcinhas de cetim para acariciar-lhe a vulva. Ela passou-lhe os braços em torno do pescoço e pendurou-se aí enquanto ele desabotoava as calças. Depois, ele pôs as duas mãos por baixo das nádegas nuas de Lucy e levantou-a. Ela deu um pequeno salto no ar de forma que as pernas se enroscaram em torno das coxas dele. A língua de Sonny estava na boca da moça e ela chupava-a. Ele deu um impulso selvagem que a fez bater com a cabeça na porta. Ela sentiu qualquer coisa queimando passar-lhe pelas coxas. Deixou cair o braço direito do pescoço dele e o abaixou para guiá-la. Sua mão fechou-se em torno de uma enorme vara comprida feita de músculos e intumescida de sangue. Pulsava em sua mão como um animal, e quase chorando de êxtase e prazer, ela introduziu-a em sua própria carne túrgida, úmida. O impulso da penetração desse objeto e a sensação incrível fizeram-na respirar ofegantemente. Alucinada de prazer, Lucy, sem perceber, passara as pernas quase na altura do pescoço de Sonny, e depois, como uma aljava, o seu corpo passou a receber as setas selvagens dos impulsos relampejantes dele; inúmeros, torturantes, arqueando sua pelve cada vez mais profundamente até que pela primeira vez na vida ela atingiu um clímax despedaçante, sentiu a firmeza dele fraquejar e o formigante escorrer de sêmen pelas coxas. Lentamente suas pernas se desprenderam do corpo dele e deslizaram para baixo até alcançar o chão. Eles estavam inclinados um sobre o outro, sem respiração.

Deve ter transcorrido algum tempo, mas agora eles ouviram umas pancadas leves na porta. Sonny abotoou rapidamente as calças, enquanto bloqueava a porta para que não pudessem abri-la. Lucy freneticamente desamarrotou o vestido cor-de-rosa alisando-o com as mãos, os olhos piscando, mas a coisa que lhe dera tanto prazer estava escondida dentro de um pano preto. Tinham ouvido a voz de Hagen.