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O Restaurante do fim do Universo [Douglas Adams]

Tradução: Aguinaldo Anselmo

editora brasiliense

1987

Copyright© Douglas Adams, 1980. Publicado

em 1980 por Pan Books Lld.

Título originaclass="underline"

The restaurant at the end of the Universe.

Indicação editoriaclass="underline" Geraldo Galvão Ferraz

Revisão:

Mário R. Q. Moraes

A Jane e James

com muitos agradecimentos

a Geoffrey Perkins por realizar o Improvável

a Paddy Kingsland, Lisa Braun e Alick Hale Munro

por o ajudarem

a John Lloyd por sua ajuda com o scritp original dos Milliways a Simon Brett por começar a coisa toda ao álbum de Paul Simon One Trick Pony que toquei incessantemente enquanto escrevia este livro.

Cinco anos é tempo demais

E com agradecimentos muito especiais a Jacqui Graham por infinita paciência, bondade e comida nas adversidades

Há uma teoria que diz que se um dia alguém descobrir exatamente qual é o propósito do Universo e por que ele está aqui, ele desaparecerá

instantaneamente e será substituído por algo ainda mais bizarro e inexplicável.

Há uma outra teoria que diz que isso já aconteceu.

CAPITULO 1

A estória até aqui:

No princípio o Universo foi criado.

Isso irritou muitas pessoas e foi amplamente encarado como um passo errado.

Muitas raças acreditam que ele tenha sido criado por alguma espécie de deus, embora os Jatravartids, habitantes de Viltvodle VI, acreditem que o Universo inteiro escorreu do nariz de um ser chamado Grande Resfriado Verde. Os Jatravartids, que vivem sob o medo perpétuo do tempo que chamam de Vinda do Grande Lenço Branco, são pequenas criaturas azuis com mais de cinqüenta braços cada, o que os torna um povo singular, por ter sido o único na história a inventar o desodorante aerossol antes da roda. A Teoria do Grande Resfriado Verde, no entanto, não é amplamente aceita fora de Viltvodle VI e assim, sendo o Universo o enigmático lugar que é, outras explicações vivem sendo procuradas.

Por

exemplo,

uma

raça

de

seres

pandimensionais

hiperinteligentes

construiu certa vez um supercomputador gigantesco chamado Pensador Profundo para calcular de uma vez por todas a Resposta à Questão Fundamental da Vida, do Universo e de Tudo.

Por sete milhões e meio de anos, Pensador Profundo computou e calculou, e por fim anunciou que a resposta de fato era Quarenta-e-dois — e assim outro computador ainda maior teve que ser construído para descobrir qual era a pergunta afinal.

E esse computador, que foi chamado de Terra, era tão grande que era frequentemente confundido com um planeta — especialmente pelos estranhos seres parecidos com macacos que perambulavam por sua superfície, totalmente ignorantes do fato de que eram simplesmente parte de um gigantesco programa de computador.

O que é muito estranho, pois sem o conhecimento desse fato básico e razoavelmente óbvio, nada do que acontecia na Terra poderia fazer o menor sentido.

Infelizmente, porém, pouco antes do momento crítico da conclusão do programa e leitura do resultado, a Terra foi inesperadamente demolida pelos vogons para dar lugar — era o que alegavam — a uma via expressa interestelar, e assim qualquer esperança de descoberta de um sentido para a vida se perdeu para sempre.

Ou era o que parecia.

Duas dessas estranhas criaturas parecidas com macacos sobreviveram. Arthur Dent escapou no último minuto graças a um velho amigo seu, Ford Prefect, que de repente se revelou proveniente de um pequeno planeta em algum lugar nas redondezas de Betelgeuse, e não de Guildford, como vinha alegando até então; e o que vinha mais ao caso, sabia pegar carona em discos voadores.

Tricia McMillan — ou Trillian — tinha dado o fora do planeta seis meses antes com Zaphod Beeblebrox, o então Presidente da Galáxia. Dois sobreviventes.

São tudo o que resta da maior experiência já conduzida — para descobrir a Questão Fundamental e a Resposta Fundamental da Vida, do Universo e de Tudo. E a menos de meio milhão de quilômetros de onde sua nave espacial desliza suavemente através da escuridão do espaço, uma nave vogon move-se lentamente em direção a eles.

CAPITULO 2

Como toda nave vogon, esta parecia mais uma matéria amorfa coagulada do que

fruto

de

um

projeto.

Os

desagradáveis

caroços

amarelos

e

as

protuberâncias que se estendiam em ângulos repugnantes sobre ela teriam desfigurado a aparência da maioria das espaçonaves, mas neste caso isso era tristemente impossível. Coisas mais feias já foram vistas pelos céus, mas não por testemunhas confiáveis.

Na verdade, para ver algo bem mais feio que uma nave vogon, você teria que ir lá dentro e olhar para um vogon. Se você for esperto, porém, isso é

precisamente o que você vai evitar, porque um vogon comum não vai pensar duas vezes antes de lhe fazer alto tão terrivelmente hediondo que você vai desejar nunca ter nascido — ou (se você for uma pessoa mais esclarecida) que o vogon nunca tivesse nascido.

Na verdade, um vogon comum provavelmente não ia pensar nem uma única vez. São criaturas burras, de pensamento curto, cérebros de lesma, e pensar não é

exatamente algo para que tenham aptidão especial. Uma análise anatômica de um vogon revela que seu cérebro era originalmente um fígado dispéptico deformado, fora de lugar. A coisa mais simpática que se pode dizer a respeito deles, portanto, é que sabem do que gostam, o que geralmente envolve ferir pessoas e, sempre que possível, zangar-se muito. Uma coisa de que não gostam é deixar um trabalho por terminar — este vogon, em particular, e — por diversas razões — este trabalho em particular. Este vogon era o Capitão Prostetnic Vogon Jeltz, do Conselho de Planejamento do Hiperespaço Galáctico, e tinha sido ele o responsável pela demolição do assim chamado "planeta" Terra.

Suspendeu seu corpo monumentalmente vil de sua cadeirinha desajeitada e observou a tela do monitor em que a espaçonave Coração de Ouro estava constantemente focalizada.

Pouco lhe importava que a Coração de Ouro, que era movida a Improbabilidade Infinita, fosse a mais bela e revolucionária nave já

construída. Estética e tecnologia eram livros fechados para ele e, se fosse o caso, livros queimados e enterrados também.

Importava-lhe ainda menos que Zaphod Beeblebrox estivesse a bordo. Zaphod Beeblebrox era agora o ex-Presidente da Galáxia, e embora todas as forças policiais da Galáxia estivessem nesse momento na perseguição tanto dele quanto da nave que ele tinha roubado, o vogon não estava interessado. Seu problema era outro.